Imagine por hipótese que um crime ocorreu num determinado local, e não ficou a menor evidência material de quem o pudesse ter cometido. Mas uma testemunha presenciou o ocorrido, viu e identificou o criminoso. O relato dessa testemunha seria válido? E se fossem duas testemunhas? E se fossem 1000 testemunhas? Seriam válidos os seus testemunhos em conjunto num tribunal?
Falsa analogia. Acontece que no caso do espiritismo estas pessoas não testemunharam espíritos, mas supostos fenômenos que são atribuídos por elas a espíritos.
Os relatos espíritas ocorrem em todos os cantos do planeta. São milhões de testemunhas que os relatam. Algumas poderiam estar equivocadas. Outras poderiam estar mentindo. Outras ainda poderiam estar alucinadas. Mas será que não há uma que mereça confiança? Será que não há várias que mereçam meia confiança?
Não são relatos espíritas. São relatos de acontecimentos
aparentemente sem explicação, são erros de interpretação e ilusão de ótica em alguns casos, meros fenômenos naturais em outros e invenção e mentira em outro tanto. Alguns podem fugir disso e permanecer sem explicações, o que não quer dizer que sejam inexplicáveis, apenas que quem presenciou não tem acesso a todos os dados e não sabe realmente o que ocorreu.
É você quem está afirmando que são os espíritos que provocam estes acontecimentos, o que é uma crença sua, mas não constitui uma correlação obrigatória.
Imagine por hipótese que, em 1 milhão de pessoas, todas têm apenas 5% de chance de estarem dizendo a verdade ao relatar um fato. Qual seria a probabilidade de pelo menos uma delas não estar mentindo? É quase 100%. Pela diversidade e similaridade dos relatos, em várias partes do mundo, em todas as crenças, em todos os tempos, em todos os povos, podemos dizer que o fenômeno espírita é estatisticamente comprovado.
Eu não diria que os relatos são tão similares assim. A "explicação" varia entre espíritos, elementais, demônios, ets, fenômenos paranormais, etc..., dependendo da crença pessoal da testemunha.
E de novo. Mesmo que se comprove algum caso, será um "fenômeno sem explicação", não um "fenômeno espírita". Quem está dizendo que a explicação para tal fenômeno é espírita é você. Portanto, se existirem "fenômenos sem explicação" estatisticamente comprovados não quer dizer que são "fenômenos espíritas" estatisticamente comprovados.
Não sei se você já assistiu o programa do canal "Discovery" chamado "Assombrações". Ele é todo baseado em testemunhos. Eu quando vejo o programa, parece que estou lendo o caso do espírito de Castelnaudary no livro O Céu e o Inferno. Não há nenhuma impossibilidade ou contradição nos testemunhos, analisando-os segundo a doutrina espírita. É claro que algumas explicações que o programa fornece não são propriamente espíritas e temos que considerar isso, mas os relatos são perfeitamente factíveis, segundo a explicação da doutrina. E tudo isso contado por pessoas que parecem jamais ter tido contato com as obras de Allan Kardec. É verdade que são evidências circunstanciais, testimoniais, e não é possível 100% de certeza em nenhum caso. Mas a multiplicidade delas não nos permitem duvidar.
Primeiro é necessário colocar que este tipo de relato, tomado vários anos após o ocorrido e ainda mais para um programa de tv, não é exatamente um poço de credibilidade. As pessoas tendem a "colorir" suas lembranças com o passar do tempo, de forma consciente ou não. E ainda mais quando sabem que suas "memórias" vão virar um programa de tv.
Dito isto, vamos considerar que alguns casos mostrados não sofram deste mal e sejam um relato fiel do que ocorreu.
O que você ainda não entendeu, e é o que eu venho repetindo, é que mostrar a validade de qualquer um desses fenômenos não implica necessariamente em mostrar a validade da hipótese espírita. É possível criar uma ou mais "explicações" não científicas completamente consistentes com os relatos e que prescindem completamente da necessidade da existência de espíritos. Essa explicação pode ser tão boa ou até melhor que a espírita. E tão infalseável quanto esta. Haja vista que não se pode excluir nenhuma delas por nenhum mecanismo lógico ou empírico, a escolha da "explicação" não passa de mera questão de fé.
Há ainda certas impossibilidades (ou pelo menos grandes dificuldades) de certas falsificações ocorrerem. Chico Xavier é um exemplo. Ele teria falsificado mais de 500 autores espirituais. E isso a troco de nada. Se eu tivesse uma habilidade dessas eu com certeza a usaria para ganhar a vida honestamente, como imitador. Mas ele não o fez. Portanto, se não é impossível que ele tenha falsificado estes estilos, é pelo menos bastante improvável.
Já li uns textos psicografados por ele em nome de alguns poetas famosos e postados em algum lugar do fórum. Sinceramente, pelo menos nos textos que foram postados, não consegui ver a tal habilidade em imitar o estilo de cada autor, apenas textos repetitivos sobre punição kármica e coisas do gênero. Não sei se os outros textos são de melhor qualidade, mas estes deixaram a desejar.
Mas se formos considerar as fotos de "materializações" que ele tirou junto com Waldo Vieira no começo da carreira, as evidências não lhe são muito favoráveis...
Essa é só uma opinião e normalmente não é aceita pelos céticos. Mas vocês têm o direito de crêr ou descrer naquilo que bem entenderem. Assim também é conosco.
Quando se trata de crer ou descrer, cada um crê naquilo que bem entender. Mas quando se trata de provar algo é necessário muito mais do que o espiritismo tem fornecido até agora como evidência.