Rapaz, qualquer investigação que não esteja no domínio do filosófico, ou teórico, é científica.
Não é.
Investigação científica é racional, metódica, que se desenvolve acordo com o método científico.
Eu nunca disse que não era racional ou metódica, mas a investigação científica tem por objetivo produzir
evidências materiais que comprovem (ou desprovem) o que está sendo proposto. Já o método científico está bem longe ainda de ser um método estabelecido, pois até hoje ainda é discutido. Só há consenso em torno do óbvio. O debate entre indutivismo e deducionismo, por exemplo, continua. Mas ainda que amanhã mude algo, os que usavam os métodos anteriores ultrapassados seriam desconsiderados como cientistas?
Significado de investigar está no dicionário:
v.t. Seguir os vestígios de; pesquisar.
Dir. Proceder a diligências; empenhar-se em descobrir: investigar a autoria de um crime.
Portanto dizer que toda investigação que não esteja no domínio do filosófico, ou teórico, é científica é um tremendo bullshit.
A investigação tem por fim descobrir a verdade, seja ela qual for. Só que a investigação pode se dar no campo científico (produzindo evidências materiais) ou filosófico (produzindo teorias). Alguma outra diferente dessas que eu tenha me esquecido de relacionar? Não tenho nenhum problema em admitir que omiti algo sem intenção.
A física teórica, usando as suas palavras, está no domínio teórico e você acaba de jogá-la no lixo dizendo que ele não é científica.
E não é científico mesmo, pelo menos enquanto no domínio apenas do Teórico. E isso não quer dizer "jogá-la no lixo". Significa apenas dizer que se investiga um problema no âmbito apenas filosófico. Só se torna científico a partir do momento em que algum experimento lhe dá sustentação através de evidências materiais.
O problema é que o vocábulo "Filósofo" está muito judiado por causa de maus usos. Qualquer um hoje emite teorias sem quaisquer cuidados lógicos e chama de Filosofia. Aquele que é apenas teórico, consequentemente é apenas filósofo também, e não cientista. Popper, por exemplo, era chamado de Filósofo da Ciência. Os físicos teóricos são os filósofos da matéria, ou seja, que propõem teorias para explicar a matéria. Os verdadeiros cientistas são os que praticam Física Experimental.
Mas por causa da judiação do vocábulo filósofo, a Filosofia acabou ficando mal falada, e hoje é mais "fashionable" dizer-se cientista do que filósofo. Imagina um teórico das exatas chegar para a mamãezinha dele e dizer "Eu sou filósofo das Exatas". Daqui a pouco ele será confundido com um místico. Então usa-se dizer que os Físicos são cientistas, e talvez essa ideia seja mais bem assimilada por eles estarem nas Exatas. Mas os teóricos, enquanto apenas teóricos, não são cientistas. Na realidade, os Físicos Teóricos são filósofos que trabalham para a ciência, visto que a Física sempre vai se realizar na Experimentação e nunca vai restringir-se apenas à Teoria. Por mais que o Bóson de Higgs tenha sido "visto" filosoficamente, a Física não vai descansar enquanto não detectá-lo experimentalmente. Portanto, o produto final da Física será sempre científico, embora no meio do caminho ela vá constantemente se servir do "Produto Filosófico".
A filosofia é diferente da ciência e da matemática. Ao contrário da ciência, não assenta em experimentações nem na observação, mas apenas no pensamento. E, ao contrário da matemática, não tem métodos formais de prova.
É claro que não! De onde foi que você tirou essa bobagem? É claro que a Filosofia (a verdadeira Filosofia) tem métodos formais de prova. O que dizer da lógica? Cadê o Dante? A pseudo-Filosofia é que não tem métodos formais de prova.
A filosofia faz-se colocando questões, argumentando, ensaiando ideias e pensando em argumentos possíveis contra elas e procurando saber como funcionam realmente os nossos conceitos.
Ok, aí está exato. Mas não é qualquer ideia que pode ser chamada de Filosófica, na acepção precisa desse termo.
A preocupação fundamental da filosofia consiste em questionarmos e compreendermos ideias muito comuns que usamos todos os dias sem pensarmos nelas. Um historiador pode perguntar o que aconteceu em determinado momento do passado, mas um filósofo perguntará: «O que é o tempo?» Um matemático pode investigar as relações entre os números, mas um filósofo perguntará: «O que é um número?» Um físico perguntará de que são constituídos os átomos ou o que explica a gravidade, mas um filósofo irá perguntar como podemos saber que existe qualquer coisa fora das nossas mentes. Um psicólogo pode investigar como é que as crianças aprendem uma linguagem, mas um filósofo perguntará: «Que faz uma palavra significar qualquer coisa?» Qualquer pessoa pode perguntar se entrar num cinema sem pagar está errado, mas um filósofo perguntará: «O que torna uma acção certa ou errada?» http://ocanto.esenviseu.net/apoio/filosof.htm
Não é bem assim. A Filosofia precisa de conceitos rigorosamente precisos para avançar, ainda que esses conceitos sejam meramente hipotéticos. Tanto um historiador quanto um filósofo (aliás, um historiador é também um filósofo e quiçá um cientista) podem perguntar o que aconteceu em determinado momento do passado. Mas o filósofo só perguntará "O que é tempo?" se este conceito ainda não estiver rigorosamente definido para ele.
