Barata, AMBOS os estudos dizem fundamentalmente o mesmo, e o equívoco que se pode cometer na leitura de um é o mesmo que na leitura de outro: embora a imensa maioria dos casos de violência contra mulheres seja doméstica isto não implica de modo algum que a maioria das violências domésticas seja contra mulheres.
Esse seu erro (básico, aliás, dá tristeza, eu já vi outros cometerem o mesmo erro em outro tópico, mas de você eu realmente esperava mais embora saiba da sua firme guarda de posição quanto a questões de igualdade).
O que você espera que se leia destes 40% e 6% é que a casa é um lugar mais perigoso para mulheres, não é: se os 40% das mulheres se referem em números absolutos a mais ou menos a mesma quantidade que os 6% dos homens então não se pode dizer coisas como "mulheres estão em maior risco de violência doméstica que homens" ou "o ambiente de casa é mais perigoso para mulheres".
O que se pode deduzir REALMENTE destes números é que tanto nos EUA quanto no BR o ambiente não doméstico é muito mais perigoso para os homens e o doméstico é razoavelmente equilibrado no que diz respeito às prevalências de agressões e mais ou menos igualmente perigoso para ambos.
Quanto à delegacia de mulheres, continua se esquivando do ponto, mantendo os exemplos de saúde só que mudando a doença: o câncer de mama é uma doença que afeta 99 vezes mais mulheres que homens. Nenhum problema em haver um hospital específico para câncer de mama (como nenhum problema em haver uma delegacia contra violência doméstica), mas todo o problema em haver um hospital específico para mulheres com câncer de mama, cujas portas não recebam homem portadores da mesma doença para a qual aquele hospital tem os equipamentos e profissionais mais habilitados.
Mas continue correndo do ponto e guardando a sua posição. É bom ter princípios.