Autor Tópico: Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência  (Lida 133259 vezes)

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Offline Sergiomgbr

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #675 Online: 27 de Fevereiro de 2012, 19:01:17 »
Como o Cientista colocou, exatamente.

Para qualquer x diferente de realidade, x = ilusão.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Gigaview

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #676 Online: 27 de Fevereiro de 2012, 19:59:37 »
Como o Cientista colocou, exatamente.

Para qualquer x diferente de realidade, x = ilusão.

Jogando lenha na fogueira (ou como atiçar pruridos anti-filosóficos) :P

O real é tido como aquilo que existe, fora da mente. Ou dentro dela também. A ilusão, a imaginação, embora não esteja expressa na realidade tangível extra-mentis, existe ontologicamente, onticamente* (relativa ao ente - vide Heidegger in "Ser e tempo")*, ou seja: intra-mentis. E é portanto real, embora possa ser ou não ilusória. A ilusão quando existente, é real e verdadeira em si mesma. Ela não nega sua natureza. Ela diz sim a si mesma. A realidade interna ao ser, seu mundo das ideias, embora na qualidade de ens fictionis intra mentis (ipsis literis, in "Proslogion" de Anselmo de Aosta - argumento ontológico), ou seja, enquanto ente fictício, imaginário, idealizado no sentido de tornar-se ideia, e ser ideia, pode - ou não - ser existente e real também no mundo externo. O que não nega a realidade da sua existência enquanto ente imaginário, idealizado.http://pt.wikipedia.org/wiki/Realidade

Isso deve render mais umas 15 páginas de conversa fiada.  :biglol:

Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline Geotecton

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #677 Online: 27 de Fevereiro de 2012, 20:19:54 »
Como o Cientista colocou, exatamente.

Para qualquer x diferente de realidade, x = ilusão.

Jogando lenha na fogueira (ou como atiçar pruridos anti-filosóficos) :P

O real é tido como aquilo que existe, fora da mente. Ou dentro dela também. A ilusão, a imaginação, embora não esteja expressa na realidade tangível extra-mentis, existe ontologicamente, onticamente* (relativa ao ente - vide Heidegger in "Ser e tempo")*, ou seja: intra-mentis. E é portanto real, embora possa ser ou não ilusória. A ilusão quando existente, é real e verdadeira em si mesma. Ela não nega sua natureza. Ela diz sim a si mesma. A realidade interna ao ser, seu mundo das ideias, embora na qualidade de ens fictionis intra mentis (ipsis literis, in "Proslogion" de Anselmo de Aosta - argumento ontológico), ou seja, enquanto ente fictício, imaginário, idealizado no sentido de tornar-se ideia, e ser ideia, pode - ou não - ser existente e real também no mundo externo. O que não nega a realidade da sua existência enquanto ente imaginário, idealizado.http://pt.wikipedia.org/wiki/Realidade

Isso deve render mais umas 15 páginas de conversa fiada.  :biglol:

Se o Agnóstico estivesse por aqui ele diria simplesmente... Groselha! :biglol:
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Offline Sergiomgbr

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #678 Online: 27 de Fevereiro de 2012, 20:57:02 »
Como o Cientista colocou, exatamente.

Para qualquer x diferente de realidade, x = ilusão.

Jogando lenha na fogueira (ou como atiçar pruridos anti-filosóficos) :P

O real é tido como aquilo que existe, (...)

Isso deve render mais umas 15 páginas de conversa fiada.  :biglol:
Isso também tá bom de jogar naquele tópico do TMAG de "Textos pós modernistas". :hihi:
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Cientista

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #679 Online: 28 de Fevereiro de 2012, 01:56:47 »
Em resumo, como não existe livre arbítrio mas temos a sensação de que existe, o que temos é uma ilusão de livre arbítrio. Você tanto contrariou o Agnóstico e agora diz exatamente o mesmo que ele.

Putz, você deve estar tirando isso de uma realidade paralela.

No outro tópico eu fiquei umas trinta páginas tentando explicar para o Agnóstico por que livre-arbítrio não existiria, só para no fim semi-desistir e conceder um livre-arbítrio "fraco", algo ilusório, que "existe na prática cotidiana".
Ok, foi provocativo mesmo (intencionalmente). Digamos que não exatamente o mesmo que o Agnóstico, mas quase (ou talvez até o mesmo mesmo, já nem sei mais). É que o "para fins práticos" que você disse, no contexto, pareceram palavras do próprio Agnóstico.



No que isso for apenas em analogia para o problema de qualia, do meu ponto de vista ele não se trata em afirmar que existiria uma "vermelhidão de verdade", mas sim em como "temos a sensação" disso.
O "temos a sensação" é o cerne do "problema" que você (acha que) vê. *Como ocorre o processo* é que seria a questão (não há nada para *ter* *sensação* nenhuma). E, nesse sentido, já está esclarecido. Você próprio tenta dissociar qualia de consciência mas aqui mesmo se deixa flagrar em contradição só em escrever "temos a sensação", e mais ainda em outros posts em que fala da "captura de tela" como um suposto meio de confirmar se o quale do outro é o mesmo seu; "(do) outro", "seu". Entende?

Sabe que é uma e a mesma "coisa" (nada real, só ilusão sobre ilusão). É impressionante, eu sei. Também "tenho" a mesma "sensação". E já disse que sei que jamais poderei apontá-la diretamente para "mim mesmo" (a Medusa se olhando no espelho, lembra?). E essa é UMA das razões porque tenho que jogar fora a subjetividade -- porque não posso esperar toda a eternidade (que é só mais uma abstração subjetiva) para "confirmar" alguma coisa. Outras razões há, entre as quais, como VOCÊ bem sabe, que já descobrimos que não existimos sempre, então teríamos que apelar para uma emergência sinérgica mágica de sistemas complexos, o que não corrobora com fatos conhecidos da física e da análise de sistemas complexos.


Uma coisa que eu percebo agora é que, curiosamente, parece ser justamente por abordar a questão pelo viés dito 'fisicalista' que os propositores de uma "realidade subjetiva de qualia" parecem não apreender a (ir)realidade física da coisa. Quase um paradoxo. Na verdade, procuram de algum modo na física o que não é físico e talvez seja por isso, me parece agora, que conseguem mesmo acreditar que não haveria relação alguma entre fenômenos ilusórios conscientes como qualia e alguma fantasmagoria maquinal. Colocam tudo na conta do "algo que AINDA não sabemos (mas que deve ser físico de algum jeito porque sou cético e, por definição, não posso propor nada transcendente)". É a famosa "lacuna" mesmo, como você mesmo disse aqui.



Citação de: Cientista
Observemos que se o dispositivo converter até mesmo os sons ouvidos, quaisquer parâmetros sonoros, o indivíduo poderá ouvir um som "como se fosse outro" mas esse "outro" som é exatamente o mesmo que ele ouviria da forma como é se não tivesse a interface tradutória a mais que tem. Por isso, todo o fenômeno da consciência deve ser originário de interfaces tradutórias entre diversos processamentos linguísticos.

Acho que não entendi. Você sugere que colocando um aparelho que fizesse todos sons ficarem n% mais graves ou agudos, ou aplica qualquer outro "filtro", e o que a pessoa perceberá subjetivamente não será isso, porém o que qualquer outra pessoa sem esse aparelho ouviria, como se esse filtro não existisse?
Não. Simplifiquemos para uma situação bastante restrita. Se eu converto um som de 1Khz para 10Khz... Não, melhor que isso, invertamos toda a escala audível para uma pessoa nunca ouvir de outra forma. Ela apenas chamará um som de 100Hz de agudo e outro de 15Khz de grave. Mas as codificações internas sensoriadas a partir dos tímpanos serão as mesmas que as de outro ouvinte sem o conversor externo. Eu não quero chamar atenção aqui para o simples fato de que o ouvinte do conversor dá nomes diferentes/trocados para uma mesma captação sensorial. O que eu quero explicitar é o efeito das conversões e codificações para a percepção sensorial; como elas ao mesmo tempo "trocam" e não trocam nada na percepção. Talvez seja um pouco inusitado para você perceber de pronto. Mas se realimentarmos isto aqui (entre nós) o entendimento do processo pode ser efetivado.




[...]
O que quero tentar esclarecer definitivamente a respeito do significado de ilusão que uso para o "problema" dos qualia é que o "problema"  jamais desaparecerá até mesmo quando não for mais um "problema". Não será "resolvido". Não há nada para se resolver nisso. É uma ilusão. Não desaparece quando explicada.