Por exemplo, no senso comum, um Físico teórico é um cientista. Mas filosoficamente, ou seja, usando-se de rigor conceitual, o Físico Teórico é um filósofo. Allan Kardec também usou esse termo, por exemplo, quando disse que o Espiritismo era uma religião. No senso comum, o vocábulo "religião" possui uma significação que não lhe é própria e o Espiritismo não pode aceitar a qualificação de "religião" segundo esse entendimento. Mas o Espiritismo é uma religião no seu sentido preciso, rigoroso ou filosófico.
Se assim é, dir-se-á, o Espiritismo é, pois, uma religião? Pois bem, sim! sem dúvida, Senhores; no sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e disto nos glorificamos, porque é a doutrina que fundamenta os laços da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre as bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza.
Por que, pois, declaramos que o Espiritismo não é uma religião? Pela razão de que não há senão uma palavra para expressar duas idéias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; que ela desperta exclusivamente uma idéia de forma, e que o Espiritismo não a tem. Se o Espiritismo se dissesse religião, o público não veria nele senão uma nova edição, uma variante, querendo-se, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com um cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das idéias de misticismo, e dos abusos contra os quais a opinião freqüentemente é levantada.
O Espiritismo, não tendo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra, não se poderia, nem deveria se ornar de um título sobre o valor do qual, inevitavelmente, seria desprezado; eis porque ele se diz simplesmente: doutrina filosófica e moral. (Revista Espírita dez/1868 - Sessão Anual Comemorativa dos Mortos - O Espiritismo é uma religião?)
Da mesma forma, as palavras "alma" e "espírito" têm sido às vezes tomadas uma pela outra nos textos de Kardec. No uso comum, elas podem ser tomadas uma pela outra. Mas há casos em que, se a definição não for precisa, não se avança mais. Por isso ele escreveu:
Seria mais exato reservar a palavra alma para designar o principio inteligente, e o termo Espírito para o ser semi-material formado desse principio e do corpo fluídico; mas, como não se pode conceber o princípio inteligente isolado da matéria, nem o perispírito sem ser animado pelo principio inteligente, as palavras alma e Espírito são, no uso, indiferentemente empregadas uma pela outra; é a figura que consiste em tomar a parte pelo todo, do mesmo modo por que se diz que uma cidade é povoada de tantas almas, uma vila composta de tantas famílias; filosoficamente, porém, é essencial fazer-se a diferença.Percebeu? A Filosofia apenas precisa de rigor conceitual, ainda que o que esteja sendo definido nem exista.
''A filosofia", dizia Brunschvicg, "é a ciência dos problemas resolvidos". Dito de outra maneira: a solução de uma questão científica levanta, para o filósofo, outro problema, que é o problema filosófico do conhecimento científico. A ciência procura e encontra verdades. Mas a pergunta: "Qual é a essência da Verdade ou das verdades?" é uma questão filosófica. Fazer filosofia da matemática não consiste em demonstrar teoremas, em descobrir novas propriedades dos números ou das figuras. Isso é contribuição do matemático. Fazer filosofia da matemática é perguntar como raciocina o matemático, que é uma demonstração, qual a origem das noções matemáticas, qual o fundamento dos postulados que nos pedem que admitamos. A ciência constrói todo um edifício de teorias. A filosofia escava sob suas construções para explicar seus fundamentos. Enquanto o sábio procede por construções, o filósofo procede por escavações. A conduta da filosofia é reflexiva. http://ocanto.esenviseu.net/cienfil.htm
Eu discordo em parte dessa visão de Filosofia. Quando uma tese filosófica é enunciada, subentende-se que as premissas já estejam muito bem definidas. Se não estiverem, a tese não é filosófica. As únicas razões que levam a Filosofia a escarafuçar os fundamentos são: 1. o conceito se perdeu com o tempo e precisa-se remontar ao seu significado original a fim de se entender o que se desenvolveu a partir dele. Isso é muito comum com textos antigos, a fim de que se compreenda exatamente o que o autor ou autores quiseram realmente dizer através das palavras que usaram, que podem ter variado de sentido, para então criticar ou apoiar. 2. o conceito era apenas hipotético, o que cabe uma investigação a fim de validar toda a boa teoria que se desenvolve a partir dele.
Mas uma vez que as premissas estão ok, a Filosofia trabalha adiante e deduz consequências daquilo que as premissas lhes informam. É mais ou menos o que fez Einstein, que elaborou a Teoria da Relatividade baseando-se na solidez das premissas, ou seja, baseando-se na confiabilidade dos experimentos isolados que haviam sido feitos antes dele para tentar explicar a aparente ambiguidade onda-partícula da luz. Einstein desenvolveu uma Filosofia que foi a frente, e não atrás.
O próprio Popper, em sua crítica ao indutivismo e na proposição do dedutivismo praticou uma filosofia que foi a frente, porque lá atrás as coisas já estavam bem rigorosamente definidas.
