Olha, depois do que vi aqui, só vou postar o que vai a seguir porque já tive o trabalho de escrever. Não me anima mais nada.
Antes de bater com o fio nesse telefonista mágico (que nominho...) quero deixar a exigência do estabelecimento do conceito de filosofia porque um conceito flutuante, vago, difuso pode aplicar-se a qualquer coisa e metamorfosear-se ("transmutar-se", como, ardilosamente, o mágico telefonista aqui tentar 'aplicar') em tudo. E não que se tenha, nesta exigência que faço, a liberdade de se definir filosofia como se quiser pois há todo um contexto histórico-filológico que a define com clareza, assim como a ciência.
Não é concebível, muito menos aceitável que todo e qualquer pensar, processo comunicativo, expressão de ideias... seja incluído na definição de filosofia como algumas ironias medíocres e infantilóides de que se se articula pensamentos e expressões contra filosofia já se está filosofando, tentando apropriar-se da própria linguagem, em sua essência, quando filosofia não passa de uma deformidade disfuncional, inútil da mesma. Se assim fosse, o que se estaria declarando é que é impossível não filosofar. Tal é uma contradição deslavadamente desonesta (pois constitui-se numa invulnerabilidade imposta à força da falta de ombridade) que filósofo algum pode sustentar por uma infinidade de evidentes motivos. Se é impossível não filosofar então não existe filosofar porque não há nada que se contraponha ao conceito. Se tudo o que pensamos e expressamos é filosofar, para que a palavra filosofar? E para que a palavra filósofo se todos que pensam e se expressam, o são? Usemos as palavaras mais simples e genéricas: estamos conversando, debatendo, pensando... Mas, aí, tendería-se a retornar a semelhante situação, com uns tendo melhores pensamentos que outros e, por fim, uns descobrindo que pensar é o problema, inexoravelmente apresentando-se a necessidade de nomear cada proceder com adequados termos.
Antes, em algum momento, alguns entenderam que se se dedicassem a tais tarefas cognitivas com "empenho e objetividade", buscando o saber, estariam tratando de se relacionar com o saber de uma forma "amigável", seriam 'amigos do saber'. E assim se denominaram. Acreditavam que, neste "esforço" por alcançar o saber o receberiam como uma espécie de recompensa amiga. Mas, encurtando a história, tal maneira de abordagem mostrou-se, por vezes paulatinamente, por vezes abruptamente, totalmente ineficaz para certos interesses humanos REAIS que premiam cada vez mais e em mair número.
O que ocorreu foi tão simplesmente que confundiram o saber com a própria realidade e não perceberam que o saber só se alcança pela interação com a própria realidade, e não esta por meio daquele. Quando pensadores como Roger e Francis Bacon começam a não só perceber isto (porque há claros indícios de que outros já o tinham percebido antes, apenas não formalizado) mas a declarar tal disfunção filosófica (como Francis diz: "a boa filosofia conduz à crença e a má conduz à descrença ou ceticismo" -- realmente não recordo as palavras exatas mas é algo por aí, pesquise que não souber e quiser; com isso ele expressa a necessidade da desconstituição da filosofia para se chegar à percepção da realidade), inicia-se a transformação histórica que foi o prelúdio do que se convencionou chamar início da "era científica", ainda que os mesmos continuem a ser considerados unicamente filósofos como, sim, certamente o foram, TAMBÉM.
Quem rompe "definitivamente" com o pensamento filosófico, é Galileu ("definitivamente" porque ele também caiu em uma armadilha filosófica, acreditando ter encontrado a "linguagem perfeita", a "linguagem da natureza", a geometria, como declara; não era consciente de que não existe uma "linguagem da natureza" e, sem dúvida, como "peixe hidrodinamólogo" que nosso valioso Feynman mencionou já aqui, era alheio à razão da própria capacidade de pensamento científico). Galileu pensou ter encontrado/identificado a linguagem perfeita, a própria da realidade. Mas ele também não era consciente, naquele momento, de que não há tal coisa porque havia um sistema físico com regras específicas de funcionamento, que ele não podia experienciar empiricamente -- o cérebro, seu próprio cérebro, o dispositivo de onde se originavam seus pensamentos que se configuravam por linguagens internas das quais, a externa, com a qual interagia com o mundo exterior, era só um desdobramento tradutivo.
Sim, Galileu era alheio ao fato de que 2+2=4 não corresponde a uma realidade objetiva, sendo só uma distorção linguística da realidade, desenvolvida por uma interação limitada com a mesma. E, não, não foi o método experimental o "grande achado" de Galileu; se bem analisados os eventos, circunstâncias e obras, o que Galileu descobre é o poder e a importância da linguagem: a "filosofia natural" (inevitavelmente posterior ciência pois tornou-se impossível compartilhar o mesmo nome com o "algo novo" que "surgia", da mesma forma como em outros casos, como a astrologia) precisa ter uma linguagem própria; não podemos falar de ciência com a mesma linguagem que aplicamos usualmente, a mesma linguagem da filosofia. Porém, Galileu ainda não podia entender o que uma linguagem realmente é em sua essência; isso precisaria esperar pelo tempo em que estamos, agora, para ser possível.