O que ninguém sugere que deveria ocorrer.
Não é o que me parece(u). Mas se assim é(fosse) nem vejo(ria) mais qualquer sentido em discutir isto.



O problema é justamente como explicar tal ilusão (a chamada "lacuna explicativa").
Ilusão *É* a explicação. Não é ilusionismo; não é miragem; nem mesmo alucinação, que eu já tentei usar como introdução conceitual para descer mais abaixo no nível ilusório da consciência. Não é ilusão *da* consciência; é ilusão *de* consciência. Não há mais nada para "explicar". Nem o "explicar" aqui existe. É só uma invenção filosofista para mais que combater o fisicalismo -- para fugir da realidade. É um novo culto e tem tooooodas as típicas características de dar dó de ver.



O que não existe não pode desaparecer. Não tem truque nenhum aí para ser desmascarado, nenhuma prestidigitação; não há comparabilidade com algo que o Mister M revele. As coisas que o Mister M revela estão mais para a sua definição de folk realism. Estão na realidade física observada. A ilusão dos qualia (e só de eu dizer isso já deixa claro que as duas palavras não podem ser entendidas como sinônimos) é uma ilusão interna de decodificação perceptiva. Eu já disse antes: a cor é um nome, uma informação, traduzível por um número (ou melhor, um número traduzível por um nome), numa língua diferente. A "vermelhidão" do vermelho só está dizendo vermelho numa outra codificação.

Exato, porém dizer que "é só uma outra codificação", é meio como dizer que "os genes são só o substrato da hereditariedade" antes de se conhecer a estrutura do DNA, mas achar que a o problema se encerra aí, e então fazer pouco caso de qualquer um que sugerisse haver mais a ser explicado do que simplesmente "leis da hereditariedade".
Acho que eu é que não entendi agora. Em que conhecer a estrutura do ADN mudaria o fato de que os genes são o "substrato da hereditariedade"? As leis intrínsecas da hereditariedade são substratadas nos genes mas nenhuma estrutura genética está isolada do resto do universo e não pode ter só suas próprias soberanas leis, o que não muda nada o fato. Se é "meio como isso" então obrigado por me apresentar um homólogo modelar a dar mais respaldo à minha descrição dos fenômenos conscientes 'quálicos' e outros quaisquer correlatos porque é "meio como isso" mesmo; assim como sua abordagem de qualia me parece (bem mais) "meio como isso" de alma fantasma na máquina.

Ou você está sugerindo que eu estou confiante demais em minha "aposta" e que eu deveria esperar para dar uma palavra peremptória? Esta é uma posição de precaução filosófica e talvez o porquê de se mostrar tão difícil me entenderem quando digo que um pensador científico só pode ter certeza ou não saber (não confundir com o "não saber agnóstico", que trata-se da mais cristalizada e arraigada manifestação de crença que conheço). Esclareçamos uma coisa importante. Existe um certo "problema" quando se planeja um empreendimento tecnológico que é muito diferente de filosofar. É *necessário* dar uma palavra final ou não se modela nem se projeta nada. Se eu considerasse o tal "imponderável ou seja lá o que seria for" que vocês vislumbram como possibilidade nos qualia ou na consciência, eu não teria nem como começar a pensar em fazer nada. Em ciência e tecnologia só há espaço para objetividade. Nada que aponte para qualquer outra direção mostrou qualquer valor até hoje. Não vou nessas direções. Eu não posso trocar alguma coisa por nada ou conjecturas devaneantes.



Repetindo, poderemos construir máquinas replicantes integrais da mente humana, termos nas mãos todo o projeto de construção, um diagrama circuital completo com toda a descrição funcional, as máquinas assim construídas falarão com você como eu ou qualquer outra pessoa fala, terão consciência de estarem vivas e de terem direitos gerais iguais aos seus, como tais, você poderá debater com elas esta mesma questão que debatemos aqui e muito provavelmente tentará alegar que elas seriam zumbis filosóficos

O que o leva a supor que eu "provavelmente tentaria alegar que elas seriam zumbis filosóficos"?

O tempo todo você parece partir da suposição de que eu tenho uma definição muito específica de "qualia". Simplesmente não temos como dizer se seria esse o caso ou não. O máximo que se tem em alguns casos hoje em dia é observação do fenômeno de "zumbi filosófico" de forma apenas parcial (visão cega, e talvez sonambulismo).
Você já fez isso. Aqui mesmo neste tópico. Lá pelo início. Eu teria que procurar, se você mesmo não lembrar, mas você pré-alegou isso na instância de existirem máquinas que se comportassem exatamente como humanos conscientes mas que não "experienciariam qualia de verdade" porque seriam só... zumbis filosóficos. Você pode ter/dizer ter considerado apenas como possibilidade, mas possibilidades aventadas são alegações. Se você estiver diante da situação que descrevi, posso muito bem supor que recorrerá ao ad hoc. De fato, eu vejo que você faz isso já agora, quando diz mais abaixo: "Vou apenas continuar sem saber. Tal como vamos todos ficar sem saber exatamente os porques/comos de interações aparentemente fundamentais da matéria."



Tais seres poderiam muito bem não ser; pode ser que zumbis filosóficos completos sejam coisas fisicamente impossíveis. No entanto admitir essa possibilidade não elimina o problema, de maneira alguma. Mais do que um argumento para eliminação, seria para emergência*.
Fisicamente impossíveis? E nós seríamos o que? Admitir essa possibilidade? Você não percebe mesmo o que significa admitir essa "possibilidade"?

"Zumbi filosófico completo" e o que somos seriam indistinguíveis um do outro por uma razão muito simples: são a mesma coisa. Assim como um universo com deuses ser indistinguível de outro sem deuses significar algo muito simples também: deuses não existem.

Você não reconhece, mas o que está defendendo É a existência da alma imaterial, metafísica, espiritual, religiosa, transcendente... ...mágica, como eu prefiro resumir. E pelo mesmo motivo fundamental que move todo crente em deuses: arrebatamento pelos profundos mistérios eternamente insondáveis da existência... Só está convencido de que não é isso porque crê que filosofar é algo muito realista e sóbrio, não religioso. Sinto muito, mas é assim que vejo.



mas não poderá demonstrar isso por meio algum e, com tudo isso, se tentar analisar todo o projeto da máquina, o que vai encontrar é apenas que muitos códigos se traduzem dentro dela e nada vai te dar a "resposta" que você busca simplesmente porque você não está fazendo pergunta alguma. Você não vai encontrar os qualia ou a explicação que procura para eles; a explicação já existe e não é a que você espera. Se não mudar suas perguntas continuará acreditando em "coisas", sempre fugindo da realidade. Eu prevejo tudo isto claramente e esta previsão é o resultado dedutivo de se entender qualia como ilusão. Se tudo isto que descrevi aqui ocorrer, como eu já disse, você, antecipadamente (até mesmo talvez por perceber que tudo isto pode e deve acontecer em algum momento do desenvolvimento tecnológico da neurociência e de sua reprodução), como eu já apontei, muito provavelmente lançará mão do recurso ad hoc do zumbi filosófico. Isto apenas significa que você se recusa a aceitar a explicação que é a única que se compatibiliza com todos os fatos contabilizados.

Bem, a meu ver não sou eu quem está "fugindo da realidade"; não sou eu que nego a ausência de explicação um fenômeno apenas por poder se categorizá-lo como uma ilusão ou por hipotetizar que esta ilusão exerce alguma função* ou apenas constatar que é paralela a ela.
Claro (espero isso pelo menos) que ao seu ver não é isso; assim como ao meu não é. Quem são e racional insistirá numa posição cônscia de fuga da realidade? Algum de nós está fugindo. Ao seu ver sou eu. Mas ao meu ver é você. O agravante para você é que o seu "ver" é filosófico e o meu é científico. Mas...

Não sei se estou entendendo. Você está dizendo que tudo o que afirma a respeito é que não sabe? Ótimo, tudo bem, embora esse discurso me pareça sensivelmente diferente do de antes. Mas, eu pergunto. Para que serve não saber nada? Podemos iniciar um projeto de replicador fundamentando-nos nisso? A questão filosófica permanecerá ad eternum para você? Por mim, pode ficar à vontade; respeito seu direito, mas sua posição não é científica.



Vou apenas continuar sem saber.
Sim, você deverá se proclamar um agnóstico em "eu" e qualia e..., o mais provável.