É interessante notar que enquanto se faz qualquer tipo de investigação material, se pratica ciência.
Vou dizer isso para a minha faxineira da próxima vez que ela procurar as minhas meias. Aposto que ela vai pedir aumento...
A sua faxineira já sabe de antemao que a meia vai estar lá, então não é investigação. Mas se ela não sabe, é uma investigação científica, embora bem elementar, na acepção rigorosa da palavra, e que vai culminar com a evidência material de que a meia estava em determinado lugar. Já o método que ela usa para procurar é que pode ser mais ou menos científico e/ou filosófico. Por exemplo, ela pode sentar e enumerar todos os lugares possíveis aonde a meia pode estar, ou seja, ela enumera hipóteses ou teorias e faz a sua filosofia. Depois ela se lança à experimentação e vai procurar para ver se a experimentação vai ao encontro de uma das teorias, evidencia o que aconteceu e faz a sua ciência. Ou então ela sai olhando cada buraco indiscriminadamente até achar a meia. Nesse caso ela pratica só a ciência empírica com metodologia de baixo nível. Viu...
Diz o ditado que de médico e de louco todo mundo tem um pouco. Eu diria que de cientista e filósofo todos nós temos um pouco.
Mas ninguém diz que os cientistas do passado não eram cientistas só porque se valiam de métodos hoje considerados ultrapassados.
A ciência evolui mas o método científico é praticamente o mesmo desde a proposta inicial de Francis Bancon em 1621. Naquela época Bacon já argumentava que apenas um sistema claro de investigação científica poderia garantir o domínio do homem sobre o mundo. Bacon foi influenciado por Copérnico e Galileu. Depois vieram Descartes e Newton para dar impulso à metodologia científica. Portanto não foram os "métodos ultrapassados" que fizeram os maus cientistas, mas a aplicação inadequada do método.
Tá por fora. Precisa estudar mais....
Tá bom... Vocês enchem a boca para falar de Popper. Como é que era o método científico antes dele? Podemos adotá-lo hoje sem restrições, já que não teria mudado. E antes de Bacon? Que o sistema de investigação científica tem que ser claro é ponto pacífico. O problema é se chegar a um consenso sobre como seria esse sistema "claro".
Crookes, portanto, praticava ciência quando investigava Home e Cook. E também Kardec quando investigava as comunicações dadas através de médiuns, etc... Podem até criticar os métodos e os resultados e conclusões, mas não se pode dizer que eles não praticavam ciência.
Crookes foi um grande cientista mas deixou-se levar pelo papo furado do espiritismo. Ficou queimado pelas besteiras que dizia. A ciência de Crookes é aquela reconhecida pela Ciência, o resto é besteira.
Kardec nunca foi cientista. Foi um professorzinho de liceu muito fraquinho. Também não foi filósofo. Não foi nada. Um zé mané.
Foi um "nada" e um "zé mané" que conseguiu reunir certa quantidade de adeptos das classes mais instruídas, não se esqueça disso. E eles ficaram queimados porque se lançaram a estudar o Espiritualismo e não concluíram pela fraude. Se tivessem concluído pela fraude estariam aqui hoje sendo aclamados como o mágico Houdini.
O "relaxado" do Alexander Fleming...
Isso mostra mais uma vez que você desconhece o método científico, alías nem tem noção do que seja....
É comum considerar alguns dos mais importantes avanços na ciência, tais como as descobertas da radioatividade por Henri Becquerel ou da penicilina por Alexander Fleming, como tendo ocorrido por acidente, no entanto, o que é possível afirmar à luz da observação científica é que terão sido parcialmente acidentais, uma vez que as pessoas envolvidas haviam aprendido a "pensar cientificamente", estando, portanto, conscientes de que observaram algo novo e interessante.
Fala sério... Até as crianças então "pensam cientificamente", visto que estão sempre observando algo novo e interessante. É claro que foi um acidente. Seria premeditado se ele esperasse que ocorresse algo com os microorganismos. Ele simplesmente se esqueceu, só isso, e deu sorte de ser o cara certo na hora certa.
Os progressos da ciência são acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso, que segue um caminho mais ou menos sistemático na busca de respostas a questões científicas. É este o caminho denominado de método científico. http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9todo_cient%C3%ADfico
Esse "mais ou menos" aí em cima é que complica tudo em relação ao que você mesmo escreveu anteriormente. Esse caminho não era para ser preciso, infalível e inquestionável, que não teria mudado desde que foi criado e que é, em linhas gerais, o mesmo desde Bacon? Talvez ele seja então "mais ou menos preciso", "mais ou menos infalível" e "mais ou menos inquestionável". O problema então é saber quando será o mais e quando será o menos.
Pois é Leafar, está ficando cada vez mais difícil discutir com você.
Eu compreendo perfeitamente o que diz, irmão. Vai doer muito mais em você do que em mim mas... força!
Parece que você está misturando conceitos básicos e nem demonstra conhecimento de assuntos importantes à discussão. Agora compreendo melhor esse seu apego ao espiritismo. Você deveria ler mais, estudar mais e deixar de lado essa besteirada.
Quem sabe um dia você não me convence?
Um abraço.