Autor Tópico: Que Deus abençoe o Ceticismo  (Lida 44058 vezes)

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Offline Gorducho

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #550 Online: 14 de Julho de 2017, 10:08:45 »
briga de trânsito em São Paulo: um homem bate na traseira de outro veículo que pega fogo. Foge do local sem prestar assistência e o motorista que ficou preso nas ferragens morre carbonizado.

Eu perguntava: o que vemos a volta de nós diariamente? Desespero, violência, stress, desrespeito à vida do semelhante, etc.

Estes fatos não estão ocorrendo em comunidades pobres e isoladas (favelas), mas no centro de SPaulo, Rio, Porto Alegre, etc.

Não são homens simples, pobres, grosseiros, ignorantes, sem teto. São executivos, empresários, médicos.
O que isto evidencia?
Que a natureza humana não muda em essência por causa da superabundância de confortos materiais.
Claro, sim, a superabundância "suaviza" um pouco as inter-relações numa agregação estatistica. Mas a natureza básica do animal permanece a mesma. Basta uma leve mudança no ambiente dessa superabundância, que o comportamento volta todo 100% pro original "pré" revolução industrial. 
Citar
A necessidade de uma reorientação à própria vida. Uma inversão dos paradigmas que nos definem nossa escala de valores em que ter, é mais importante que ser ou viver.

Tudo bem, digamos que esta peroração seja uma verdade; como mudamos isto?
Já vimos que religião, somente, não resolve o problema. Precisa-se um diagnóstico claro e objetivo sobre o que está causando tanta dor às famílias, às instituições e à sociedade como um todo.
O mundo sempre foi o que é. Imaginar realidades alternativas não muda o mundo. A menos que se seja solpisista.
"Mudar" o povo o pensamento totalitário de ditaduras (como NL): de cima e goela abaixo do povão... 
Citar
O fato é que estas coisas estão acontecendo e tendem a piorar com o crescimento dos aglomerados urbanos.
Lembra que o Kardec achava que "Deus" ia se encarregar de controlar a superpopulação  :?:
:pula:
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Agora, eu pergunto: haverá solução?
Claro que não: o Sr. não pode pretender mudar a espécie; a delirar que "hominais" "não são animais" não vai ajudar em nada no trato com a realidade.
« Última modificação: 14 de Julho de 2017, 10:39:19 por Gorducho »

Offline Spencer

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #551 Online: 14 de Julho de 2017, 10:36:59 »
Citação de: Gorducho
Que a natureza humana não muda em essência por causa da superabundância de confortos materiais.
Claro, sim, a superabundância "suaviza" um pouco as inter-relações em numa média estatisticamente agregada. Mas a natureza básica do animal permanece a mesma. Basta uma leve mudança no ambiente dessa superabundância, que o comportamento retorne todo 100% ao original "pré" revolução industrial.   
Quando se menciona a natureza humana estamos falando de um fenômeno em escala global, claro. Mas esta abundância não ocorre em escala global, pelo contrário, é mais frequente em países ricos, contudo só ocorre em nichos específicos na maioria das nações do planeta.

Outra coisa, quando se fala em natureza humana podemos estar nos referindo ao complexo psico/biológico, que a diferencia das demais espécies ou ao comportamento que é próprio do ser humano.
Neste segundo caso, há uma resistência à mudança de paradigmas poque gera instabilidade ao statu quo da classe dominante, mas não será um justo anseio dos que não fazem parte desta minoria?

Offline Gorducho

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #552 Online: 14 de Julho de 2017, 10:46:40 »
Quando se menciona a natureza humana estamos falando de um fenômeno em escala global, claro. Mas esta abundância não ocorre em escala global, pelo contrário, é mais frequente em países ricos, contudo só ocorre em nichos específicos na maioria das nações do planeta.
Claro: por isso mesmo a "suavização" das inter-relações é uma agregação estatística e que aconteceu só por causa de Revolução Industrial.
Evidentemente quando se pensa sociologicamente se pensa agregadamente.
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Outra coisa, quando se fala em natureza humana podemos estar nos referindo ao complexo psico/biológico, que a diferencia das demais espécies ou ao comportamento que é próprio do ser humano.
OU, não. Complexo psico/biológico É o causante do "comportamento".
TAUTOLÓGICO.
Citar
Neste segundo caso, há uma resistência à mudança de paradigmas porque gera instabilidade ao statu quo da classe dominante, mas não será um justo anseio dos que não fazem parte desta minoria?
Natureza humana não é "paradigma": é a natureza humana.
Não vá fazer como uns sociólogos (ou alguma outra profissão de humanas correlata – não captei muito bem qual a carteirinha profissional deles…) noruegueses que querem subordinar a biologia aos delírios sociológicos deles.
Obs: foi comentado no RéV se quiser ponho cá...
« Última modificação: 14 de Julho de 2017, 14:15:05 por Gorducho »

