A quem o consumidor iria reclamar se fosse lesado? As empresas bem organizadas e sem limitações legais poderiam fazer o que bem entendessem. (…) Outra coisa, quem emitiria moeda?
Eu já disse, ao judiciário privado. As limitações legais das empresas são os contratos e sua conformidade com algum tipo de legislação.
A moeda poderia ser emitida após um acordo entre vários bancos.
Existe ou já existiu alguma experiência assim? Como funcionaria, como uma assinatura de TV a cabo? O que aconteceria se em um caso particular um assinante de uma "concessionária de justiça" tivesse um problema com um assinante de outra?
Existe um exemplo de um sistema totalmente assim, anarco-capitalista, segundo David Friedman: a Islândia medieval. Não vou lhe dizer que o exemplo dele é válido, pois não sou historiador. ^^
Uma assinatura de tv a cabo funcionaria do mesmo jeito que funciona hoje, com a diferença de que não haveria concessão alguma. O serviço seria prestado por qualquer um.
Quando um prestador de serviço passar você para trás você vai fazer o quê? Trocar por outro simplesmente? Não vai exigir ser compensado?
Provavelmente você poderá desligar o serviço e procurar um juíz. Se ele seguir um código de defesa do consumidor, vai processar a empresa. A não ser que a empresa compre todos os juízes do país, ou todos ao seu alcance, daí não há muito o que se fazer.
Eu estou falando que em um sistema onde existe uma força mais poderosa do que todas as outras, o Estado, é mais fácil resolver esse tipo problema quando ele aparece.
Sim, se for um estado eficiente. Não, se o Estado for fraco ou corrupto.
Quando temos interesses contraditórios e equivalência de poder geralmente acontece o quê? Uma guerra. Quando temos um poder bem maior do que o outro capaz de fazer valer o seu interesse temos o que se convencionou chamar de justiça.
Ou negociação.
Quanto à questão do poder: não há poder na mão do Estado sem uma população. E esse poder pode ser dirigido por uma minoria. Nesse modelo que eu estou exemplificando (que
não estou defendendo, pois eu não o estudei suficientemente pra defendê-lo direito e acho que ele possui falhas ^^) o poder não sai das mãos do indivíduo em momento algum. Ele que dá sua opinião direta sobre qualquer questão. A justiça seria aplicada da mesma forma, com a diferença da escolha: ela seria escolhida como um serviço qualquer. Se você quiser contratar uma empresa poderosa, ou empresa que se empenha para defender seus clientes (independentemente do seu poder aquisitivo), contratará. Se não quiser, contratará uma menor ou mais barata. Se não tiver dinheiro, procurará uma ONG ou uma instituição de caridade. Se quiser um exemplo: quando você vai processar uma empresa grande, contrata um advogado bom; se contratar um advogado porcaria, estará arriscando seu caso, mas não quer dizer que você vá perder, visto que o juiz precisa seguir minimamente a própria lei que ele defende (que, obviamente, seria esta uma cláusula de seu contrato, no modelo de que falamos). Se ele não seguir a lei, seu julgamento poderia ser invalidado.
Claro, se todas as empresas/juízes fossem comprados, não haveria julgamento justo. É uma das falhas desse modelo. Entretanto, qualquer governo pode ser comprado ou tomado pelos interesses de uma minoria, também. Talvez até mais facilmente, em algumas situações, pois o poder está centralizado e longe do cidadão comum.
Eu sei que existem outros modelos de anarquia, com formas diferentes de resolução desses problemas, mas não posso opinar sobre eles pois os desconheço.