O que você achou da forma como o Pedro de Campos conduziu sua explanação até o ponto em que você pode ler?
Posso ser franco?
Foi bem típica dos textos espíritas. Apaixonada, floreada, prolixa, tendenciosa e, por que não dizer, ingênua.
Veja por exemplo este trecho de suas postagens no PE a partir de Sex, 31/Mar/2006 13:57
A palavra evolução pode ser definida como um acontecimento progressivo duma idéia, ocorrência ou ação. Ela expressa um movimento de avanço em que a substância passa de uma posição a outra mais elevada. Define, também, a transformação de um elemento em outro mais complexo, em que o novo torna-se sempre mais diferenciado daquele que lhe antecedeu.
Entretanto, em 1857, Hebert Spencer, e, dois anos depois, em 1859, Charles Darwin utilizaram a palavra evolução para definir um avanço progressivo da vida. Em decorrência disso, surgiu o termo evolucionismo, que expressa uma doutrina inicialmente filosófica e, posteriormente, cientifica denominada Teoria Evolucionista.
Os trechos que destaquei mostram, sem chegar a se comprometer por completo, a vontade de afirmar o dogma da evolução contínua. Essa é uma lamentável confusão; para os espíritas "evolução" é uma progressão irreversível de um estado "inferior" para outro "superior". O conceito darwinista de evolução é muito diferente, e tem a ver com adaptação ao ambiente, sem juízos de valor moral.
Esse é um ponto importante que merece ser ressaltado:
o evolucionismo não pretende decidir ou mesmo sugerir quem é mais ou menos digno, moral ou evoluído. A doutrina espírita, pelo contrário, não chega a lugar algum se não toma para si esse direito. Ela foi construída de tal forma que seus adeptos tem de escolher entre a arrogância ou a dúvida estéril.Darwin, nos estudos e viagens que realizou pelo mundo, reuniu uma série de argumentos e evidências contundentes, sugerindo que as espécies vivas geram outras espécies diferentes, num processo constante de transformação e progresso.
Embora fosse rejeitada de inicio, sua Teoria Evolucionista ganhou enorme impulso com a adesão de notáveis cientistas da época. Foram achados fósseis da espécie humana que remontavam milhares de milênios. Houve a comprovação cientifica de que o homem era produto de um evolucionismo, não um ser que houvera sido colocado pronto na Terra, como ensinado na Bíblia. Naquela ocasião, tal fato criou enorme polêmica, pois ele invalidava parte das Escrituras Sagradas, as quais eram tidas como verdades inquestionáveis.
Melhor dizendo, invalidou as interpretações literais de certos trechos da Bíblia.
O tempo e as novas descobertas cientificas encarregaram-se de demonstrar que Darwin estava certo, a ponto de hoje, em quase toda parte, sua teoria ser aceita e estudada não somente nas Universidades, mas por crianças que freqüentam o curso primário, dada a sua importância para o devido entendimento da origem da vida e do homem no planeta Terra.
Com o passar do tempo, o grande inconveniente que a Teoria evolucionista trouxe foi ter retirado a figura de Deus do cenário da criação, colocando em xeque todas as religiões criacionistas existentes. Ela considerou que a natureza, o surgimento da vida e o desenvolvimento das espécies foram tudo produto de um evolucionismo ocasional, em que a Inteligência Divina não atua.
Crer em Deus não implica necessariamente em ser Criacionista. Aliás, falar em "todas as religiões criacionistas existentes" é ligeiramente impróprio; empresta ao criacionismo uma importância religiosa que ele não tem realmente nem deveria ter. A origem da vida ou do universo é e sempre foi uma questão religiosa menor, sem importância prática. E religião, corretamente praticada, é uma atividade eminentemente prática.
Com a Teoria, o materialismo ergueu-se com força poderosa, enquanto as religiões desabaram por terra.
Isso é puro drama. Procura apresentar o materialismo e a religião como forças opostas e incompatíveis (o que não é sequer próximo da verdade) e o Evolucionismo de Darwin como algum tipo de rival perigoso da religiosidade (o que é ainda mais falso).
Embora as religiões criacionistas tivessem relutado muito no passado para aceitar a Teoria, hoje, de modo geral, diante de inúmeras evidências concretas que denotam sua exatidão em relação a certos fatos, as religiões viram-se obrigadas a aceitá-la, porém o fazem com graves restrições. O centro de discordância agora é a negação da existência de Deus por parte da Teoria.
A diferenciação das espécies não "nega a existência de Deus". Apenas mostra que não é preciso recorrer a ele com tanta frequência. Especificamente, mostra que os seres vivos se diferenciam naturalmente, sem que necessariamente haja um Criador sobrenatural.
As discordâncias iniciais relativas à criação do mundo e do homem estão agora em segundo plano; passaram a ser aceitas com menos relutância pelas religiões, pois foi considerado que tudo estava sendo interpretado muito ao pé da letra, quando deveria ser entendido o sentido figurado da Palavra Sagrada. Mas isso resolveu apenas parcialmente o problema. A existência Deus ainda continua em xeque.
A existência de Deus sempre esteve em xeque (e provavelmente sempre estará), mais por causa da Teodicéia e outras questões espinhosas do que por qualquer coisa ligada ao evolucionismo de Darwin.
Objetivando evitar o descrédito popular, os religiosos criacionistas têm tido grande desconforto para explicar suas contradições. Chegam a o pisar em terreno movediço e afundam ao não encontrar um ponto de apoio racional para elucidar questões religiosas colocadas em xeque. Não convencem, de modo algum, ao explicar como a alma é imaterial, que dizem ser criada no instante do nascimento, une-se a um corpo físico de outra natureza e comanda suas ações. Tampouco convencem ao explicar a lógica de a alma não evolucionar na Terra como os seres vivos, ficando estacionada no aprendizado obtido em uma única encarnação; portanto, não evolui.
Esse trecho em destaque é excelente para mostrar a confusão do autor. Ele não se conforma com a mortalidade do ser humano e não tem fé nos conceitos cristãos da ressurreição e do juízo final. Não reconhece o potencial de mudança e aprendizado que existe no período de toda uma vida humana.
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