A doutrina também diz, em termos muito claros, que negros africanos são menos evoluídos do que caucasianos e _por isso_ não são caucasianos. Isso me repugna. A alegação de que "um dia evoluirão" até chegar ao "mesmo nível" não me satisfaz.
Para começo de conversa, é muita ingenuidade achar que "evolução moral" é algo tão materialista e tão linear. E fazer associações com etnias é simplesmente enojante.
Pode lhe repugnar, enojar e não lhe satisfazer, como queira. Mas é uma hipótese como outra qualquer. Se a emoção não estivesse envolvida, vocês também compreenderiam isso e da análise fria da questão tiraríamos grande proveito. Mas esse assunto não é para o nosso tempo. Como Kardec não escreveu a sua obra somente para o seu tempo e nem para o nosso, ele se deu ao luxo de adentrar nesses assuntos. Com certeza essas questões serão maduramente discutidas em futuro próximo sem preconceitos e chiliques.
No dia em que a Doutrina Espírita deixar de lado essas bobagens e começar a se interessar por assuntos mais produtivos e menos racistas como, por exemplo, o que exatamente é comportamento moral e como resolver o conflito doutrinário entre a idéia de "carma" pessoal e a crença em um Deus abraâmico, terá andado metade do caminho para merecer meu respeito.
Não entendi a relação de conflito. Por acaso acreditamos no Deus abraâmico? E a nossa doutrina prioriza a reforma íntima.
Vejam bem. Não fui eu quem começou com esse assunto de preconceito e racismo. Esse assunto inclusive não me interessa. Não estou nem um pouco interessado em discutir se existem raças superiores ou inferiores na Terra e como é que cada uma estaria graduada na escala evolutiva. O mundo está aí, e quem quiser que o observe e tire as suas próprias conclusões. Ele não vai mudar porque não gostamos do jeito que ele é. Mas assim como vocês aqui se enojam com o preconceito e o racismo, eu também me enojo com a injustiça e com os golpes baixos. E a doutrina espírita está sendo acusada injustamente (a meu ver) de ser racista e preconceituosa. É justamente quanto a isso que não posso e não quero me calar. Muitos tem medo de discutir esse assunto, e a oposição tira bastante vantagens disso. Eu também tenho os meus receios, é verdade. Mas procuro fazer o meu melhor e não estou isento de erro. Que cada um julgue o valor das minhas opiniões e forme o seu juízo. Se eu encontrar uma refutação que considere digna de exame, eu retifico alguma idéia que coloquei. Isso ainda não passou nem perto de acontecer.
Já disse e repito: essas hipóteses são feias de se analisar no nosso momento histórico atual, mas gostem ou não, ainda são válidas. E elas não foram escritas com más intenções, muito pelo contrário. Basta analisar todo o restante da obra. E o que se tenta fazer atualmente é desacreditar todo o corpo de doutrina por causa dessa teoria que nem provada errada está. Podem ficar enjoados, enojados, vomitar, passar mal..., mas essas teorias, do jeito que estão atualmente expostas, todas elas, não desabonam a doutrina e não há ainda nenhum motivo razoável que justifique modificações ou ressalvas, ao contrário do que acontece com os erros astronômicos contidos na Gênese e que eu já admiti.
Meu interesse em discutir esse assunto é só até o limite de defesa da doutrina nos pontos em que eu pense que ela está sendo injustamente difamada. Mas concordo que existam assuntos mais produtivos para se discutir. O problema é que sempre que começam a discutir esses assuntos mais produtivos e começam a perder a argumentação, alguém desencava esses textos para desviar o assunto e tentar vencer o debate pelo argumento "politicamente correto", sem compromisso com a verdade. Isso é jogo sujo. Mas não tem problema. Faz parte do show.
Um abraço.