Por fim, após este esclarecimento sucinto, que não se descontextualize tendenciosamente o significado que é lícito depreender da palavra filosofia pois mesmo os epistemologistas ainda não(?) se atreveram a dizer senão 'filosofia da ciência' (uma filosofia cujos filósofos têm a pretensão de aplicar-se a ciência), embora seja perfeitamente previsível que, em estado de desespero, como é comum de religiosos, cometam a desonestidade de, por fim e sem mais esperanças, decretar que ciência é filosofia.
Um método se origina de uma filosofia, concordo. Mas dizer que método = filosofia, náo concordo.
A filosofia não recorre a procedimentos empíricos mas foi capaz de conceber o método científico. Gerou conhecimento que possibilitou o desenvolvimento da ciência e isto refuta a sua afirmação inicial de que ela é uma "ferramenta" insatisfatória para gerar conhecimento.
Seu raciocínio esta falho. Seguindo a sua lógica, a filosofia continua não sendo boa pra gerar conhecimento de forma satisfatória. Ela é boa pra gerar métodos que, aí sim, irão facilitar a aquisição de conhecimentos mais sólidos. Utilizada diretamente, ela não é boa para se conseguir conhecimento. Ela é apenas uma forma boa de se analisar se um método é logicamente coerente, não se o conhecimento gerado pelo método é correto ou não.
O problema das suas indagações nesse tópico Bytecode é que você possui uma falsa visão do que é filosofia.
Observo um argumento aqui que sempre foi típico de crentes de todas as vertentes mágicas: "o seu problema é que você não conhece o conceito corretamente..."; "o que há é uma ignorância sua com relação ao "fato"..."; "o que ocorre é que você possui uma falsa visão do que..."
Especificamente aqui: "O problema das suas indagações nesse tópico Bytecode é que você possui uma falsa visão do que é filosofia." Ahaaaaaagora tá ixpricado! (se bem que o Buckaroo já havia apontado isso também...). Por que qui ninguém ixpricô issantis?! Seu sorbessi qeu era só um inguinoranti em frisufia, tinha porpado tanto trabaio... É só o sinhô dotô PhD ixpricá pa nóis! Ixprica?
Afinal, a visão é falsa mesmo ou só não te agrada? Qual a diferença, já que tudo é filosofia transmutando-se? Ciência é "filosofia transmutada", segundo você, não é mesmo? A "falsa visão" da filosofia poderia ser uma interessante filosofia também. Por que ela teria que se "transmutar" na sua e não a sua nela? Por que a sua "verdadeira visão" seria melhor que a "falsa visão"? Vai arriscar uma definição *não falsa* para filosofia?
A filosofia se ocupa exclusivamente de problemas conceituais não empíricos*,
Masemeeeeisss??!!!! Oia que eu matutava justo o contraio! Vivendiaprendendo... E gora, cajuda dum Philosophy Doctor, finarmente vô prendê quequessa tar de frisufia.
portanto por definição ela não pode gerar conhecimento sobre o mundo exterior,
Mas que decadência, hein? Penso como o estagirita menor reagiria ao ouvir uma dessas... O Feynman poderia incluir alguém dizendo isso para ele naquela viagem no tempo, só para ver qual seria a reação; na verdade, acho que no texto já se demonstra tal. Que mendicância pusilânime! Foi isso que restou aos filósofos? Foi nisso que a filosofia teve que se "transmutar" para sobreviver? Até eu me sinto mal diante de um moribundo estribuchante assim, lutando sofregamente por sobrevivência.
a principal atribuição da filosofia é ser uma ferramenta para se pensar sobre a realidade, tal é o caso do método científico, por exemplo.
Filosofia não é ferramenta para se pensar a realidade, é pensamento livre sobre a realidade sem compromisso com a mesma, baseado na crença de que unicamente pensar é o que basta.
Se o filósofo não pode gerar conhecimento sobre o mundo exterior (mundo exterior=realidade) de onde tira a audácia de que pode pensar a realidade? Mostra-se aqui uma flagrante contradição.
Outra coisa que você parece não compreender
É meisss? Dinovi? Diguilá, qarquié?
é que não existe algo unificado chamado ''filosofia'', existem apenas diferentes linhas de pensamento sobre diferentes áreas que possuem diferentes graus de consistência interna,
Deixe-me ver se entendi em outras palavras: num esesti frisufia. Ô si esesti é uqi u sinhô dotô qisê.
