Um tiro é disparado no meio da multidão e mata um homem; o atirador foge; 20 pessoas alegam saber quem foi o atirador e não há nada mais do que isso. É questão de se acreditar ou não no relato das 20 pessoas e nas provas circunstanciais. Se o júri for cético, provavelmente o assassino sai livre... Enfim... eu já sei onde essa discussão termina e eu não estou com paciência.
Falsa analogia. Esse evento citado alegadamente acontece com certa frequência é pode ser provado. Pegar um exemplo de algo que ocorre TODO o tempo (alguém levar um tiro) e transformar num argumento a favor de aparições espíritas não faz o menor sentido. Além disso, você distorceu a história para o seu lado, afirmando que o assassino sairia livre por causa de um tribunal cético, usando um clássico apelo sentimental.
É simples resolver essa questão. Mensurar quantas vezes as evidências apontaram para o correto criminoso e quantas os relatos sem evidências apontaram. Ou quantas vezes ocorreu erro de julgamento em algum dos casos. Qual será mais confiável? Qual causa menos distorções?
Atualmente, crimes unicamente com depoimentos testemunhais são vistos com muito cautela, e precisa-se pautar em evidências para incriminar uma pessoa.
Erros sempre ocorrerão, então não seria melhor tentar, pelo menos, diminuir essa margem?
O meu pitaco:
Nao confunda as coisas, Leafar.
O JUS ET ARS, um forista que debandou daqui já havia dito que o modus operandi do direito, no caso de um crime cujas provas são apenas relatos de testemunhas, não é o mesmo da ciência! O direito aceitaria estes testemunhos como provas, a ciência não.
E creio que a maior parte dos foristas critica a DE tendo a ciencia por base.
Alem disso, é muito estranho a DE se investir de ciência ou se dizer científica (a maioria de seus defensores alega isto) e ao mesmo tempo dispensar um dos pressupostos básicos do método cientifico...
Não há, até onde sei, nenhum ramo da ciência que aceite apenas testemunhos como evidência que apoie os resultados de qualquer experimento ou observação de um fenômeno.
Não importa se tais testemunhos forem de 1 ou 1000 pessoas, não importa se for de um físico renomado como Brian Greene ou de um fulano de tal anônimo, se for de um metiroso contumaz ou de ciclano que antes estava cético e não mentia e depois do fato espírita passou a acreditar...
Se o que há são apenas testemunhos, então o tal experimento, na visão da ciência, não vale um tostão furado!
É óbvio que o mesmo não se aplica ao julgamento de um crime!!!
Como já disse em outro post, se quiserem "tirar" esta característica da ciência, vão ter que chamar o que restou de outra coisa, pois que ciência não pode mais ser, visto que tirar um tal pressuposto dela a mim parece como tirar da matemática as operações básicas com os números...
Também não creio que minha visão seja retrógrada, que seria salutar a ciência progredir aceitando fatos que contradigam alguns de seus pressupostos e mudando ou descartando estes pressupostos por conta destes fenômenos. Isto é uma falácia de cunho emocional e que tende a valorizar o novo em detrimento do velho unicamente por ser novo, ao mesmo tempo rotulando o novo de "progressista" e o velho de "retrógrado". Em si mesmo, este argumento não tem valor algum.
Uma idéia não deixa de ter valor por ser velha. Quer coisa mais velha que a geometria? ou a invenção de um símbolo para representar o zero? o sistema de escrita alfabético? Todos eles tem mais de 2000 anos de idade...
Tambem não pense que este canídeo aqui não tem a mente aberta. Até admito a possibilidade de algum pressuposto da ciência mudar no futuro. No entanto, se o fizer, vai ter que ser por causa de um motivo muito, muito mais forte que aqueles do tipo que vocês espíritas postam aqui.
Pense nisso: Sagan disse que alegações extraordinárias pedem provas igualmente extraordinárias. Nada mais justo!
Sugerir uma tal mudança na ciência teria consequências tão profundas que nem consigo imaginar o que poderia causar uma mudança destas... seria como dizer que algumas operações básicas da matemática ou da lógica clássica estão erradas... imagine a repercussão que isto teria nestas duas disciplinas, imagine as consequências que decorreriam disso.
E, francamente, as materializações com o Chico e médiuns vomitando coisas parecidas com tecido pela boca passam anos-luz, megaparsecs do que seria o grau de "extraordinário" necessário para provocar uma mudança deste calibre na ciência!!!
Se quer saber a minha opinião, a DE é mais uma religião dentre muitas, um artigo de fé.
Uma religião contemporãnea surgida de um sincretismo de idéias tiradas principalmente do cristianismo, do gnosticismo, e tomando de empréstimo e usando em analogias, algumas idéias (muitas delas equivocadas) da ciência da época do Denizard e de antes dele. Um exemplo deste tipo de idéia é a frenologia, que não teve a mesma sorte que a invenção do zero (usei como exemplo - não estou afirmando que a DE aceita a frenologia).
O tempo mostrou que a frenologia não valia coisa alguma. Aqui temos uma situação inversa: assim como não podemos desvalorizar uma idéia com base na sua antiguidade, tambem não podemos valoriza-la por base na mesma antiguidade.
O que dá credibilidade a uma idéia são fatores que não tem nada a ver com o fato dela ser velha ou nova!!
As minhas críticas aqui não se estendem somente ao que voce teclou no quote la em cima - suponho que voce ja percebeu.
Tambem critico aqui alguns lugares-comuns na argumentação daqueles que fazem apologia da DE.
Ou isto ou então a DE seria, no máximo, uma "coisa" na fronteira difusa entre religião e ciência ou entre religião e filosofia.
Neste sentido, estaria em pé de igualdade com a acupuntura.