Tal como vamos todos ficar sem saber exatamente os porques/comos de interações aparentemente fundamentais da matéria.
Não há a menor possibilidade de comparação entre uma coisa e outra. Isso expõe o que eu disse antes: que você procura no dito fisicalismo o que, paradoxalmente, propõe que o fisicalismo não pode prover. Podemos realizar experimentos objetivos para investigar as interações fundamentais e descobrir coisas novas. Não há nada que indique que são ilusões em si. Se você vê comparabilidade possível, acho que me ajuda a entender melhor sua dificuldade.



A menos, talvez, que pessoas com uma inclinação diferente da sua eventualmente cheguem mais longe do que me parece ser possível.
Por que meio? Filosofando? Da minha "inclinação" dá para começar a fazer alguma coisa. E tem gente muito mais preparada (suponho até), em diversos sentidos, que eu seguindo essa "inclinação". Se alguém conseguir "ir mais longe", com toda probabilidade, será a partir desses trabalhos e não de filosofia.



* me parece que toda a percepção de não haver um problema/de tê-lo como resolvido num "eliminacinismo funcionalista ingênuo", algo mais ou menos nas linhas de, "existem códigos, variáveis internas para o processamento das informações sensoriais e outros processos mentais, isso a que chamam de 'qualia' nada mais é do que isso; pronto, acabou o mistério, sou um gênio! Todo mundo mais está iludido numa crença em duendes, meu deus, como sou esperto".
Você se detem demais em preocupações com "espertezas" seus desafios olímpicos. A questão não se encerra em discussões, se encerra em realizações, demonstrações práticas. (A não ser para filosofadores, é claro; para esses tudo se resume em conseguir convencer o outro de que é mais esperto, mas... felizmente, não sou filosofador) Isso aqui, para mim, são só pequeninos ensaios tangenciais iniciais. Se você está pensando que eu desejo te convencer de alguma coisa ou demonstrar que sou mais esperto que você, está profundamente enganado. Talvez pense assim porque seja o que você se esforça para fazer. Tudo o que eu quero é ver uma máquina não humana consciente, se possível, com alguma contribuição minha.






Vou tentar fazer um resumo/esclarecimento de diferentes "linhas filosóficas" sobre qualia.


Uma delas supõe que:

estímulo X  ?  processamento de X  ?  percepção subjetiva/qualia atribuido a X, que poderia ser qualquer coisa e nunca teríamos como saber porque não teria absolutamente nada a ver com os estados cerebrais dos processos resultantes do estímulo


Essa é a segunda mais problemática, depois apenas do "realismo ingênuo". Mas não é a única possível, o que talvez seja o que muitos imaginem quando se fala no assunto. Outra abordagem é:


estímulo X  ?  processamento de X  /  percepção subjetiva/qualia atribuido a X, que poderia hipoteticamente até diferir de pessoa em pessoa, mas cada quale é em última instância causado por/associado /equivalente a um estado cerebral específico


Essa é a perspectiva que julgo mais provável, mais parcimoniosa. O que o Cientista pareceu descrever em outro post me pareceu ser muito parecido com ela:
Qual post? Se deixei transparecer essa ideia, transpareceu errado; eu gostaria de corrigir. Não é equivalente a um "estado cerebral específico". Seria mais equivalente a um registro específico no cérebro, o que muda totalmente o conceito. Mas muito mais que isso, o fato é que o fenômeno não está numa estaticidade mas numa dinâmica, como eu já disse que minha abordagem linguística conjugada à abordagem modeladora implementável do Gilberto indicam.

Então o que proponho é (muito mais complexo que -- *e nada filosófico*) estímulo x, processamento inicial de x, -- em algum lugar aqui a formação do reconhecimento conexionista do padrão --  registro do processamento inicial de x, desconexão da linha de recepção sensorial externa, distorções e substituições por padrões internos previamente registrados..., comparações entre registros..., resposta, return...

É muito mais complexo que isso. Mas é a linha de projeto que pretendo seguir.



estímulo X  ?  processamento de X  /  percepção subjetiva/qualia atribuido a X, que é equivalente a um estado cerebral específico, este rigidamente associado ao estímulo X, sem qualquer camada de processamento que pudesse dar uma rotulação/criar uma ilusão diferente em indivíduos normais


A diferença me parece ser apenas que, ao Cientista, essa equivalência entre um estado cerebral e a experiência subjetiva parece não ser algo que sequer poderia suscitar qualquer espécie de indagação sobre "como", sendo de alguma forma algo auto-evidente que é "apenas" isso. Isso ou um desprezo total quanto ao "como", algo que remete ao behaviorismo. Enquanto que a mim (me parece ser também o caso do Iabadabadu) é algo bem longe de ser evidente, sendo possível apenas se ter uma ou outra interpretação razoável sobre como isso poderia ser o caso, mas estando ainda muito longe de entender, muito menos de ter como testar. Um pouco uma lei fundamental da física, ou algo que nos parecesse assim ser.
Está longe de ser evidente *diretamente*. Mas, indiretamente, não há nada mais evidente do que a ilusão do "eu". Eu já tentei várias vezes conduzir à observação de que, em ciência, a primeira coisa que temos que dispensar é nós mesmos. Há indivíduos que fazem isto sem nem mesmo perceber, mas, se não for assim, não há pensamento científico.


Todas as suas 3 apresentações filosóficas acima são a mesma. Você só definiu o "eu" de uma maneira diferente para cada uma. Muito simplista e tendencioso. Peticiona uma percepção subjetiva/qualia já na terceira fase do processo. Mas, vendo isso, eu percebo melhor o fulcro do seu triste dilema.

Offline Cientista

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #680 Online: 28 de Fevereiro de 2012, 02:02:09 »
Como o Cientista colocou, exatamente.

Para qualquer x diferente de realidade, x = ilusão.
Numa só sentença!

Espere só pouquinho que vou logo ali bater com minha cabeça na parede...

Offline Cientista

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #681 Online: 28 de Fevereiro de 2012, 02:07:01 »
Como o Cientista colocou, exatamente.

Para qualquer x diferente de realidade, x = ilusão.

Jogando lenha na fogueira (ou como atiçar pruridos anti-filosóficos) :P

O real é tido como aquilo que existe, fora da mente. Ou dentro dela também. A ilusão, a imaginação, embora não esteja expressa na realidade tangível extra-mentis, existe ontologicamente, onticamente* (relativa ao ente - vide Heidegger in "Ser e tempo")*, ou seja: intra-mentis. E é portanto real, embora possa ser ou não ilusória. A ilusão quando existente, é real e verdadeira em si mesma. Ela não nega sua natureza. Ela diz sim a si mesma. A realidade interna ao ser, seu mundo das ideias, embora na qualidade de ens fictionis intra mentis (ipsis literis, in "Proslogion" de Anselmo de Aosta - argumento ontológico), ou seja, enquanto ente fictício, imaginário, idealizado no sentido de tornar-se ideia, e ser ideia, pode - ou não - ser existente e real também no mundo externo. O que não nega a realidade da sua existência enquanto ente imaginário, idealizado.http://pt.wikipedia.org/wiki/Realidade

Isso deve render mais umas 15 páginas de conversa fiada.  :biglol:
15 páginas?!

Só o que tenho a dizer a respeito disso é: a dança do minueto até que é bonitinha (mas ordinária), não?

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #682 Online: 28 de Fevereiro de 2012, 11:02:24 »
Como o Cientista colocou, exatamente.

Para qualquer x diferente de realidade, x = ilusão.

O que é um "x diferente de realidade", no assunto em questão, e como se chega a conclusão de ser esse o caso?

Offline Sergiomgbr

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #683 Online: 28 de Fevereiro de 2012, 12:59:33 »
Como o Cientista colocou, exatamente.

Para qualquer x diferente de realidade, x = ilusão.

O que é um "x diferente de realidade", no assunto em questão, e como se chega a conclusão de ser esse o caso?
Imagino que esse seja o primeiro parágrafo das 15 páginas que o Gigaview profetizou, mas vai lá...

X no caso, representa toda colocação que não esteja calcada na possibilidade real ou iminente de ser analizada com premissas científicas, antes sendo objeto de questionamentos filosóficos.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #684 Online: 28 de Fevereiro de 2012, 14:06:48 »
No que isso for apenas em analogia para o problema de qualia, do meu ponto de vista ele não se trata em afirmar que existiria uma "vermelhidão de verdade", mas sim em como "temos a sensação" disso.
O "temos a sensação" é o cerne do "problema" que você (acha que) vê. *Como ocorre o processo* é que seria a questão (não há nada para *ter* *sensação* nenhuma).

