Do mesmo modo que fazemos com bactérias que infeccionam a garganta…. Com exeção das pessoas que não tomam antibiótico por ser biocentrista ( alguém faz isso?), todo o resto da humanidade é antropocentrista segundo o seu conceito.
Não lembro de já ter visto gente dando importância a vírus senão por fobia (é, medo de vírus, já ouvi falar disso), mas há os que descem porrada quando vêem um pisoteando formigas ou que se amarram a uma árvore com uma serra-elétrica apontada. Puro emocional, não sentem pena de bactérias só porque não vêem.
Aliás, nessa questão de continuar a comparar feto com óvulo para indicar a barreira mágica que o cérebro cria, na verdade a maioria de nós mata insetos, que possuem cérebro, e dá quase a mesma importância que dá a bactérias.
Arghhh........ mas isso está realmente andando devagar.
O cérebro não cria uma "barreira mágica".
O estado do
cérebro humano é o critério para vida
humana, daí existir o termo "morte cerebral".
Com isso,
todos concordamos. Ou penso que sim. Alguém aqui é a favor do direito de se matar pessoas com cérebros formados e perfeitamente funcionais a não ser em situações bem peculiares e especiais (como legítima defesa)?
Não? Ótimo, então acho que podemos prosseguir sem a analogia com cérebros de insetos que matamos sem que seja uma grande questão moral, ou coisas parecidas. Porque eles não tem cérebros humanos.
Só daí, do fato de que se fala de "morte cerebral", já se poderia deduzir logicamente o "inverso", a "vida cerebral", e tomar quando ela começa como parâmetro.
Para somar pontos a favor dessa posição: abortos espontâneos já não são popularmente considerados homicídios culposos nem mesmo "abortos culposos" (e nem aborto é legalmente homicídio, diga-se de passagem), e boa parte das pessoas não é contrária ao aborto de fetos anencefálicos. Por que? Porque não têm cérebro, não tem "vida cerebral".
Mesmo abortos "dolosos" não são comumente tratados como abortos se forem, por exemplo, realizados através de "pílula do dia seguinte" ou outros métodos que são técnicamente abortivos (impedem o implante do embrião no útero, se não estou enganado) que são meio que assimilados pelas pessoas como anticoncepcionais, dado o estágio extremamente prematuro do aborto.
Durante alguns estágios de desenvolvimento embrionário e talvez fetal (nunca me lembro quando começa a ser chamado de feto exatamente), não há "vida cerebral", e é bem coerente que se pudesse aplicar a mesma lógica.
Eu vejo como incomparavelmente mais lógico que a confusão argumentativa de todas variantes de pró-vidas, com malabarismos e contorcionismos do tipo que o zigoto deve ser protegido enquanto o óvulo não porque o último é apenas haplóide, mas as outras células diplóides diversas não precisam ser igualmente defendidas porque não tem o mesmo potencial que o zigoto; ou que pode-se usar camisinha e matar espermatozóides mas não DIU porque não se pode matar os espermatozóides que já foram liberados na vagina e etc.
E de qualquer forma, voltando a comparações com outros seres, eu acho realmente um pouco pior matar um ser já mais formado, mesmo que não humano, como um pequeno mamífero, mesmo um rato, ou um pequeno pássaro, do que um zigoto ou embrião humano (ou não) parcamente organizado. Não chegaria a ponto de achar pior matar um inseto, na verdade seria nesse ponto apenas indiferente, ainda que não ache que se deva sair matando insetos por diversão, sem propósito. Não só pela sensação de dor, ainda que, se for necessário matar, tanto melhor fazer da forma mais indolor possível.
Sim, é um tipo de "vertebradocentrismo" e "desenvolvimentocentrismo", mas ao mesmo tempo é bastante lógico, de acordo com os preceitos morais e filosóficos mais comuns no ocidente. Para discutir isso acabariamos indo muito fora do tópico e tendo que se filosofar muito além do necessário, passando por coisas de niilismo, kantianismo, utilitarismo e muito mais provavelmente. Mas como eu já disse, é bem inútil já que é unânime que as pessoas com atividade cerebral devem ter suas vidas protegidas.
E se for para querer diminuir qualquer posição por ser qualquer-coisa-centrista, há que se lembrar que posição que defenda o zigoto e o óvulo não, é "fecundocentrista", algo simplesmente bem ilógico, praticamente surreal, pelos motivos que já expliquei anteriormente.