Offline Andarilho-terrestre

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #553 Online: 14 de Julho de 2017, 11:10:30 »
Para KARDEC os “tempos já eram chegados” em 1868! Além de ser extremamente tendencioso para “seu espiritismo” ser a  religião principal a dominar a regeneração:

“os homens progressistas se deparará nas idéias espíritas poderosa alavanca e o
ESPIRITISMO ACHARÁ, NOS NOVOS HOMENS, ESPÍRITOS INTEIRAMENTE DISPOSTOS a acolhê-lo.”

 “Pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas, pela amplitude de suas vistas, pela generalidade das questões que abrange, O ESPIRITISMO É MAIS APTO, DO QUE QUALQUER OUTRA DOUTRINA, a secundar o movimento de regeneração; por isso, é ele contemporâneo desse movimento.

 Surgiu NA HORA EM QUE PODIA SER DE UTILIDADE visto que também para ele OS TEMPOS SÃO CHEGADOS.

“34. Opera-se PRESENTEMENTE um desses movimentos gerais, destinados a realizar uma remodelação da Humanidade”

Os INCRÉDULOS rirão  :histeria:  destas coisas e as qualificarão de quiméricas; mas, digam o que disserem, não fugirão à lei comum; CAIRÃO A SEU TURNO, COMO OS OUTROS, e, então, que lhes acontecerá? Eles dizem: Nada! Viverão, no entanto, a despeito de si próprios e se verão, um dia, forçados a abrir os olho”
« Última modificação: 14 de Julho de 2017, 11:15:32 por Andarilho-terrestre-2 »

Offline Andarilho-terrestre

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #554 Online: 14 de Julho de 2017, 11:28:22 »
Não entendi! A thread, ou seja, o fio da meada, o tópico, por assim dizer, perde em qualidade com afirmativas bizarras, pois não fazem sentido e não integram o conteúdo doutrinário in, O Livro dos Espíritos e as obras complementares de ALuiz e Emmanuel.

Quanto ao EMMANUEL é o mesmo que identificou a besta apocalíptica 666  no livro "A Caminho da Luz" ?

“ Reza o Apocalipse que a besta poderia dizer grandezas e blasfêmias por 42 meses, acrescentando que o seu número era o 666 (Apoc. XIII, 5 e 18). Examinando-se a importância dos símbolos naquela época e seguindo o rumo certo das interpretações, podemos tomar cada mês como sendo de 30 anos, em vez de 30 dias, obtendo, desse modo, um período de 1260 anos comuns, justamente o período compreendido entre 610 e 1870, da nossa era, quando o Papado se consolidava, após o seu surgimento, com o imperador Focas, em 607, e o decreto da infalibilidade papal com Pio IX, em 1870, que assinalou a decadência e a ausência de autoridade do Vaticano, em face da evolução científica, filosófica e religiosa da Humanidade.
Quanto ao número 666, sem nos referirmos às interpretações com os números gregos, em seus valores, devemos recorrer aos algarismos romanos, em sua significação, por serem mais divulgados e conhecidos, explicando que é o Sumo-Pontífice da igreja romana quem usa os títulos de “VICARIVS GENERALIS DEI IN TERRIS”, “VICARIVS FILII DEI” e “DVX CLERI” que significam "Vigário-Geral de Deus na Terra", "Vigário do Filho de Deus" e “Príncipe do Clero".

Bastará ao estudioso um pequeno jogo de paciência  :histeria:      somando os algarismos romanos encontrados em cada titulo papal a fim de encontrar a mesma equação de 666, em cada um deles.

Vê-se, pois, que o Apocalipse de João tem singular importância para os destinos da Humanidade terrestre.”