-"algo unificado chamado" = definição de
-"diferentes linhas de pensamento sobre diferentes áreas que possuem diferentes graus de consistência interna" = aquilo que eu quiser definir que seja, arbitrariamente e a qualquer momento, de acordo com meus interesses
Aaaaaaaaah bão! Goooooora intindi!
não se pode jogar no mesmo saco grandes filósofos que arquitetaram coisas como a lógica moderna, métodos utéis para aquisição de conhecimento e teorias ético-políticas que até hoje norteiam certos pricípios sociais.
No mesmo saco com quem/o que? Ficou faltando.
Quando foi que qualquer lógica foi útil ao desenvolvimento científico? Quando foi que ciência, ao avançar, não derrubou uma arquitetura lógica anterior?
Quando e como foi que qualquer método filosófico teve qualquer utilidade para ciência?
Que estrita relação têm teorias ético-políticas com ciência que justifique a menção neste tópico? Claro, deve ser só para tentar convencer como filosofia é útil...
Existem distintos campos de investigação filosófica, e diferentes respostas para os problemas levantados por eles,
Em resumo: nenhuma investigação sobre nada de útil e nenhuma resposta útil para nada. E, mais uma vez, a difusão do conceito para fugir a uma definição.
o problema que as pessoas tem em reconhecer a filosofia como útil é que quando a investigação de algum problema filosófico avança o suficiente para ser resolvível empiricamente ele deixa de fazer parte do campo da filosofia e se torna objeto de estudo de alguma ciência,
Essas pessoas têm esse "problema" porque são lesadas, coitadinhas. Elas não entendem que não dá para "resolver as coisas empiricamente" sem antes filosofar muuuuuuuuito. Por que a filosofia se deixa roubar assim pela safada ciência que pega tudo mastigadinho e fica com todos os louros, toda a glória? Isso não é justo! Vamos levantar uma bandeira e iniciar ações afirmativas em prol da filosofia; requerer reparação por todos os direitos alienados.
Newton, Dalton, Galileu e vários nomes da ciência eram vistos como filósofos em suas épocas,
E como mais eles podiam "ser vistos", EM SUAS ÉPOCAS? Eles são "nomes da ciência", HOJE. Como era a nomenclatura *naquele* tempo?
Mais honestidade e menos apelação, por favor.
hoje mesmo o campo de estudo da consciência chamado filosofia da mente já está seguindo esse caminho,
Que caminho? O da "transmutação em ciência"? Agora fiquei na dúvida... qual safada tá querendo roubar qual aqui?
O Gilberto, que é, sem qualquer sombra de dúvida, um especialista competente na área, já falou bem a respeito disso, dessa aleivosia, para dizer o mínimo, aqui empurrada.
talvez no futuro nos lembremos de Dennett não como filósofo mas como cientista cognitivo.
Assim como nos "exemplos" de Newton e Galileu? Má tentativa, meu caro. Comigo essa esparrela manipulativa não funciona. Dennett é tão cientista hoje quanto aqueles eram filósofos em seu tempo. O tempo passou e as coisas mudaram. E muito. Não se repete mais. Pelo menos não em um longo longo tempo.
O problema da filosofia é justamente esse, quando ela gera algo ''útil'' para a sociedade ela se transmuta em ciência, jamais sendo reconhecida,
Aaaaaaah isso é poético! Tadinha... assim como a feia lagarta "transmuta-se" numa bela borboleta e é esquecida...
Isso é tão poético que até me faz perceber que Camões e a poesia também foram injustiçados... quando aquele trecho de soneto: "muda tanto que muda até na maneira de mudar" se "transmutou" de poesia em matemática o biltre do Newton se apropriou da ideia (e o sacripanta do Leibinitz também). Que nefasto!
Gostei do ''útil''.
mas devemos lembrar que todas as ciências se originaram da filosofia.
E que o homem foi feito de barro; e que deus vigia todos nós...
Uuuuxa é tanto dogma pra lembrar...
Recomendo a leitura de livros introdutórios como Os problemas da filosofia e História da filosofia ocidental ambos de Bertrand Russell.
Olha, o Bertrand andou postando por aqui esses dias. Pela qualidade dos posts não me animo muito a ler livros dele não.
Em respeito ao verdadeiro Bertrand Russell que, me consta, teria respondido "Poincaré" à pergunta "qual o maior dos homens a já ter pisado em solo francês?" faço este específico reconhecimento ao reconhecimento dele, nada mais. Não vejo motivo para desperdiçar tempo lendo qualquer livro dele.
*Questões como ''Qual a aceleração da gravidade na terra?'' e ''Quem descobriu o Brasil?'' obviamente não são filosóficas, por outro lado questões como ''O que é um número?'' ou ''Existe uma lógica subjacente a História?'' são filosóficas.
"O que é um número?" só é pergunta filosófica se você não quiser saber/responder o que um número é. E, se existem padrões que podem ser cientificamente delineados na História? Claro que sim. Sem filosofia alguma.
EDIT: Corrigir inconsistências.
AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!!!!!!!!!!!!!!!
Essa foi boa demais, cara! Candidata a pérola do ano!