Você tem um apego muito grande a rótulos e a sutilezas semânticas que parece não levar a lugar algum, exceto em parágrafos e parágrafos discorrendo sobre coisas de pouca ou nenhuma relevância, como "não existir" seleção aritificial, sexual e outras possíveis subcategorizações de seleção natural, mas apenas seleção natural.

Nos cérebros ocorrem processos que fazem os "indivíduos físicos" portadores terem/reportarem a ilusão de terem sensações. Está, OK?



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mas aqui mesmo se deixa flagrar em contradição só em escrever "temos a sensação"

Ainda estou para entender no que isso seria mais contraditório do que seleção sexual ou artificial com a natural.


Citar
e mais ainda em outros posts em que fala da "captura de tela" como um suposto meio de confirmar se o quale do outro é o mesmo seu; "(do) outro", "seu". Entende?

Isso não era de fato um "meio", no sentido de algo que deveríamos "buscar" fazer, mas justamente uma ilustração do problema.

Enquanto é perfeitamente possível "capturas de tela" e comparação com telas de verdade, não é o caso com nossas "telas internas" (ou isso dito de forma processual falando de aparelhos biológicos sem "eu" e blablablá, isso é, se é que podemos realmente dizer que existem tais efêmeras organizações de matéria no universo como "seres").

O mais parecido seria uma comparação de estados neurais,  o que nos dá no máximo o análogo a um "arquivo de imagem", mas no entanto ainda seríamos incapazes de entender como o cérebro nesse estado tem a experiência/ilusão que tem.

O melhor que podemos fazer por hora é apenas supor que é algo intrínseco a esse estado (seja lá como for), e que não seria possível que algo suficientemente parecido com o cérebro não ter tal ilusão ao mesmo tempo em que processasse tais informações nesse nível de processamento (em oposição a algo menos sofisticado, como a visão cega).

Mas, além de simplesmente não sabermos (assim como não sabemos sobre os porques de supostas leis universais) é apenas uma dentre tantas outras possibilidades, várias das quais não precisam descambar em mundos fantasiosos de fantasmas e duendes.



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Sabe que é uma e a mesma "coisa" (nada real, só ilusão sobre ilusão). É impressionante, eu sei. Também "tenho" a mesma "sensação". E já disse que sei que jamais poderei apontá-la diretamente para "mim mesmo" (a Medusa se olhando no espelho, lembra?).

Acredito que analogias com seres mitológicos/sobrenaturais não ajudam muito, seja para suportar ou refutar uma hipótese.

Enquanto que é perfeitamente razoável supor que entender como fisicamente ocorre uma ilusão não fará com que a pessoa pudesse se ver livre dela, isso não significa que seria necessariamente impossível entender algo além de que é uma ilusão, entender o "como".

Isso é, a menos que seja uma propriedade essencial do universo/da matéria em questão, que é mais ou menos o que eu venho colocando desde o começo como uma possibilidade razoável, embora "sem saída" da mesma forma. Tem certeza que está defendendo algo realmente diferente? Quero dizer, mais diferente do que "ser contra" a divisão entre seleção natural e artificial e não ser, sem no entanto acreditar que a última é sobrenatural, conduzida por duendes e fadas?

 

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Uma coisa que eu percebo agora é que, curiosamente, parece ser justamente por abordar a questão pelo viés dito 'fisicalista' que os propositores de uma "realidade subjetiva de qualia" parecem não apreender a (ir)realidade física da coisa. Quase um paradoxo. Na verdade, procuram de algum modo na física o que não é físico e talvez seja por isso, me parece agora, que conseguem mesmo acreditar que não haveria relação alguma entre fenômenos ilusórios conscientes como qualia e alguma fantasmagoria maquinal. Colocam tudo na conta do "algo que AINDA não sabemos (mas que deve ser físico de algum jeito porque sou cético e, por definição, não posso propor nada transcendente)". É a famosa "lacuna" mesmo, como você mesmo disse aqui.

Agora já me dá uma impressão totalmente oposta da que eu tinha até o trecho interior.

Parece defender dualismo, que há um "mundo das ilusões" separado do "mundo físico", já que o erro está em "procurar na física algo que não é físico"! (?)

A "opção" do fisicalismo se dá não apenas por "ser cético e não poder propor algo transcendente", mas por parcimônia mesmo. Surgem um bocado de outros problemas quase caricatos, quanto mais fenômenos atribuímos a uma suposta "realidade paralela" que não teria nada a ver com o mundo físico. Na sua versão completa é a conclusão de que o cérebro não serve para nada, apesar de todas as correlações de seu funcionamento com nossas capacidades e comportamentos.




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Observemos que se o dispositivo converter até mesmo os sons ouvidos, quaisquer parâmetros sonoros, o indivíduo poderá ouvir um som "como se fosse outro" mas esse "outro" som é exatamente o mesmo que ele ouviria da forma como é se não tivesse a interface tradutória a mais que tem. Por isso, todo o fenômeno da consciência deve ser originário de interfaces tradutórias entre diversos processamentos linguísticos.

Acho que não entendi. Você sugere que colocando um aparelho que fizesse todos sons ficarem n% mais graves ou agudos, ou aplica qualquer outro "filtro", e o que a pessoa perceberá subjetivamente não será isso, porém o que qualquer outra pessoa sem esse aparelho ouviria, como se esse filtro não existisse?
Não. Simplifiquemos para uma situação bastante restrita. Se eu converto um som de 1Khz para 10Khz... Não, melhor que isso, invertamos toda a escala audível para uma pessoa nunca ouvir de outra forma. Ela apenas chamará um som de 100Hz de agudo e outro de 15Khz de grave. Mas as codificações internas sensoriadas a partir dos tímpanos serão as mesmas que as de outro ouvinte sem o conversor externo. Eu não quero chamar atenção aqui para o simples fato de que o ouvinte do conversor dá nomes diferentes/trocados para uma mesma captação sensorial. O que eu quero explicitar é o efeito das conversões e codificações para a percepção sensorial; como elas ao mesmo tempo "trocam" e não trocam nada na percepção. Talvez seja um pouco inusitado para você perceber de pronto. Mas se realimentarmos isto aqui (entre nós) o entendimento do processo pode ser efetivado.

Não sei se entendi. Está dizendo que seria "inusitado" que uma pessoa pudesse se orientar de forma igualmente eficiente apesar de fazê-lo através de espectros invertidos? Mas isso não é inusitado, é algo quase que óbvio, e no mínimo pela popularidade da exposição, já que me parece ser o carro-chefe da argumentação de refutação do fisicalismo.



Citação de: Cientista
[...]
O que quero tentar esclarecer definitivamente a respeito do significado de ilusão que uso para o "problema" dos qualia é que o "problema"  jamais desaparecerá até mesmo quando não for mais um "problema". Não será "resolvido". Não há nada para se resolver nisso. É uma ilusão. Não desaparece quando explicada.

O que ninguém sugere que deveria ocorrer.
Não é o que me parece(u). Mas se assim é(fosse) nem vejo(ria) mais qualquer sentido em discutir isto.



O problema é justamente como explicar tal ilusão (a chamada "lacuna explicativa").
Ilusão *É* a explicação. Não é ilusionismo; não é miragem; nem mesmo alucinação, que eu já tentei usar como introdução conceitual para descer mais abaixo no nível ilusório da consciência. Não é ilusão *da* consciência; é ilusão *de* consciência. Não há mais nada para "explicar". Nem o "explicar" aqui existe. É só uma invenção filosofista para mais que combater o fisicalismo -- para fugir da realidade. É um novo culto e tem tooooodas as típicas características de dar dó de ver.

Ok, aqui novamente já parece voltar a aderira a uma postura de que a "ilusão de consciência" a partir de certos padrões de atividade cerebral (ou talvez algo suficientemente parecido em outro substrato) é algo como uma lei física, que, como costuma ser o caso, as pessoas simplesmente se dão por satisfeitas sem conseguirem explicá-las derivando-as de outras leis mais básicas ou algo circunstancial.

O que novamente, é algo que considero perfeitamente razoável, porém frustrante, da mesma maneira que é com o que mais se supor ser uma lei física. Não é algo para "se gabar", "pronto, explicamos o problema da consciência. Cadê meu Nobel?", mas um tímido "isso é o melhor que conseguimos arranjar até agora..."