Offline Gorducho

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #555 Online: 14 de Julho de 2017, 11:43:20 »
Ele coloca CX no mesmo pé que o Kardec; já admitiu isso.
Agora de fato aparentemente essa nova versão da "Regeneração" feita de cima pra baixo com degredo + imigração de almas-colonas não vem do CX.
Seria lavra do Divaldo :?: :?: :?:

#798 do mundo real
Le spiritisme deviendra-t-il une croyance vulgaire, ou restera-t-il le partage de quelques personnes ?
«Certainement :
quand les poules auront des dents il deviendra une croyance vulgaire, et il marquera une nouvelle ère dans l'histoire de l'humanité, parce qu'il est dans la nature et que le temps est venu où il doit prendre rang parmi les connaissances humaines ; cependant il aura de grandes luttes à soutenir, plus encore contre l'intérêt que contre la conviction, car il ne faut pas se dissimuler qu'il y a des gens intéressés à le combattre, les uns par amour-propre, les autres pour des causes toutes matérielles ; mais les contradicteurs se trouvant de plus en plus isolés seront bien forcés de penser comme tout le monde, sous peine de se rendre ridicules. »
« Última modificação: 14 de Julho de 2017, 11:58:39 por Gorducho »

Offline Andarilho-terrestre

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #556 Online: 14 de Julho de 2017, 11:52:13 »
Ele coloca CX no mesmo pé que o Kardec; já admitiu isso.
Agora de fato aparentemente essa nova versão da "Regeneração" feita de cima pra baixo com degredo + imigração de almas-colonas não vem do CX.
Parece-me ser lavra do Divaldo...  :?: :?: :?:
 

Divaldo "entrou na onda" com as tais crianças indigo, a estrela de alcione, mas já li algo parecido de Edgard Armond ( exilados da Capela).

Já participei de um curso de 1 ano do livro "A Caminho da Luz" -  e houve um certo "constrangimento" ao abordar o tema 666.  Alguns alunos protestaram e DISCORDARAM de Emmanuel revelando fatos positivos do papa da época (creio que João Paulo II).... e outros se renderam ao Emmanuel : por causa da "ENORME COINCIDÊNCIA dos cálculos apresentados  :histeria:"

OLHA ESSE "666" é uma piada: já ouvi falarem que é a Microsoft, outros que é o Whatsapp, Facebook,  banda de rock pauleira , celulares, a GOOGLE e essa do sábio Emmanuel (parece-me que plágiou isso de alguém, não me lembro agora, sabe disso Gorducho? )



Offline Gorducho

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #557 Online: 14 de Julho de 2017, 12:01:31 »
Sim mas os "exilados" não tem nada a ver com 2057.
Nesse ponto Sr. Spencer parece-me ter razão.
Nenhuma das fontes que ele considera canônicas - Kardec ou CX - adota essa versão 2.0

Offline Andarilho-terrestre

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #558 Online: 14 de Julho de 2017, 14:16:06 »
Sim mas os "exilados" não tem nada a ver com 2057.
Nesse ponto Sr. Spencer parece-me ter razão.
Nenhuma das fontes que ele considera canônicas - Kardec ou CX - adota essa versão 2.0
Achei uma fonte desse 2057: o EMMANUEL !

"Pergunta: O que a Doutrina Espírita pode dizer a respeito do fim dos tempos, isto é, como ocorrerá a transformação do planeta em planeta de provas e expiações para o de regeneração?

Resposta: Através da busca da espiritualização, superação das dores e construção de uma nova sociedade, a humanidade caminha para a regeneração das consciências.
Emmanuel afirma que a Terra será um mundo regenerado por volta de 2057. Cabe, a cada um, longa e árdua tarefa de ascensão. Trabalho e amor ao próximo com Jesus, este é o caminho."

(Observação: encontrei em um livro chamado PLANTÃO DE RESPOSTAS VOLUME II, contendo perguntas do Pinga Fogo de 71)...

