Nem sequer o mundo existe, repito, existe sómente uma unidade que duvida das coisas... Isso é a contradição do ceticismo puro, contradiz com o próprio ato de perceber o mundo como tendo existência...
Enganei-me na outra mensagem. Não é "pirrismo", mas sim "pirronismo". E penso que é isso que te referes quando falas em o "ceticismo puro". Esse tipo de cepticismo admite, por exemplo, o relativismo, que não apoio.
Por exemplo, Carl Sagan era considerado um céptico, mas não era um céptico puro, mas sim um cético científico ou racional. Aliás, ele critica os céticos cínicos no livro "O Mundo Assombrado por Demónios", dizendo que, para haver progresso, é necessário mente aberta, criatividade, imaginação.
Acredito que o mundo existe. Teoricamente isso tudo pode ser apenas uma Matrix, mas seria absurdo viver como se não existisse.
"Oque importa é o mundo em mim ou o mundo em sí ?"
O "mundo em mim" é um modelo do "mundo em si". Uma abstracção. Se uma reacção exterior (do "mundo em si") for contraditória com o modelo, modificamo-lo de acordo com a reacção. E se alguém sofre de surdez, cegueira, daltonismo, falta de tacto ou alguns tipo de amnésia existem limitações na experiência desse mundo. Nós próprios somos limitados, comparados com outros animais e máquinas. Além disso, se fizerem alguns simples testes psicológicos, poderão verificar que podemos ser facilmente enganados pelos sentidos. Portanto, não podemos estar absolutamente certos sobre o "mundo em si" com o "mundo em mim". O "mundo em si" pode afectar-nos, independentemente do "mundo em mim", chegando a matar-nos. O ideal seria ter um modelo fiel ao mundo.
Para aquele que acredita duvidar da existência de um deus, que importa é a existência do deus em sí? Ou é o conhecimento da - dúvida da existência de um deus ?
"Aquele que acredita duvidar"?
Se X existe, o ideal é acreditar que X existe. Se X não existe, o ideal é acreditar que X não existe.
Admitir o contrário, é aplaudir a estupidez, o gosto de se manter ignorante.
Se alguém fala de um ser descrito num livro com determinadas características, posso não ter dúvidas e manter uma crença definitiva. Se tiver dúvidas, mesmo que acredite, posso ler o tal livro. Se admitir que a lógica e a visão do "mundo em si" pela minha experiência são verdadeiras, posso passar a acreditar que esse ser é impossível. Mas mesmo que achasse ser possível, se não encontrar qualquer evidência no "mundo em si" da sua existência, a crença será fraca. Se houver evidências fortes, será uma crença forte. E ainda, se houver evidências mais fortes do contrário, a crença balança para a sua inexistência. É o jogo da dúvida, que tem muito a ver com probabilidades.
Por exemplo: sobre Jesus Cristo, as únicas evidências que apoiam a sua existências são uns escritos doutrinários.
Se for imparcial, darei o mesmo peso a outros escritos semelhantes. Se contradizem-se, então está claro esse tipo de evidência não é de confiança. Claro que um deles pode ser verdadeiro, mas como optar de forma imparcial?
Se os escritos sobre a tal personagem são contraditórios, logicamente pelo menos alguns são falsos, seja na totalidade ou nos apenas aspectos em que se contradizem.
Se há evidências que os escritos foram escritos muito posteriormente à suposta existência da personagem, então há mais um motivo para crer mais na sua inexistência.
Se historiadores, políticos e assessores comtemporâneos não mencionam tal personagem, apesar da sua enorme importância, há mais pontos para a balança da não existência (afinal o que aconteceu: uma conspiração mundial? Deus decidiu esconder tudo? Estavam todos a dormir?).
Se os escritos são elaborados por aqueles que têm interesses políticos e são encontradas várias adulterações, há mais motivos para não acreditar.
Se há personagens mitológicas mais antigas com imensas semelhanças ao tal personagem, considera-se o seguinte:
- o tal personagem é uma invenção inspirada nas personagens anteriores;
- o personagem inspirou-se nas personagens anteriores;
- é uma coincidência;
...
Se acreditam que Jesus existiu, estão no vosso pleno direito. Não é isso que está em questão. A pergunta do tópico é "Existem provas sobre a existência de Jesus Cristo?". Se fé é prova, então tudo pode provar-se.