Moro é refém dos olavetes, acho que de Pontes ainda não ouvi nada, mas tenderá a incomodá-los e sofrer oposição, por não ser anti-ciência.
"Não excluível"? Guedes já havia ameaçado sair há pouco tempo. Por enquanto apenas rolaram cabeças da ala olavete, muito embora ao menos uma delas substituída também por outra, meio como uma medusa, mas não acredito que a outra ala tenha grande segurança de permanecer. Até pedido de impeachment para o vice-presidente ja' tem. Cento e poucos dias de "governo".
Essa história de que Olavo e seus alunos comandam até os principais superministérios não passa de fantasia. Fantasia sem qualquer base na realidade.
Bem, Moro tinha nomeado Ilona Szabó para sua equipe técnica, e teve que voltar atrás por causa do olavismo. A realidade é no mínimo essa, soma-se agora o pedido de impeachment a Mourão.
Se fosse verdade que Olavo e seus alunos-discípulos comandassem tão generalizadamente, sequer existiria uma ala militar tão numerosa no governo Bolsonaro.
Haver um grau elevado de influência não exclui a possibilidade ou mesmo a necessidade de ter se formado a numerosa ala militar. Mesmo que Bolsonaro fosse praticamente um fantoche completo de Olavo de Carvalho, o que não acho que é o que qualquer um sugere, para não existir uma ala militar, Olavo e olavetes precisariam ter sido muito bem articulados para conseguir nomes para todas as posições. Como enxergavam a necessidade de despetização, os militares eram uma fonte natural.
Quem conhece o mínimo sobre o pensamento de Olavo sabe que ele e ala militar brasileira não se dão bem e são inimigos ideologicamente.
Não sou nenhum expert, conheço mais do que eu gostaria de saber, e ao menos dentro dos últimos cinco anos ele dava apoio a idéia de intervenção militar para criação de uma democracia direta. Talvez de lá para cá tenha crescido uma aversão dele aos militares, ou mútua, se eles já soubessem significativamente de sua existência, não sei.
Isso mostra que mesmo Olavo e Bolsonaro são duas coisas distintas. Não é porque Bolsonaro leu um ou dois livros de Olavo que o ex-capitão tem uma relação guru-discípulo obediente com o escritor da Virgínia.
Não chega a tanto, mas não é nem só um discípulo, os filhos são todos olavetes, que não serão afastados do entorno de cargos para os quais não foram eleitos, pois são "sangue do meu sangue," disse Bolsonaro pai. Com os filhos devem se somar os fãs de todo o clã, e daí poderá haver um forte viés da percepção da opinião popular (ou do seu nicho) sobre a quem deve apoiar.
Diga-se de passagem, a ala olavista também tem a sub-ala monarquista, com integrantes como aquela ex-FEMEN. Não dá para se surpreender com nada nesse país, só com de repente ver algo razoável mesmo.
Sinceramente, não vejo como Mourão estar em clara vantagem de competência política em relação aos piores membros do governo Bolsonaro seja uma realização significativa. Aliás, contrastá-lo com o que há de pior acaba por maquiar seus defeitos, que são reais.
Eu não acho que o Mourão seja digno de qualquer idolatria. Mas ele parece que poderia ser um presidente do qual o Brasil não precisaria se envergonhar.
Ou que nos envergonharia muito menos.
É até meio doloroso pensar como teriam sido diferentes esses cento e poucos dias se, em algum momento antes da eleição, Bolsonaro tivesse dito algo como, "quer saber, não quero mais ser presidente dessa porra não! Tentaram me esfaquear, qual é! Vai se fuder!" e Mourão tivesse virado o candidato principal e sido eleito...
Ainda teria algum olavismo, Joice Hasselman, monarquistas... mas sei lá, acho que teriam suas dimensões reduzidas a eventuais notícias pitorescas... em meio a algo que em larga escala funcionaria melhor que a média para o Brasil. Nada de tuitagem de urofilia, elogios a ditadores estupradores pedófilos, etc.