 :!:


Offline Gorducho

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #559 Online: 14 de Julho de 2017, 14:31:11 »
Sim, mas ele não diz que essa "melhoria" vá ser feita via "limpeza étnica" - em sentido figurado  :!: claro que nada a ver com "raças" dos terrícolas - "moral".
NESTA versão 2.0 que anda sendo disseminada vão degredar almas daqui da Terra e importar almas-colonas desde regiões extra-solares.
Ou seja; é uma intervenção de cima pra baixo, que não implica que a humanidade tenha por méritos e esforços próprios evoluído (não evoluiu...) como era o sentido que o Kardec deu pra coisa.
Sr. Spencer obtemperou que ESTA versão 2.0 NÃO advém de fontes canônicas.
A priori me pareceu que ele tem razão.
« Última modificação: 14 de Julho de 2017, 14:56:13 por Gorducho »

Offline Gorducho

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #560 Online: 14 de Julho de 2017, 14:41:21 »
Cá ponho a matéria que lhe falei acima Sr. Spencer (é legendada).
Não é diretamente relacionada ao nosso tema pero asimismo es: querer moldar o real às teses e à Fé. É o mesmo tipo de mente daquela Criacionista cuja S/Pessoa lembrou ontem: querer ajustar o real ao que eu acho que deva ser. Ou ao que eu acho que seja melhor pra sociedade, e então criemos Crenças "socialmente úteis" à la Platão, ignorando o real externo.
E S/Pessoa me parece ter essa tendência, por isso tomo a liberdade de lhe alertar...
 

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #561 Online: 14 de Julho de 2017, 15:42:29 »
Esse documentário parece ser muito citado, e se não me engano, segue uma linha meio "pinkeriana" de "as pessoas tem muita resistência a aceitar a realidade biológica que clara e inequivocamente é esta, preferindo se reconfortar em negacionismos estapafúrdios como esses", mas, se bem me lembro (não revi recentemente), como é costumeiro, também incorre em simplificações que vão se aproximando de equivalentes ao lado negacionista contrastado.

<a href="https://www.youtube.com/v/-Hb3oe7-PJ8" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/-Hb3oe7-PJ8</a>

https://www.edge.org/3rd_culture/debate05/debate05_index.html










Debate interessante, desengatado pela infame declaração do Larry Summers por volta de 2005. O debate também se deu por volta daquela época.

Destaque para a contraposição ao Steven Pinker pela Elizabeth Spelke, também do departamento de psicologia de Harvard, uma vez que o lado homens-são-de-Marte-mulheres-são-de-Vênus da coisa é consideravelmente mais batido e mais abordado pela mídia.

http://mbb.harvard.edu/resources/pastnews2005.php

São três as possibilidades de vídeo, mas apenas essas duas valem a pena, a outra tem cerca de 1GB mas não compensa em qualidade.

http://mbb.harvard.edu/content/The_Science_of_Gender_and_Science.rm
(~200MB) - esse pode ser assistido "online", sem baixar, se tiver o plugin do real player ou equivalente, ou colando o link no programa em si.

http://mbb.harvard.edu/videos/spelke384K_Stream.mov
(~400MB)

Os slides das apresentações estão disponíveis aqui:

http://www.edge.org/3rd_culture/debate05/debate05_index.html

Mas os links para os vídeos desse último endereço não estão mais ativos.


Os slides resumem bem a apresentação, mas eles discorreram um pouco mais sobre cada ponto, e depois houve um breve debate.


A posição geral da Spelke não é de que não existam diferenças entre os sexos, mas que elas não parecem ser as causas das diferenças de representação das mulheres em áreas científicas. Outro ponto interessante ressaltado é que as diferenças existentes também não são exatamente como os chavões HSDMMSDV, "homens são sistematizadores, mulheres empatizadoras", "mulheres são verbais, homens são matemáticos", mas coisas mais sutis, como tendências a diferentes "estratégias" de raciocínio matemático.

Mais significativamente que essas diferenças, há as diferenças de percepção, "preconceitos", causando discriminação contra mulheres, mesmo quando as pessoas são totalmente contra esses preconceitos. Ela comenta estudos sobre como os pais, mesmo relatando que não tratam seus filhos bebês de forma diferente de acordo com o sexo, na verdade já o fazem de maneira consistente, de acordo com diversos estudos interessantes. Isso não acaba na infância, como alguns efeitos da influência dos pais na personalidade, mas provavelmente é algo que se mantém por toda a vida. E de fato, CVs idênticos dentro de uma variação média são avaliados diferentemente de acordo com o sexo. Um CV medíocre "é melhor" se for de um homem do que de uma mulher, algo que independe do avaliador ser homem ou mulher, interessantemente. Isso perde o efeito conforme o nível de qualificação aumenta, de qualquer forma; não é como se as pessoas sofressem total "alucinação"; o mesmo vale para reações não-ambiguas dos bebês.


