Vale tudo pra desacreditar a política de cotas raciais, inclusive apresentar o argumento de que é impossível classificar as raças de acordo com o fenótipo.
Não acho que tenha sido feito exatamente esse argumento, "é impossível identificar faças de acordo com fenótipo, logo não é possível haver cotas" (até porque as cotas raciais são para pessoas com
ascendência negra ou indígena, não apenas para pessoas racialmente "puras", muito mais raras, especialmente se tratando de negros), mas qual é a relevância da "identificação de raças de acordo com fenótipos", se o que conta é a
auto-identificação do indivíduo, e não a avaliação de terceiros, a minha ou a sua?
Foi inclusive o Juca quem trouxe a foto de uma pessoa que ELE julga ser branca, que está acusando de fraude, apesar de não conhecer qualquer histórico pessoal/familiar. O Geotecton e eu, dos que me lembro, apontamos que isso está dentro do critério atual, auto-identificação, que evita as arbitrariedades do sistema anterior, onde avaliaram que gêmeos
idênticos tinham raças diferentes. Acaba sendo
o Juca a apontar problemas com o sistema de cotas raciais (talvez preferindo a volta do julgamento racial por terceiros), apesar de sim, haver casos mais defensáveis como fraudes, onde a pessoa admitidamente não se considerava negra ou parda. Ainda que talvez seja um caso de
transracialidade posterior, se formos analisar cuidadosamente, o que pode de qualquer forma suscitar questões sobre as políticas de cotas, de acordo com a prevalência e considerações sobre adequação das cotas para essas pessoas.
Mas às vezes vocês próprios se contradizem, escorregam.
Mas no mundo real, o racismo está aí, escurecendo as camadas menos favorecidas. Isso é irrefutável!
Tenho quase certeza que ninguém aqui negou existir racismo. Será que só dá para defender cotas raciais nas faculdades com espantalhos ou com ataques pessoais?
Na prática o que conta é o fenótipo. Se a pessoa é branca e tem um tataravó negra, por exemplo, ela não vai sofrer racismo, e no final das contas é isso o que importa.
O que importa então seria o indivíduo
sofrer racismo, não ser negra, parda ou indígena. São coisas diferentes.
Mas evidentemente estudar em faculdade não é tratamento para trauma de ser vítima de agressões raciais ou práticas racistas, nem indenização para a vítima.
Tampouco punição para crimes de racismo ou injúria racial que vitimaram ao indivíduo.
É apenas discriminação racial reversa, e não menos injusta por isso.
Se o povo brasileiro é composto na maioria de mestiços, não há justificativa das universidades serem compostas pela esmagadora maioria de pessoas claras.
Ou os negros tem alguma deficiência cognitiva que justifique essa desvantagem? 
"Os negros" não tem uma desvantagem, pois não são um "time", e "os brancos", outro.
As notas não são dadas de acordo com raças. As mesmas respostas dão a mesma nota, seja a pessoa branca, parda, preta, amarela, vermelha ou verde.Há um VASTO número de brancos que não entram nas faculdades por não tirarem nota suficiente, também.
Branco não tem passe livre só por ser branco. Eles não "desfrutaram da vantagem que os brancos tem", ela não existe aqui, a entrada faculdade é meritocrática quanto ao que é avaliado, a assimilação do conhecimento e habilidades relacionadas.
Há variação na assimilação dos conhecimentos e habilidades avaliados nos exames de admissão, que não requer haver "deficiência cognitiva" em si -- e muito menos racismo na avaliação.
Deficiência cognitiva propriamente dita poderá também ocorrer, e será mais comum, dentre as pessoas mais pobres, que se desenvolveram em períodos mais críticos em ambientes menos estimulantes, sendo mais vítimas de problemas como desnutrição, negligência, e agressão. Mas essas pessoas provavelmente não estão sendo significativamente beneficiadas pelas cotas, que tendem a favorecer mais à nata/elite do grupo designado. Índios, brancos, negros e pardos menos pobres.
Mas no mundo real, o racismo está aí, escurecendo as camadas menos favorecidas. Isso é irrefutável!
Apelo à piedade.
Acho que é mais uma combinação de espantalho e non sequitur do que apelo à piedade. Pelo que entendo, apelo à piedade seria mais nas linhas de "tenham dó de mim e aceitem meu argumento", uma espécie de ad hominem às avessas e também "dirigido" à pŕopria pessoa.
O "apelo à piedade" feito aí não seria o tipo "falacioso", mas simplesmente humanitário. Dizer "deve-se socorrer emergencialmente as vítimas de acidentes para salvar suas vidas" também "apela à piedade", sem no entanto ser uma falácia de apelo à piedade. Mas diferentemente desse exemplo, entra o non-sequitur, que é propor que reservas de vagas em faculdades sejam maneira justa e eficiente de tratar o problema.