Giga, você centraliza a problemática que o Espiritismo envolve, no seu ponto de vista, apenas na existência ou não dos Espíritos.
Certo que o conceito de Espírito, como a alma dos homens que viveram na Terra é fundamental, mas um prédio não tem serventia somente pelas suas fundações.
Um prédio vai além de suas fundações, correto, mas sem elas ele não existe... ou, se existe, soçobra ao primeiro ventinho...
Veja os princípios fundamentais do Espiritismo, tipo, pluralidade dos mundos habitados, causa e efeito, reencarnação, transmigração, mediunidade, evolução e progresso, etc
Vamos analisar...
Se são “princípios fundamentais” fazem parte dos alicerces...
Vamos analisar:
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pluralidade dos mundos habitados – alegação que já nasceu carcomida. Kardec foi buscar num discurso de Jesus que, nem de leve, toca em questões astronômicas, fundamento para a assertiva de que “todos os orbes agasalham vida”. Admiravelmente, mesmo tal concepção estar exaustivamente demonstrada insustentável, espíritas não se acanham de divulgá-la...
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causa e efeito – nesta Kardec foi inovador: misturou ensino de Jesus (“o que o homem semear isso ceifará”), ensino este desatrelado da ideia de reencarnação e o juntou com a concepção oriental do karma, resultado: sopa indigesta...
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transmigração - ou reencarnação? As múltiplas existências constitui hipótese de natureza religiosa, carecente de comprovação objetiva: concorre com a ideia de céu e inferno. O grande óbice contra tal suposição é a ausência de lembranças das imaginadas outras vidas. Esta aporia existe desde o primórdio do espiritismo e Rivail a enfrentou, e pensou tê-la solucionado: coitado...
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mediunidade – já sobejamente demonstrada sustentada apenas por evidências subjetivas, ou seja, depende da simpatia do crente pela conjetura, pois os “espíritos” são incapazes de darem mostras concretas de suas presenças entre os vivos, o que nos leva irrefreavelmente à conclusão de que mortos não comunicam.
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evolução e progresso - apenas uma inovação dada por Kardec na velha crença da transmigração das almas: agora elas voltam, mas não podem regredir, por isso a metempsicose é excluída do espiritismo. As vidas seguem em contínuo e indefinido progresso rumo à perfeição. Entretanto, como em cada existência acumulam novos débitos aos de outras vidas, a presente experiência existencial é um grão de areia num edifício que nunca termina.
A existência dos espíritos é a base do espiritismo.
Retire-se a base e o resto desaparece.
Está correto... mas a base real do espiritismo é a crença na comunicação entre vivos e mortos. A existência de espíritos é proposta comum a quase todas religiões e, embora, a mór parte delas apregoe manifestações do sobrenatural na natureza, o conceito de mediunidade é típico de apenas algumas, dentre as quais o kardecismo. Então, a rigor a declaração seria: tire a mediunidade (intercâmbio comunicacional entre falecidos e vivos) e o espiritismo desaba. Aliás, já está desabado, visto que defuntos, comprovadamente, não comunicam...