Como na wikipédia: há influências culturais significativas nos papéis esperados de gênero e suas "subculturas", simplesmente não são redutíveis a diferenças inatas, inerentes ao dimorfismo sexual. Uma "construção" espontânea, não deliberada, ou não tão deliberada a ponto de ter algo equivalente a um banco central, ao menos em nível "macro", muito embora as pessoas naturalmente tendam a tentar agir em conformidade com o que é esperado do seu gênero, e nisso possa haver deliberação. Existe até alguma analogia com dinheiro no sentido de que, ao agir de certa forma esperada, você vai ser socialmente recompensado, ou punido. As pessoas são cientes disso e então deliberam sobre como agir para ter melhor sucesso social em seu meio.

De forma similar, mesmo diferenças entre pessoas do mesmo gênero em diferentes culturas ou ao longo das eras não são causadas por diferenças biológicas que evoluíram entre eles, mas por expectativas culturais diferentes. Americanos tem habilidade melhor do que brasileiros em arremessar objetos, e, nos estudos conduzidos entre eles (maior fração de W.E.I.R.D. people), é um traço "sexualmente dimórfico". Mas homens brasileiros arremessam "feito meninas", meninas americanas.

Mesmo a predisposição a competitividade pode ser culturalmente invertida:

Citar
http://freakonomics.com/podcast/women-are-not-men-a-new-freakonomics-radio-podcast/

...

GNEEZY: We thought that maybe a big and important difference is how willing men and women are to compete and how do they react to

GNEEZY: The first one is that culture is not really important. It’s the same story as my kids. We are born differently and we just react to this. And the alternative hypothesis is that when women are brought up in a culture in which dealing with money, making decisions is part of the daily routine and that’s what they observe as girls, they’re going to be just as competitive as men.

LECHTENBERG: And what did they find?

GNEEZY: And that’s what we found. We found that culture was extremely important.

LECHTENBERG: Before we delve into the results, remember how the game worked: players had two options. They could get paid x amount for every time they made a basket. Or, they could pick the more competitive option and get paid three times that amount if they did better than their anonymous opponent. So how did the Khasi people do? Fifty-four percent of Khasi women picked the more competitive option. Thirty-nine percent of Khasi men made the same choice. Khasi women were more likely to choose to compete than even the super-patriarchal Masai men we heard about earlier.

GNEEZY: So the implications are clear. It’s not that men and women are not born differently. I’m sure they are. And you can come up with good evolutionary stories about why men are more competitive than women. What we showed is that’s not the only factor that goes in, which again is not a big surprise, but the other factor, the culture is so big, can be so big that it can just overturn the results. So if you grow up in a matrilineal society, women are actually more competitive than men. So it can completely override any evolutionary explanation, any nature kind of reason. Nurture could be that big. And I think that’s the main result of this study is that in the right environment, women are going to be just as competitive as men.

...


Frisando: nada disso nega dimorfismo sexual, nem aquelas com potencial de afetar o comportamento ou capacidades cognitivas. O texto citado, apesar de no título se colocar como antagônico ao conceito, é na verdade plenamente compatível com a definição mais "fraca" da wikipedia:

"behavior is influenced by universal biological factors to some extent, with social conventions having a major effect on gendered behavior".

E a primeira frase/subtítulo do texto:

"É inteiramente possível que, enquanto o gênero em si não é construção social, algumas coisas associadas como papéis e expressões de gênero provavelmente sejam constructos sociais."


Tem algo disso que me lembra a "polêmica", de Pinker (em quem esse texto deve ter se baseado) dizer que as crianças "não aprendem" idiomas, ou que os pais não as ensinam, para uma versão sutilmente mas talvez significativamente mais fraca da afirmação. Evidentemente Pinker não acha que os idiomas sejam inatos, mas que aprender uma linguagem é algo inato, e, no caso de Pinker, que até mesmo alguns elementos como estruturas gramaticais universais seriam partes de um "órgão mental", dentre outros diversos que ele supõe existir. Acho que não é preciso ser nenhum relativista cultural hiper-progressista porra-louca para, apesar de concordar com haver elementos inatos na aquisição de linguagem, ainda achar ser mais próximo da realidade dizer que os pais ensinam seus filhos a falar, que a linguagem é algo cultural. Mesmo que o aprendizado dela fique rigidamente instalado na neuroanatomia individual, irremovível senão por lesão física.

