Qual o método para avaliar se corresponde ou não? Qual o método para avaliar se certa marca é ou não suficiente?
É isso que eu chamo de subjetivo. Eu poderia pegar qualquer afirmação de alguém, que seja totalmente inventada, sobre algo em uma vida passada, e relacionar as estrias da pessoa.
Errado, sem estrias. Stevenson informa que embora alguns sinais de nascimentos que ocorrem nestas crianças sejam nevos "costumeiros" hiperpigmentados (pintas) de que cada adulto tem algum, a maioria não é. Em vez disso, eles são mais enrugados e lembram uma cicatriz, às vezes impressos um pouco abaixo da pele adjacente, áreas com falta de cabelo, áreas de pigmentação notadamente diminuídas (máculas hipopigmentadas), ou manchas de vinho do porto (nevipammri). Quando um sinal de nascença relevante é um nevo hiperpigmentado, é quase sempre maior em área que o nevo hiperpigmentado "costumeiro". Semelhantemente, os defeitos de nascença nestes casos são de tipos raros e raramente correspondem a quaisquer dos "padrões reconhecíveis de malformação humana".
Certo. Mas qual a avaliação estatística disso?
Basicamente, Stevenson diz que a superfície (área) da pele de um homem adulto é aproximadamente 1,6 metros quadrados (isso daria um quadrado com 1,264911 metros de lado). Então Stevenson resolveu dividir esse quadrado em quadrados menores, com dez centímetros de lado. Ele calcula que o quadrado maior poderia conter 160 quadrados menores, o que é correto. Qual seria a probabilidade, portanto, entre uma marca de nascença de uma pessoa qualquer e uma marca de ferimento mortal de uma pessoa falecida estarem ambas situadas dentro de um desses quadrados hipotéticos? Resposta: 1/160. Se houver duas dessas coincidências, então a probabilidade é 1/160 x 1/160, que é igual a 1/25.600.
Qual o problema nesse cálculo? Além da diferença no tamanho da superfície da pele de um adulto e de uma criança, e do problema da distribuição não uniforme dos sinais de nascença (dito pelo próprio Stevenson), há uma questão muito mais grave, de natureza matemático-estatística mesmo, e que se prende à questão de como Stevenson está realmente usando os dados que ele possui. Stevenson está nos levando a crer que ele considera para esse cálculo dele quaisquer dois sinais (onde o sinal 1 é o sinal de morte da "personalidade prévia", e o sinal 2 é o sinal de nascença da "reencarnação da personalidade prévia") que se encontrem dentro de tal quadrado com dez centímetros de lado. Ou seja, mesmo se um sinal estiver a 14,14 cm de distância do outro, Stevenson ainda assim consideraria tal dupla como estando dentro do mesmo quadrado, já que a diagonal do quadrado de dez centímetros de lado seria igual a 14,14 cm. O problema é que Stevenson não fornece claramente, com relação a cada caso do artigo, a distância entre o sinal de morte e o sinal de nascença. Então somos obrigados a considerar, baseados no relato dele, que mesmo sinais distando 14,14 cm seriam considerados como "no mesmo quadrado hipotético". O ponto chave desta questão é esse: a distância que Stevenson está nos levando a considerar é de 14,14cm entre os dois sinais! Como devemos então, anatomicamente, tratar tal distância de 14,14cm para fins estatísticos? Sem dúvida, não usando dos quadrados hipotéticos de Stevenson, pois eles não existem no corpo. Imaginemos que o corpo fosse de fato dividido em quadrados menores. Bem, nesse caso poderíamos até usar do critério de Stevenson, mas ele implicaria que se um sinal estivesse, digamos, bem perto de outro (3 cm, por exemplo), talvez não contasse como "acerto", já que poderiam ser sinais em quadrados diferentes. Mas o corpo não é dividido em quadrados pequenos, e nem Stevenson os dividiu assim. A única maneira de usar a distância sugerida por Stevenson de um modo anatômico-estatístico correto é tomarmos 14,14 cm como o raio de um círculo, e não como a diagonal de um quadrado. O que temos então que de fato fazer é considerar tal distância de 14,14 cm como o raio de um círculo e calcularmos qual a área deste círculo, e usarmos tal área para definirmos qual a probabilidade de tal dupla de sinais estar situada nesse mesma área. Então, a fórmula da área do círculo é pi x raio elevado ao quadrado. O raio, de 14,14 cm, elevado ao quadrado é igual a 199,93, e isso vezes pi (3,14) é igual a 628 centímetros quadrados de superfície. Se o total da superfície considerado é de 1,6 metros quadrados, então 628 centímetros é igual a 1/25 desse total (16.000 dividido por 628), e essa é a verdadeira probabilidade de um par de sinais (morte-nascença) estar situado na distância que Stevenson usou (ou que ele nos levou a crer que ele usou), de 14,14 cm entre si. Essa probabilidade ainda é estatisticamente significativa, com p = 4%. (1/25).
Depende se você confiar no avaliador.
O avaliador que você diz é o cientista que avalia o caso? Há bastante replicação independente quemostra que não há maiores problemas por parte do cientista que investiga o caso.