Citação de: Cientista
O que não existe não pode desaparecer. Não tem truque nenhum aí para ser desmascarado, nenhuma prestidigitação; não há comparabilidade com algo que o Mister M revele. As coisas que o Mister M revela estão mais para a sua definição de folk realism. Estão na realidade física observada. A ilusão dos qualia (e só de eu dizer isso já deixa claro que as duas palavras não podem ser entendidas como sinônimos) é uma ilusão interna de decodificação perceptiva. Eu já disse antes: a cor é um nome, uma informação, traduzível por um número (ou melhor, um número traduzível por um nome), numa língua diferente. A "vermelhidão" do vermelho só está dizendo vermelho numa outra codificação.

Exato, porém dizer que "é só uma outra codificação", é meio como dizer que "os genes são só o substrato da hereditariedade" antes de se conhecer a estrutura do DNA, mas achar que a o problema se encerra aí, e então fazer pouco caso de qualquer um que sugerisse haver mais a ser explicado do que simplesmente "leis da hereditariedade".
Acho que eu é que não entendi agora. Em que conhecer a estrutura do ADN mudaria o fato de que os genes são o "substrato da hereditariedade"? As leis intrínsecas da hereditariedade são substratadas nos genes mas nenhuma estrutura genética está isolada do resto do universo e não pode ter só suas próprias soberanas leis, o que não muda nada o fato.

Não muda o fato, apenas há muito mais para se saber sobre genes do que apenas a sua formulação teórica preliminar, que nada mais é do que a constatação de que existe hereditariedade. Desde os experimentos de Mendel sugerindo a sua segregação independente, passando por uma modelagem matemática que explique a ilusão dos genes "líquidos" (freqüentemente mais condizentes com as aparências), passando pela estrutura do mesmo, e como realmente funciona em última instância no desenvolvimento do organismo.

Assim como a coisa não "acaba" em "os seres transmitem características hereditárias", talvez a coisa não acabasse em "os processos cerebrais criam a ilusão de consciência".



Citação de: Cientista
Se é "meio como isso" então obrigado por me apresentar um homólogo modelar a dar mais respaldo à minha descrição dos fenômenos conscientes 'quálicos' e outros quaisquer correlatos porque é "meio como isso" mesmo; assim como sua abordagem de qualia me parece (bem mais) "meio como isso" de alma fantasma na máquina.

O que seria "alma", e como "se parece" com qualia como explicados na perspectiva de Dennis Nicholson? Para Nicholson o que ocorreria é mais ou menos que a física dos processos da consciência produz nos cérebros todas as percepções/ilusões que as pessoas relatam, e que isso é algo físico, inacessível à observação externa senão em correlatos, pois na forma como aparecem dependem da perspectiva  interna. Um pouco como para ser iludido por um show de ilusionismo podemos precisar estar na platéia e não olhando por trás das cortinas, embora essa seja uma analogia um pouco pobre que usei apenas por se tratar de ilusionismo. Particularmente acho que mais forte seria a analogia de "perímetros" cada vez menores de fenômenos físicos, que em última instância apenas um sistema tem "toda a informação" sobre ele mesmo, diferentemente de uma observação externa, ou mesmo de uma descrição total a partir do que se conhece por observações externas.
 
Não tem nada que poderia "sair" do cérebro, nem há um "outro mundo", nem há algo que é o "nosso verdadeiro eu" que está "encarnado" no cérebro, e que teria livre-arbítrio; aliás, poderia até se sustentar ainda o eliminacionismo proposicional e responder a comparação disso com crença em almas que "não existem crenças, crenças são uma ilusão". Apenas se supõe que se trata de um fenômeno físico possivelmente inexplicável/irredutível pelas perspectivas que podemos ter.



Citação de: Cientista
Ou você está sugerindo que eu estou confiante demais em minha "aposta" e que eu deveria esperar para dar uma palavra peremptória? Esta é uma posição de precaução filosófica e talvez o porquê de se mostrar tão difícil me entenderem quando digo que um pensador científico só pode ter certeza ou não saber (não confundir com o "não saber agnóstico", que trata-se da mais cristalizada e arraigada manifestação de crença que conheço). Esclareçamos uma coisa importante. Existe um certo "problema" quando se planeja um empreendimento tecnológico que é muito diferente de filosofar. É *necessário* dar uma palavra final ou não se modela nem se projeta nada.

Acho que se você trocasse essa forma de frasear a coisa por algo como "em ciência e tecnologia é necessário ter uma hipótese de trabalho, mesmo que sejamos em última instância agnósticos", você teria muito menos para digitar/discutir, apesar de não perder nada em significado real.

 

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Se eu considerasse o tal "imponderável ou seja lá o que seria for" que vocês vislumbram como possibilidade nos qualia ou na consciência, eu não teria nem como começar a pensar em fazer nada. Em ciência e tecnologia só há espaço para objetividade. Nada que aponte para qualquer outra direção mostrou qualquer valor até hoje. Não vou nessas direções. Eu não posso trocar alguma coisa por nada ou conjecturas devaneantes.

Bem, é algo "imponderável" só no mesmo sentido que leis fundamentais. O átomo não continuou indivisível para sempre, mas vamos  eventualmente esbarrar em limites de compreensão/análise em qualquer coisa que seja. Isso será o bastante para acabar com a curiosidade de todos, de qualquer forma. Possivelmente em muitos casos é até o contrário.



Citação de: Cientista
Repetindo, poderemos construir máquinas replicantes integrais da mente humana, termos nas mãos todo o projeto de construção, um diagrama circuital completo com toda a descrição funcional, as máquinas assim construídas falarão com você como eu ou qualquer outra pessoa fala, terão consciência de estarem vivas e de terem direitos gerais iguais aos seus, como tais, você poderá debater com elas esta mesma questão que debatemos aqui e muito provavelmente tentará alegar que elas seriam zumbis filosóficos

O que o leva a supor que eu "provavelmente tentaria alegar que elas seriam zumbis filosóficos"?

O tempo todo você parece partir da suposição de que eu tenho uma definição muito específica de "qualia". Simplesmente não temos como dizer se seria esse o caso ou não. O máximo que se tem em alguns casos hoje em dia é observação do fenômeno de "zumbi filosófico" de forma apenas parcial (visão cega, e talvez sonambulismo).
Você já fez isso. Aqui mesmo neste tópico. Lá pelo início. Eu teria que procurar, se você mesmo não lembrar, mas você pré-alegou isso na instância de existirem máquinas que se comportassem exatamente como humanos conscientes mas que não "experienciariam qualia de verdade" porque seriam só... zumbis filosóficos. Você pode ter/dizer ter considerado apenas como possibilidade, mas possibilidades aventadas são alegações. Se você estiver diante da situação que descrevi, posso muito bem supor que recorrerá ao ad hoc. De fato, eu vejo que você faz isso já agora, quando diz mais abaixo: "Vou apenas continuar sem saber. Tal como vamos todos ficar sem saber exatamente os porques/comos de interações aparentemente fundamentais da matéria."

Vou dar sua previsão como acerto.

O que penso é sim, que não teríamos bem como saber, embora a suposição de algo fenomenologicamente igual seja tão mais razoável quanto mais fisicamente igual for esse outro cérebro. Fisicamente, não funcionalmente, uma vez que é bem possível que tudo se trate de algo não-funcional, como o primeiro vídeo sugeriu fortemente. Apenas um efeito colateral de um processo, não um elo numa cadeia de reações, ou de reações relevantes aos processos cognitivos (um pouco como se julgam ser quaisquer eventos em nível quântico em nosso cérebro, sem no entanto sugerir que a consciência fenomenológica seja "quântica").

Poderia me arriscar mais em previsões quanto mais soubéssemos sobre o que faz com que alguns processos não "cheguem" a consciência enquanto que outros sim, mas sabemos praticamente nada sobre isso.




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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #685 Online: 28 de Fevereiro de 2012, 14:07:07 »


Citação de: Cientista
Tais seres poderiam muito bem não ser; pode ser que zumbis filosóficos completos sejam coisas fisicamente impossíveis. No entanto admitir essa possibilidade não elimina o problema, de maneira alguma. Mais do que um argumento para eliminação, seria para emergência*.
Fisicamente impossíveis? E nós seríamos o que?

Não zumbis-filosóficos.


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Admitir essa possibilidade? Você não percebe mesmo o que significa admitir essa "possibilidade"?

Seria admitir que qualquer outro "cérebro" ou coisa funcionalmente parecida com nosso cérebro não seria um zumbi filosófico, mas seria também dotado das ilusões de consciência.


Citação de: Cientista
"Zumbi filosófico completo" e o que somos seriam indistinguíveis um do outro por uma razão muito simples: são a mesma coisa. Assim como um universo com deuses ser indistinguível de outro sem deuses significar algo muito simples também: deuses não existem.

