por isso que pedi um exemplo de estatais que competem com empresa privada, tem algum? Disse inclusive que poderia ser uma contraprova para mim
Leu o post do Derfel onde ele confirma que os gestores do sus não são gestores e sim técnicos e que não se importam com coisas mundanas como.. finanças?
Talvez aqui eu deva dar um esclarecimento. O problema que eu acho é justamente que os gestores NÃO são técnicos, mas escolhas políticas (que, no entanto, não veria problema se fosse político E técnico). Assim, são gestores que não compreendem gestão pública, saúde pública, administração de recursos e finanças. Apesar de haver técnicos que compreendem tudo isso, as suas opiniões simplesmente não são levadas em conta (vide o exemplo de hospitais de pequeno porte que citei). Porém, existem gestores com perfil de, bem, gestores. O secretário atual de Natal é um exemplo, mas tenho pena dele.
se parar de proteger suas crenças e conseguir pensar talvez possa sugerir algo.
Você tem razão em dizer que médicos não são gestores (a maioria não, pelo menos) e também (a maioria) não entendem o que é o sus ou saúde pública, porém os médicos são a classe mais poderosa dentro do SUS e não aceitam outro profissional que não seja um médico como gestor (digo como classe e não como médicos individuais). Eles também (e aqui não só gestores médicos) não dão valor ao que é produzido pelo planejamento ou outro setor dentro da secretaria (que muitas vezes executam ações apesar da gestão), se restringindo a questões políticas. Você acha que não existem estudos internos que mostram que determinado hospital é inviável em determinado município ou que deveria ser fechada uma maternidade onde só nascem uma meia dúzia de crianças a cada seis meses para que os recursos sejam otimizados em um hospital de maior porte regional? Acho que agora já estou desabafando.
Pode explicar melhor? Por exemplo, os gestores do judiciário são juizes, que não entendem de gestão. E porque tem pena do gestor de natal?
Exatamente o que está lá: médicos, geralmente, não são gestores. Como também não possuem o menor conhecimento de saúde pública, de administração de recursos, de finanças... podem ser excelentes cardiologistas, pediatras, reumatologistas, urologistas, tratando diretamente com seus pacientes. Um gestor, médico (que não posso dizer qual seja
), recentemente em um discurso resumiu a Atenção Básica como simplesmente prevenção... e só. Porém, médico não é o único tipo de técnico de uma secretaria, existem administradores, arquitetos, engenheiros, analistas de sistemas, sanitaristas, epidemiologistas e diversos outros técnicos, muitos envolvidos diretamente na gestão. Você ficaria surpreso com a qualidade técnica de alguns e com a sua formação (mestres, doutores...), mas que não ocupam posições-chave porque essas posições são, normalmente, políticas.
Mas veja, nem todo médico é uma espécie de peão que cai de para-quedas na cadeira do diretor executivo, o secretário de Natal é uma médico sanitarista muito conceituado nacionalmente, porém ele está assumindo em um momento muito delicado: após uma gestão que dizimou o sistema de saúde do município. Para botar as coisas nos eixos (e ele tem uma excelente noção dos problemas e do que precisa ser feito) está tendo de tomar atitudes que não são populares entre os servidores, por exemplo. Prevejo que será uma espécie de FHC, que realizará as medidas necessárias para a ocasião, deixará um sistema melhor que o que ele encontrou e com as bases fortalecidas para uma nova gestão (que terá uma agenda muito mais fácil) e será muito criticado justamente por isso.