Por exemplo a ressurreição de Cristo é explicado por todos os quatro escritores e narradas de uma forma desigual. Se fosse um mito as declarações seriam todas iguais, mas não é assim que vemos. Cada um escreveu de acôrdo com as investigações.
Cada evangelho foi escrito numa época diferente e se adaptou a isto. Por exemplo, a cada evangelho, mais a culpa da morte de Jesus passa para os judeus e mais é aliviado o lado dos romanos (claro, eles não iriam acusar seus dominadores).
Marcos foi o primeiro. Os outros se basearam nele, mas mudaram alguma coisa. Marcos fala de zumbis saindo dos túmulos, os outros devem ter achado exagerado e tiraram esta parte. Para compensar, enfiaram mais milagres.
E nada impede que cada um conte um mito de um jeito. "Quem conta um conto, aumenta um ponto", diz o ditado.
Muita coisa foi tirada do "Documento Q", uma coleção de ditos resultantes
da mistura da filosofia estóica/cínica grega com o messianismo judeu.
Quando os evangelistas inventaram uma vida terrena para Jesus, cada um
localizou os ditos em contextos diferentes. Exemplos:
-Jesus fala sobre a força da fé, em Lucas 17:05 e Mateus 17:20. Em Lucas, o fato
ocorre durante uma jornada a Jerusalém, a pedido dos discípulos. Em Mateus, é
dito por Jesus na Galiléia, ao explicar porque os apóstolos não tinham conseguido
expulsar os demônios de um epilético, pouco depois da Tranfiguração (aliás, como
até hoje ninguém conseguiu mover uma árvore ou uma montanha com a força da
fé, conclui-se que ela é menor que um grão de mostarda na maioria das pessoas).
-A oração do Pai Nosso é ensinada, em Lucas 11:01, a pedido dos discípulos e
apenas a eles, na viagem a Jerusalém. Em Mateus 06:09, ela faz parte do Sermão
da Montanha, dirigido a uma multidão.