Ah, já começou a apelação de novo.

Não são, por definição. Não somos zumbis filosóficos.

As coisas simplesmente não são iguais por nos serem indetectáveis diferenças, isso é como dizer que "não existem" falsificações se não sabemos/temos meio de identificá-las como tal.

No que concerne a zumbi/não zumbi, essa diferença é bastante análoga a existirem dois programas para a mesma função, um que apenas tem uma camada a mais de variáveis que o outro. Realizam a mesma coisa, são indistinguíveis em funcionamento externo, porém, não são exatamente a mesma coisa, e a camada extra de variáveis existe, apesar de redundante. Só é possível constatar a diferença podendo se olhar diretamente para o código, e o análogo não nos seria possível no presente, não temos nem o código neural para começar, e a explicação muito provavelmente não acaba aí.


Citação de: Cientista
Você não reconhece, mas o que está defendendo É a existência da alma imaterial, metafísica, espiritual, religiosa, transcendente... ...mágica, como eu prefiro resumir. E pelo mesmo motivo fundamental que move todo crente em deuses: arrebatamento pelos profundos mistérios eternamente insondáveis da existência... Só está convencido de que não é isso porque crê que filosofar é algo muito realista e sóbrio, não religioso. Sinto muito, mas é assim que vejo.

Ok, magica, como também disseram ser a gravidade de Newton. Apenas não vejo propriedade em comum ao que "defendo"/tento explicar com qualquer uma dessas coisas, além de ser algo em que você "não acredita". Ou não mais do que se poderia dizer o mesmo de ondas de rádio, quarks, emaranhamento quântico, sem ter meio para fazer qualquer experimento com essas coisas, apenas algo que nos desse sugestões incertas.



Citação de: Cientista
mas não poderá demonstrar isso por meio algum e, com tudo isso, se tentar analisar todo o projeto da máquina, o que vai encontrar é apenas que muitos códigos se traduzem dentro dela e nada vai te dar a "resposta" que você busca simplesmente porque você não está fazendo pergunta alguma. Você não vai encontrar os qualia ou a explicação que procura para eles; a explicação já existe e não é a que você espera. Se não mudar suas perguntas continuará acreditando em "coisas", sempre fugindo da realidade. Eu prevejo tudo isto claramente e esta previsão é o resultado dedutivo de se entender qualia como ilusão. Se tudo isto que descrevi aqui ocorrer, como eu já disse, você, antecipadamente (até mesmo talvez por perceber que tudo isto pode e deve acontecer em algum momento do desenvolvimento tecnológico da neurociência e de sua reprodução), como eu já apontei, muito provavelmente lançará mão do recurso ad hoc do zumbi filosófico. Isto apenas significa que você se recusa a aceitar a explicação que é a única que se compatibiliza com todos os fatos contabilizados.

Bem, a meu ver não sou eu quem está "fugindo da realidade"; não sou eu que nego a ausência de explicação um fenômeno apenas por poder se categorizá-lo como uma ilusão ou por hipotetizar que esta ilusão exerce alguma função* ou apenas constatar que é paralela a ela.
Claro (espero isso pelo menos) que ao seu ver não é isso; assim como ao meu não é. Quem são e racional insistirá numa posição cônscia de fuga da realidade? Algum de nós está fugindo. Ao seu ver sou eu. Mas ao meu ver é você. O agravante para você é que o seu "ver" é filosófico e o meu é científico. Mas...

(Científico vindo do cara que tem uma definição própria de "ciência" que é enfaticamente diferente da definição de todo mundo...)



Citação de: Cientista
Não sei se estou entendendo. Você está dizendo que tudo o que afirma a respeito é que não sabe? Ótimo, tudo bem, embora esse discurso me pareça sensivelmente diferente do de antes. Mas, eu pergunto. Para que serve não saber nada? Podemos iniciar um projeto de replicador fundamentando-nos nisso? A questão filosófica permanecerá ad eternum para você? Por mim, pode ficar à vontade; respeito seu direito, mas sua posição não é científica.

Porque com a Ciência, sabemos tudo...



Citação de: Cientista
Vou apenas continuar sem saber.
Sim, você deverá se proclamar um agnóstico em "eu" e qualia e..., o mais provável.



Tal como vamos todos ficar sem saber exatamente os porques/comos de interações aparentemente fundamentais da matéria.
Não há a menor possibilidade de comparação entre uma coisa e outra. Isso expõe o que eu disse antes: que você procura no dito fisicalismo o que, paradoxalmente, propõe que o fisicalismo não pode prover. Podemos realizar experimentos objetivos para investigar as interações fundamentais e descobrir coisas novas. Não há nada que indique que são ilusões em si. Se você vê comparabilidade possível, acho que me ajuda a entender melhor sua dificuldade.

A similaridade não é em "serem ilusões", mas em serem coisas aparentemente irredutíveis, inerentemente "sem expicação".


Citação de: Cientista
A menos, talvez, que pessoas com uma inclinação diferente da sua eventualmente cheguem mais longe do que me parece ser possível.
Por que meio? Filosofando? Da minha "inclinação" dá para começar a fazer alguma coisa. E tem gente muito mais preparada (suponho até), em diversos sentidos, que eu seguindo essa "inclinação". Se alguém conseguir "ir mais longe", com toda probabilidade, será a partir desses trabalhos e não de filosofia.

A inclinação é a de "descartar" a existência de um fenômeno, ou achar que "ilusão" é toda a explicação necessária/que é um fenômeno irredutível, não requerendo maior explicação ou sendo possível acrescentar qualquer coisa.





Citação de: Cientista
* me parece que toda a percepção de não haver um problema/de tê-lo como resolvido num "eliminacinismo funcionalista ingênuo", algo mais ou menos nas linhas de, "existem códigos, variáveis internas para o processamento das informações sensoriais e outros processos mentais, isso a que chamam de 'qualia' nada mais é do que isso; pronto, acabou o mistério, sou um gênio! Todo mundo mais está iludido numa crença em duendes, meu deus, como sou esperto".
Você se detem demais em preocupações com "espertezas" seus desafios olímpicos. A questão não se encerra em discussões, se encerra em realizações, demonstrações práticas. (A não ser para filosofadores, é claro; para esses tudo se resume em conseguir convencer o outro de que é mais esperto, mas... felizmente, não sou filosofador) Isso aqui, para mim, são só pequeninos ensaios tangenciais iniciais. Se você está pensando que eu desejo te convencer de alguma coisa ou demonstrar que sou mais esperto que você, está profundamente enganado. Talvez pense assim porque seja o que você se esforça para fazer. Tudo o que eu quero é ver uma máquina não humana consciente, se possível, com alguma contribuição minha.

O ponto central do trecho não era "esperteza", apenas que o seu ponto parece ser "existem funções/processamentos, acabou, isso que falam de 'visão cega' diferindo de visão normal, etc, são só crenças em fantasmas". Em outras palavras, confundir os problemas "fáceis" da consciência com o "difícil".





Citação de: Cientista
Vou tentar fazer um resumo/esclarecimento de diferentes "linhas filosóficas" sobre qualia.


Uma delas supõe que:

estímulo X  ?  processamento de X  ?  percepção subjetiva/qualia atribuido a X, que poderia ser qualquer coisa e nunca teríamos como saber porque não teria absolutamente nada a ver com os estados cerebrais dos processos resultantes do estímulo


Essa é a segunda mais problemática, depois apenas do "realismo ingênuo". Mas não é a única possível, o que talvez seja o que muitos imaginem quando se fala no assunto. Outra abordagem é:


estímulo X  ?  processamento de X  /  percepção subjetiva/qualia atribuido a X, que poderia hipoteticamente até diferir de pessoa em pessoa, mas cada quale é em última instância causado por/associado /equivalente a um estado cerebral específico


Essa é a perspectiva que julgo mais provável, mais parcimoniosa. O que o Cientista pareceu descrever em outro post me pareceu ser muito parecido com ela:
Qual post?

Este trecho:

A ilusão dos qualia (e só de eu dizer isso já deixa claro que as duas palavras não podem ser entendidas como sinônimos) é uma ilusão interna de decodificação perceptiva. Eu já disse antes: a cor é um nome, uma informação, traduzível por um número (ou melhor, um número traduzível por um nome), numa língua diferente. A "vermelhidão" do vermelho só está dizendo vermelho numa outra codificação.

