Em relação ao homossexualismo na Grécia Antiga.
Já li várias obras que falam disso. A concepção de que os antigos gregos "valorizavam" o homossexualismo ou de que esse comportamento era altamente prevalente entre toda a população e considerado algo "cult" ou "sofisticado" é completamente falsa, um mito. Um mito semelhante a esse é o que afirma que a Roma antiga era um eterno festival de bacanais, mas não tratarei disso agora.
Em relação ao homossexualismo na Grécia antiga, irei citar agora o que é quase certeza, o que é falso e o que é duvidoso (ou seja, ainda não existe consenso entre os estudiosos).
Verdadeiro
- Entre os antigos gregos, não era considerado degradante ou vergonhoso (ao menos no nível atual) um homem ter relação homossexual
no papel ativo. Em outras palavras, os homens podiam ocasionalmente comer o rabo de outro e sequer serem considerados "homossexuais" por conta disso.
- O homossexualismo no papel passivo, por outro lado, era considerado vergonhoso e altamente depreciativo para quem o praticava. Os homossexuais ou bissexuais passivos não eram perseguidos e vilipendiados em um nível comparado ao existente em outras sociedades (antigas e modernas), porém não gozavam do mesmo prestígio social de quem não era homossexual passivo. Em outras palavras, não eram considerados "homens" plenos. Praticar coito homossexual passivo era algo a ser escondido.
- O papel homossexual ativo era sinal de dominância ou superioridade sobre quem fazia o papel passivo.
- Na Grécia, existia um sistema de tutoria, onde um homem mais velho (cidadão pleno, maduro e prestigiado) ficava encarregado de educar jovens (entre 12 e 17 anos) nos conhecimentos necessários para tornarem-se "homens". Esse sistema era antigo. Muitas vezes os tutores assediavam sexualmente os jovens (alguns ofereciam preceptoria já com esse intento), mas isso não era uma regra geral, ou seja, nem todos os casos de preceptoria de jovens (não se sabe a percentagem) envolvia qualquer intuito de pederastia. E entre os casos pederásticos, uma pequena minoria resultava em coito homossexual, que era considerado altamente degradante para o passivo e, portanto, era socialmente inaceitável para qualquer jovem com intenção de ser um cidadão respeitado.
- Na Grécia, havia uma tolerância ao homossexualismo comparável ao atualmente existente nos países democráticos ocidentais.
Falsos
- O homossexualismo (papel passivo) NÃO era algo considerado "cult" e não era bem visto pela grande maioria da população. Muitos autores e peças de teatro da época citam inúmeras formas de ofensa insinuando que alguém era homossexual passivo. Eu li as histórias de Heródoto e não achei NENHUMA referência a um suposto homossexualismo prevalente e respeitado entre os gregos (Heródoto conta com detalhes os costumes de vários povos), ao contrário, vi diversas passagens com críticas pejorativas a "efeminados".
Duvidosos
- Ainda não se sabe se a busca por pederastia era algo restrito à aristocracia (papel dominante) ou se era disseminado entre toda a população.
Não comentei algumas afirmações do gas980 que não fazem o mínimo sentido e são pura viagem na maionese, tais como "o conhecimento que um casal gay gera não é o mesmo de um casal homossexual" (

). Não entendi essa idéia de que filósofos e cientistas formam "casais" (gays ou não) para pesquisarem e produzirem conhecimento, ou de que os casos de homossexualismo na Grécia ocorriam com algum intuito outro (Ex: "gerar conhecimentos", alguma forma de benefício à sociedade, etc) além da própria satisfação sexual em si.