By the way... os plot holes na novela somente são desculpáveis tendo em conta a admitida não profunda formação do autor no tema que é complexo e requer estudos contínuos e sistemáticos.
Nos intervalos encarnatórios é feito ver ao faltante a conveniência dele escolher provas e não ficar protelando os resgates. Então dificilmente ele voltará nas mesmas condições. De mais a mais, o "esquecimento" é relativo [comentário à #393]:
Creio que entendeu que escrevi um conto espírita(não novela) e me enrolei por desconhecer o básico da doutrina. Dois equívocos: 1) conheço o suficiente para não cometer escorregões assim (pensei que soubesse); 2) não foi intenção escrever espiriticamente.
O conto teve dois fitos: primeiro mostrar ao Criaturo (que não é espírita) que a harmonia do processo reencarnacionista é ilusória; segundo, apontar que só se visto na superficialidade o suposto sistema reencarnacionista parece funcional. É claro que não se tratou de trabalho elaborado, foi apenas inspiração de momento.
Portanto, caso fosse “conto espírita” certo que poderia haver plot holes por desconhecimento da doutrina, mas como denúncia de falhas na conjetura reencarnacionista, mesmo não sendo fruto ao nível de Franz Kafka, considerei-o modestamente razoável. Se não agradou ao público prometo tentar acertar da próxima.
A ideia básica da historieta, o que parece não ter notado, é que o esquecimento faculta toda sorte de desvios, independentemente das imaginadas provas planejadas na erraticidade. Que o Criaturo e o Spencer resistam entender que o esquecimento fere seriamente a ideia reencarnacionista entendo, não adeptos da crença pensarem do mesmo modo é de surpreender...
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As explicações de Kardec são conhecidas, o codificador as considereou suficientes, os espíritas as utilizam até hoje e iludem-se que o problema esteja elucidado. O Criaturo faz um mix de espiritismo e outras vias para expor suas considerações.
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Por exemplo, a ideia de que intuições sejam vislumbres de vidas passadas talvez tenha por aceitável, mas não tem razoabilidade alguma. Trata-se de asseveração vazia de fundamento. É muito fácil, por essa via, fazer correlações espúrias com pensamentos comuns e qualificá-las ecos de vivências pregressas. Como não há meios de conferir fica-se com a declaração de autoridade. Mesmo que a intuição fosse algo inexplicável pelo conhecimento humano (o que não é) não significaria que se tratasse de reflexo de encarnações passadas.
[citando Kardec]
Não temos, é certo, durante a vida corpórea, lembrança exata do que fomos e do que fizemos em anteriores existências; mas temos de tudo isso a intuição, sendo as nossas tendências instintivas uma reminiscência do passado. E a nossa consciência, que é o desejo que experimentamos de não reincidir nas faltas já cometidas, nos concita à resistência àqueles pendores.
Obrigado, conheço o texto. É conforme falei: declaração de autoridade. Qual foi a base técnica de Kardec para dar essa garantia, além de nenhuma? Seu ponderamento é apologético à doutrina: se for esse o objetivo, respeito. Já minhas ponderações pretendem o inverso: fazer apreciação crítica das alegações de adeptos das multividas a respeito de ser a reencarnação sina da humanidade.