O que, a despeito de sua ênfase em dizer que não são sinônimos, ainda são. A "codificação física", ou o "decodificação perceptiva" é o processo ordinário, parte dos "problemas fáceis", enquanto que a "vermelhidão" aparecer daí é justamente o "problema difícil", para o qual há a "lacuna explicativa".

O que faz para "resolver" o problema usa a teoria de tipo-identidade, simplesmente afirmando que "são a mesma coisa" (embora a última frase possa sugerir que mais do que ser apenas "um outro lado da mesma moeda", o problema se aprofunda mais ainda, e a "vermelhidão" não são apenas os correlatos neurais dessa experiência, mas "uma outra codificação"). Ao mesmo tempo faz isso sem tentar explicar "como" poderia ser o caso, tentar algo nas linhas de Nicholson.




Citação de: Cientista
Se deixei transparecer essa ideia, transpareceu errado; eu gostaria de corrigir. Não é equivalente a um "estado cerebral específico". Seria mais equivalente a um registro específico no cérebro, o que muda totalmente o conceito

"Um registro específico", não é um "estado"?



Citação de: Cientista
. Mas muito mais que isso, o fato é que o fenômeno não está numa estaticidade mas numa dinâmica, como eu já disse que minha abordagem linguística conjugada à abordagem modeladora implementável do Gilberto indicam.

Por "estado" intencionava deixar implícito "dinâmica"/processo, não pretendi que significasse um "slide" mínimo no tempo, algo "estático".




Citação de: Cientista
Então o que proponho é (muito mais complexo que -- *e nada filosófico*) estímulo x, processamento inicial de x, -- em algum lugar aqui a formação do reconhecimento conexionista do padrão --  registro do processamento inicial de x, desconexão da linha de recepção sensorial externa, distorções e substituições por padrões internos previamente registrados..., comparações entre registros..., resposta, return...

É muito mais complexo que isso. Mas é a linha de projeto que pretendo seguir.



estímulo X  ?  processamento de X  /  percepção subjetiva/qualia atribuido a X, que é equivalente a um estado cerebral específico, este rigidamente associado ao estímulo X, sem qualquer camada de processamento que pudesse dar uma rotulação/criar uma ilusão diferente em indivíduos normais


A diferença me parece ser apenas que, ao Cientista, essa equivalência entre um estado cerebral e a experiência subjetiva parece não ser algo que sequer poderia suscitar qualquer espécie de indagação sobre "como", sendo de alguma forma algo auto-evidente que é "apenas" isso. Isso ou um desprezo total quanto ao "como", algo que remete ao behaviorismo. Enquanto que a mim (me parece ser também o caso do Iabadabadu) é algo bem longe de ser evidente, sendo possível apenas se ter uma ou outra interpretação razoável sobre como isso poderia ser o caso, mas estando ainda muito longe de entender, muito menos de ter como testar. Um pouco uma lei fundamental da física, ou algo que nos parecesse assim ser.

Está longe de ser evidente *diretamente*. Mas, indiretamente, não há nada mais evidente do que a ilusão do "eu". Eu já tentei várias vezes conduzir à observação de que, em ciência, a primeira coisa que temos que dispensar é nós mesmos. Há indivíduos que fazem isto sem nem mesmo perceber, mas, se não for assim, não há pensamento científico.


Todas as suas 3 apresentações filosóficas acima são a mesma. Você só definiu o "eu" de uma maneira diferente para cada uma. Muito simplista e tendencioso. Peticiona uma percepção subjetiva/qualia já na terceira fase do processo. Mas, vendo isso, eu percebo melhor o fulcro do seu triste dilema.

OK.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #686 Online: 28 de Fevereiro de 2012, 14:09:45 »
Como o Cientista colocou, exatamente.

Para qualquer x diferente de realidade, x = ilusão.

O que é um "x diferente de realidade", no assunto em questão, e como se chega a conclusão de ser esse o caso?
Imagino que esse seja o primeiro parágrafo das 15 páginas que o Gigaview profetizou, mas vai lá...

X no caso, representa toda colocação que não esteja calcada na possibilidade real ou iminente de ser analizada com premissas científicas, antes sendo objeto de questionamentos filosóficos.

Não deu um exemplo de "X" dentro do assunto em questão.

O que seriam "premissas científicas"?

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #687 Online: 28 de Fevereiro de 2012, 14:32:36 »


Não deu um exemplo de "X" dentro do assunto em questão.

O que seriam "premissas científicas"?
Um exemplo bastante prosaico é a crença em deuses. Tente corroborar a existência deles baseando-se no seguinte esquema, por exemplo,
.
Até onde eu sei eu não sei.

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #688 Online: 28 de Fevereiro de 2012, 15:25:33 »


Não deu um exemplo de "X" dentro do assunto em questão.

O que seriam "premissas científicas"?
Um exemplo bastante prosaico é a crença em deuses. Tente corroborar a existência deles baseando-se no seguinte esquema, por exemplo,

Novamente, o que tem a ver "deuses" com o assunto em questão? A mim isso é como se discutíssemos se a evolução segue de forma estritamente gradual, ou se há eventuais saltos "menos que graduais", e então você viesse fazendo a mesma comparação, deixando essa sugestão de que uma ou outra perspectiva é equiparável a crença em deuses, sem dizer por que.

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #689 Online: 28 de Fevereiro de 2012, 15:47:53 »
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Page 1
V. S. Ramachandran and William Hirstein

Three Laws of Qualia

What Neurology Tells Us about the Biological Functions of Consciousness, Qualia and the Self

Neurological syndromes in which consciousness seems to malfunction, such as temporal lobeepilepsy, visual scotomas, Charles Bonnet syndrome, and synesthesia offer valuable cluesabout the normal functions of consciousness and ‘qualia’. An investigation into these syn-dromes reveals, we argue, that qualia are different from other brain states in that they possessthree functional characteristics, which we state in the form of ‘three laws of qualia’ based on aloose analogy with Newton’s three laws of classical mechanics. First, they are irrevocable: Icannot simply decide to start seeing the sunset as green, or feel pain as if it were an itch; sec-ond, qualia do not always produce the same behaviour: given a set of qualia, we can choosefrom a potentially infinite set of possible behaviours to execute; and third, qualia endure inshort-term memory, as opposed to non-conscious brain states involved in the on-line guidanceof behaviour in real time. We suggest that qualia have evolved these and other attributes (e.g.they are ‘filled in’) because of their role in facilitating non-automatic, decision-based action.We also suggest that the apparent epistemic barrier to knowing what qualia another person is experiencing can be overcome simply by using a ‘bridge’ of neurons; and we offer a hypothe-sis about the relation between qualia and one’s sense of self.


http://www.imprint.co.uk/rama/qualia.pdf



Algo parecido com essa "ponte de neurônios" talvez seja o caso de alguns gêmeos siameses com cérebros fundidos. Já foi postado sobre um ou outro caso assim aqui:

O fascinante caso dos gêmeos que compartilham o cérebro, pensamentos e sentidos com duas personalidades distintas.

http://gizmodo.com/5682758/the-fascinating-story-of-the-twins-who-share-brains-thoughts-and-senses

[...]

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #690 Online: 28 de Fevereiro de 2012, 16:07:38 »
Naquele tópico a coisa descambou para debochar de espiritismo... nesse aqui parecem de vez em quando tentar a mesma coisa, só que contra um "espiritismo" sem ectoplasma, sem carma, sem médiuns, sem nem espíritos encarnados ou desencarnados. Um "espiritismo" que é tão somente a observação de que uma pessoa com "visão cega" reporta ver "algo" menos do que podia antes, apesar de poder ainda agir com base em informação que não "vê", diferentemente do que ocorre com pessoas plenamente saudáveis; na verdade esse "algo" que uma vê a mais que a outra não existiria, é uma superstição, crença em mágica. Curioso é que o primeiro tenha sido logo o Adriano-projeciologia.


Será que vão comparar o Sacks, Ramachandran e etc a Chico Xavier, Rupert Sheldrake, e etc?

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #691 Online: 28 de Fevereiro de 2012, 16:23:25 »


Não deu um exemplo de "X" dentro do assunto em questão.

O que seriam "premissas científicas"?
Um exemplo bastante prosaico é a crença em deuses. Tente corroborar a existência deles baseando-se no seguinte esquema, por exemplo,

Novamente, o que tem a ver "deuses" com o assunto em questão? A mim isso é como se discutíssemos se a evolução segue de forma estritamente gradual, ou se há eventuais saltos "menos que graduais", e então você viesse fazendo a mesma comparação, deixando essa sugestão de que uma ou outra perspectiva é equiparável a crença em deuses, sem dizer por que.
Na verdade deuses em comparação com qualia no caso, se equiparam quando ambos funcionam só como crenças, portanto ficando afetos ao terreno das especulações.
Até onde eu sei eu não sei.

