Buck, acho que está equivocado.
Primeiro a questão de não jogar lixo no lago não é necessariamente esquerdista.
Não, não é, e não foi o que eu tentei dizer, novamente.
Tão somente tentei definir o espectro de "esquerda" e "direita" como maior ou menor intervenção estatal na atividade econômica.
Uma lei que obrigasse a jogar lixo no lago também seria esquerdista.
Alias, não tem nada a ver. Você tem por exemplo a revista veja, que insiste nesta tecla, e ela não é propriamente a caros amigos.
Como também havia dito, não é algo binário; se você defende que deve haver uma intervenção econômica X, em vez de anarquia e liberdade total, você não é um ultra-esquerdista, nem um esquerdista, e nem sequer necessariamente um centrista. Pode ainda ser de extrema direita, até.
Se somar mais e mais "pontos" em intervenção econômica é que vai gradualmente indo da direita para a esquerda.
Independentemente dessas intervenções econômicas serem baseadas no marxismo, no meu entender.
Claro, de alguma forma pode se "interpretar" as coisas como marxistas quando se bem entender, o que é aquela coisa de espantalho e declive escorregadio da qual eu já havia falado. "Proibir a discriminação racial na seleção de empregados é essencialmente estatizar uma parte da contratação, o que é estatizar a empresa, e estatização é marxismo". Ou, "proibir de jogar lixo no lago, mesmo que esteja na minha propriedade, vai contra o direito sobre a propriedade privada, é como se o lago fosse do estado, e não meu, logo é marxismo".
Outro ponto sobre a questão da drogas. Se você citou o meu exemplo porque sou a favor de liberar a maconha, isso não é por conta da certeza que o mercado vai regular. É de ver uma alternativa muito pior na situação atual.
Mas não há apenas duas alternativas, industrializar e vender para criancinhas versus proibição total e execução de quem comer bombom com licor... como
já discutimos fatigantemente em
outras ocasiões.
Quanto a não ser binário. Essa sua afirmação "nem tudo é binário, ou se é esquerda ou se é direita", somada a sua afirmação de que "jogar lixo no rio é coisa de direita", me parece, ainda que você não seja marxista, que você associa ecologia a movimentos de esquerda, e quem sabe progressista a esquerda.
Isso é sobrecarregar as palavras, não tem nada a ver uma coisa com a outra.
Não, a minha definição de esquerda "pura" (em continuidade a definição de direita "pura" que você mesmo defendeu, totalmente dissociada do conservadorismo/tradicionalismo) é apenas intervenção estatal na economia e regulação de atividades econômicas, com quaisquer objetivos, podem ser ecológicos, sociais, morais, ou anti-ecológicos, danosos a sociedade, e imorais. A direita é simplesmente a não-intervenção e não regulação, sem necessariamente ter objetivos morais, imorais, ecológicos ou anti-ecológicos, etc.
Se a definição de esquerda passa por "ser derivado do marxismo", essa sua preocupação de "nem tudo é de esquerda ou direita, não tem essa dicotomia", como se fosse bem e mal, perde um pouco o sentido, tendo mais sentido essa preocupação na comparação conservador versus progressista.
Eu não entendi bem o que você quis dizer aí.
Tentando esclarecer a maneira como eu penso e que acho que é minimamente aceitável essa taxonomia política e econômica. É mais ou menos baseado nesses sites de "bússula política" e até nisso que você está colocando, mas ainda um pouco diferente.
"Esquerda" e "direita" podem ser vistos simplesmente como uma escala de intervenção e não intevenção do estado na economia. O "political compass" ainda coloca como um outro eixo independente, totalmente ortogonal, a escala de liberalismo versus autoritarianismo. Me parece bastante razoável como esquema de classificação, como categorias.
Agora, o que vai determinar a "pontuação" para a esquerda ou para a direita, para o autoritarismo ou liberalismo, não é diretamente uma ideologia como marxismo, budismo, libertarianismo. Apenas acontece de ser um fato que, segundo o marxismo, pode-se considerar ideal uma vasta ou praticamente completa intervenção econômica, e autoritarianismo. Apenas acontece que, para os cristãos conservadores pode ser muito comum achar que deve haver tão pouca intervenção econômica quanto possível, exceto no que concerne talvez a dar uma mãozinha para a igreja e presevar valores morais tradicionais.
Não são eles ou derivações deles que determinam o que é esquerdismo ou o direitismo, mas eles é que se enquadram dentro dessas categorias.
Não tem nada de bem versus mal, papai noel nem bicho papão, só tem intervenção econômica ou não, e autoritarismo ou não. Pode-se ter diversos "sabores" ideológicos para justificar políticas em qualquer lugar de uma escala com esses dois eixos. Marxismo e cristianismo são só dois exemplos.