Parece então que precisamos definir o que seja "progresso moral":
é a síntese das modificações havidas no decorrer do tempo que resultaram no aperfeiçoamento da relação entre o Homem, suas Instituições, seu Bem-estar (welfare), seu Ambiente e sua Leis (Justiça).
Note então que o cerne é justo o que se entenda por "aperfeiçoamento" das...
Não se trata de discutir uma "evolução" da "moral" num senso, say, "termodinâmico": as modificações pelas quais passem os conceitos morais ao longo do tempo dentro das sociedades.
Mas sim que os idealistas desse dogma - claro: não precisa pôr religião nisso! - consideram como um "sentido" determinado pra "melhor".
Veja: quando resultar de novo conveniente pro welfare do grupo saquearem as aldeias d'outros grupos e escravizarem os mais aptos e ao mesmo tempo não os mais fortes ou ameaçadores (*), os humanos o farão de novo.
E pra esses idealistas - incluídos os kardecistas + xaverianistas (2057) nisso...- essa opção não existe. Seria "um retrocesso" "moral" contradizendo o dogma da "loi du progrès".
Es decir: sua observação é correta mas ignora que esse dogmatismo - certes... certes: não necessariamente religioso - tem um "sentido" teleológico, digamos. E um sentido uno, definido.
Percebe
(*) Ou quiçá cegarem esses e pô-los pra tarefas como ordenhar cabras, abrir buracos &c.:
Os Citas têm por hábito furar os olhos dos seus escravos, para utilizá-los na ordenha de animais, cujo leite consomem diariamente.
[História, livro IV (Melpômene) - II]
Muito caro Gorducho; não se deixe dominar pelo negativismo ante as possibilidades do ser humano. Os fatos que aponta destacando a crueldade, particularmente dos mais fortes enquanto grupo, acabam por se perderem no passado; senão, em terras distantes e isoladas da civilização.
Aqui entre nós, quando acontecem, violam as leis e são punidos severamente.
Não há dogmatismo, é fato observável desde que se retire dos olhos a venda do pessimismo.
Pessoas há - nem todas - que vitimadas por acontecimentos infelizes, temerosas em arrostar o futuro tornam-se compreensivelmente amargurosas.
Este é o caso típico em que uma
fé espiritualizada faz grande diferença.
Infelizmente, acredito eu, esta fé não seja artigo de fácil aquisição, pois demanda tempo, humildade e esforço de compreensão.
Nesta receita o ingrediente da dor costuma abreviar o processo, mas também corre-se o risco de gerar a revolta, o que nos distanciará da nobre aquisição.
Isto não é pregação religiosa, é fato diariamente observável.
A agiografia nos fornece inumeráveis exemplos como Ignácio de Loiola, Agostinho de Hipona e outros que depois de vida mundana se converteram até à santificação, na narrativa católica.