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #692 Online: 28 de Fevereiro de 2012, 16:31:15 »
Naquele tópico a coisa descambou para debochar de espiritismo... nesse aqui parecem de vez em quando tentar a mesma coisa, só que contra um "espiritismo" sem ectoplasma, sem carma, sem médiuns, sem nem espíritos encarnados ou desencarnados. Um "espiritismo" que é tão somente a observação de que uma pessoa com "visão cega" reporta ver "algo" menos do que podia antes, apesar de poder ainda agir com base em informação que não "vê", diferentemente do que ocorre com pessoas plenamente saudáveis; na verdade esse "algo" que uma vê a mais que a outra não existiria, é uma superstição, crença em mágica. Curioso é que o primeiro tenha sido logo o Adriano-projeciologia.


Será que vão comparar o Sacks, Ramachandran e etc a Chico Xavier, Rupert Sheldrake, e etc?
O que parece é que são um espiritismo sem  ectoplasma, sem carma, sem médiuns, sem nem espíritos encarnados ou desencarnados, apenas como uma nova estratégia de se deixar enveredar pelo mesmo torvelinho das tais "fugas" filosóficas já aventadas por outros foristas aqui mesmo no forum. No caso, o espiritismo sem seus objetos refutáveis. É a derradeira tentativa de substanciá-lo como ciência, ironicamente travestindo-o definitivamente como crença religiosa, como todo deus o é.
« Última modificação: 28 de Fevereiro de 2012, 16:34:02 por sergiomgbr »
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #693 Online: 28 de Fevereiro de 2012, 17:50:24 »


Não deu um exemplo de "X" dentro do assunto em questão.

O que seriam "premissas científicas"?
Um exemplo bastante prosaico é a crença em deuses. Tente corroborar a existência deles baseando-se no seguinte esquema, por exemplo,

Novamente, o que tem a ver "deuses" com o assunto em questão? A mim isso é como se discutíssemos se a evolução segue de forma estritamente gradual, ou se há eventuais saltos "menos que graduais", e então você viesse fazendo a mesma comparação, deixando essa sugestão de que uma ou outra perspectiva é equiparável a crença em deuses, sem dizer por que.
Na verdade deuses em comparação com qualia no caso, se equiparam quando ambos funcionam só como crenças, portanto ficando afetos ao terreno das especulações.

Você já vai esquecendo o mais importante: a afirmação inicial foi "para qualquer x diferente de realidade, x = ilusão". Como você estabelece que qualia é "diferente de realidade"?

E como você chama isso que você vê a mais do que uma pessoa com "visão cega"?





Diga-se de passagem, "crença" não existe. É uma ilusão. Sustentar a existência de "crenças" nada mais é do que uma superstição. :roll:

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #694 Online: 28 de Fevereiro de 2012, 17:53:53 »
O que parece é que são um espiritismo sem  ectoplasma, sem carma, sem médiuns, sem nem espíritos encarnados ou desencarnados, apenas como uma nova estratégia de se deixar enveredar pelo mesmo torvelinho das tais "fugas" filosóficas já aventadas por outros foristas aqui mesmo no forum. No caso, o espiritismo sem seus objetos refutáveis. É a derradeira tentativa de substanciá-lo como ciência, ironicamente travestindo-o definitivamente como crença religiosa, como todo deus o é.

:biglol:

Aí então posso até dizer que biologia evolutiva é espiritismo!

E espiritismo que continua mantendo o ectoplasma!


Offline Buckaroo Banzai

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #695 Online: 28 de Fevereiro de 2012, 18:09:41 »
Qualia não é "explicação" alguma, qualia é a "coisa"/fenômeno a ser explicado.

Essa discussão carace muito de uma definição universal dos termos.
O problema é que é um fenômeno inexistente, como se observa quando tentam tentam defini-lo, aliás nem conseguem definir ele direito.

Ou que é apenas algo difícil de ser entendido, o que se observa quando as pessoas tentam entender e falham miseravelmente.


Como você definiria aquilo que pessoas dotadas de visão tem, que uma pessoa com visão-cega não tem?
Sensação dos olhos. Não é tão difícil assim.

Pois bem, troque "qualia" por "sensações dos sistemas sensoriais e cognitivos" (ou ilusões por eles criadas, se preferir seguir a linha do Cientista), e mantemos o mesmo problema, só que agora não há como dizer que se trata de algo que não existe.

Offline Muad'Dib

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #696 Online: 28 de Fevereiro de 2012, 18:40:30 »
Acabei me perdendo nesse tópico.

A gente tá discutindo coisas que nem sequer tem definições. Cada um coloca a sua definição e segue sua linha de pensamento e outro lê a definição na sua conceção do que seria a coisa.

Dizer que "Para qualquer x diferente de realidade, x = ilusão", é descabido nesse assunto em particular. Não pode-se reduzir o ser humano para que ele caiba no que sabemos hoje. Tem muita coisa a ser explicada que não temos como avaliar.

Qualia não éfilosofia, é uma lacuna do que sabemos do que é o cérebro fisicamente e o que nós temos como mente.

CIentista:

Eu vou ler com mais calma o tópico para tentar responder. Mas o que você tá propondo é que temos uma rede neura altamente complexa, nessa rede temos um conjunto de sinapses que identificam uma maça por exemplo, e outra que a nomeia. O nomear a maça é que é a percepção?

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #697 Online: 28 de Fevereiro de 2012, 19:22:17 »
A resposta que daria ao post do iabadabadu se me "desconvertesse":

Acabei me perdendo nesse tópico.

A gente tá discutindo coisas que nem sequer tem definições.

Por que não existem.



Citação de: lero-lero
Cada um coloca a sua definição e segue sua linha de pensamento e outro lê a definição na sua conceção do que seria a coisa.

Como é a base de todas as guerras religiosas.



Citação de: acredito-no-ET-bilu
Dizer que "Para qualquer x diferente de realidade, x = ilusão", é descabido nesse assunto em particular.

"Mimimi ninguém aceita que a minha querida crença é verdade ou no mínimo poderia ser, assim eu fico magoado, mimimi"


Me surpreende que pessoas que leram "god delusion" do Dawkins não tenham absorvido o que poderia ser chamado de "the qualia delusion" do Dennett. E ainda se chamam de ateus!



Citação de: scooby doo
Não pode-se reduzir o ser humano para que ele caiba no que sabemos hoje. Tem muita coisa a ser explicada que não temos como avaliar.

Fantasmas, possessão demoníaca, qualia, etc, foi tudo sim destruído com o avanço da ciência, apesar dos choramingos daqueles que têm apego a essas crenças, e que se recusam a aceitar o reducionismo científico como algo "malvado" que acaba com o "mistério" da ciência. "Mimimi, mas então se o amor que eu sinto são apenas neurônios disparando então não é tão mágico e romântico como eu imaginava, mimimi". Exato. É só um comportamento animal que maximiza a reprodução, como descrito pela evolução biológica, que não dá espaço para a "magia do amor" e outras crendices como qualia.



Citação de: cowabunga
Qualia não éfilosofia, é uma lacuna do que sabemos do que é o cérebro fisicamente e o que nós temos como mente.

"alma não é filosofia, é uma lacuna do que sabemos que é o cérebro fisicamente e o que nós temos como mente [que deixa de lado todos os relatos que apóiam a reencarnação e a mediunidade]"

Errado. Sabemos tudo sobre o cérebro e a física e seus fantasmas não existem. Ghost myth busted.






Acho que estou plenamente qualificado a argumentar contra mim mesmo.

Offline Sergiomgbr

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #698 Online: 28 de Fevereiro de 2012, 19:55:10 »

Acho que estou plenamente qualificado a argumentar contra mim mesmo.
Se isso não fosse possível, seria como debater com uma porta.  :lol:
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Uma visão cética (sem bullshits filosóficos) da consciência
« Resposta #699 Online: 28 de Fevereiro de 2012, 20:39:40 »
<a href="http://www.youtube.com/v/jTWmTJALe1w" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/jTWmTJALe1w</a>



Citação de: Iaznb Oorakcub
Ah, os fiéis postando vídeos de pregação do Sai Baba do qualianismo. Ele fala até de "cálice sagrado da neurociência". Isso devia ser banido como proselitismo, pelas regras do fórum.

 

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