Em ambos os casos, são termos que foram praticamente cunhados para se referir aos aspectos culturais e não a associações biológicas.


Sobre isso, e sobre também a parte de "tábula rasa" em geral:

Citar
http://facts4u.com/free/TheAlmostBlankSlate.pdf

The Almost Blank Slate
Making A Case For Human Nurture
HENRY D. SCHLINGER



In 2002, the psychologist Steven Pinker
appeared on the  New York Times bestseller list
with The Blank Slate: The Modern Denial of
Human Nature a book that attempts to catapult
the nature-nurture issue back into public debate,
while squarely coming down on the side of
human nature. I shall argue, however, that there
is overwhelming evidence that learning exerts
the most significant influence on human behav-
ior—a fact that is rarely acknowledged, publi-
cized or even understood. If anything, there is a
modern denial of human nurture, not human
nature.

...




Offline Gorducho

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #562 Online: 14 de Julho de 2017, 16:53:54 »
No caso dos "meu" documentário (Lavagem Cerebral do canal 1) é como diz a bióloga inglesa bem humorada quase no fim (do episódio que eu pus): seria espantoso que se dada a função maternal da mulher a natureza também não ajustasse o cérebro pra colaborar na tarefa.
Mas a questão toda é querer por política na ciência. Querer ajustar o real à ideologia.
Claro: é o princípio da Crença Útil do Platão e que norteia também a construção religiosa (como bem soube interpretar o Numa Pompílio).
« Última modificação: 14 de Julho de 2017, 16:59:41 por Gorducho »

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #563 Online: 14 de Julho de 2017, 17:10:34 »
Acho que é mais complicado que isso. Cérebros de taxistas são diferentes dos de malabaristas e de enxadristas, mas isso não é genético. E a gravidez muda o cérebro e níveis hormonais dos homens também, em direção a padrões mais femininos.

Esse raciocínio "seria sábio a natureza/Deus fazer isso", não só não é imediatamente prova do fato, como deixa em aberto o mecanismo exato pelo qual isso poderia ser atingido. Aparentemente são muito subestimados mecanismos de adaptação neuronal não-inata em narrativas mais genetico-centristas.

E também pode haver política motivando a minimização de fatores não-inatos, não somente em propor que estes sejam os únicos ou preponderantes.

../forum/topic=25478.0.html


Sem dúvida alguma existem diferenças sexuais em cérebros. Assim como existem diferenças profissionais entre cérebros, diferenças político-ideológicas entre cérebros, diferenças de "tribos urbanas" entre cérebros, diferenças idiomáticas entre cérebros. E, por extensão, até diferenças entre cérebros masculinos antes e depois de terem uma filha versus terem um filho.

https://www.scientificamerican.com/article/how-a-new-father-s-brain-changes/

http://www.telegraph.co.uk/women/mother-tongue/5377826/Fathers-of-daughters-become-more-left-wing-academics-claim.html

https://en.wikipedia.org/wiki/Biology_and_political_orientation
http://www.motherjones.com/politics/2013/02/brain-difference-democrats-republicans
Algumas coisas que achei motivado sobre aquilo das diferenças do cérebro do Einstein:


Citar
Navigation-related structural change in the hippocampi of taxi drivers

Eleanor A. Maguire,*† David G. Gadian,‡ Ingrid S. Johnsrude,† Catriona D. Good,† John Ashburner,† Richard S. J. Frackowiak,† and Christopher D. Frith†

Abstract

Structural MRIs of the brains of humans with extensive navigation experience, licensed London taxi drivers, were analyzed and compared with those of control subjects who did not drive taxis. The posterior hippocampi of taxi drivers were significantly larger relative to those of control subjects. A more anterior hippocampal region was larger in control subjects than in taxi drivers. Hippocampal volume correlated with the amount of time spent as a taxi driver (positively in the posterior and negatively in the anterior hippocampus). These data are in accordance with the idea that the posterior hippocampus stores a spatial representation of the environment and can expand regionally to accommodate elaboration of this representation in people with a high dependence on navigational skills. It seems that there is a capacity for local plastic change in the structure of the healthy adult human brain in response to environmental demands.


http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC18253




Citar

Training-Induced Brain Structure Changes in the Elderly

 Abstract

It has been suggested that learning is associated with a transient and highly selective increase in brain gray matter in healthy young volunteers. It is not clear whether and to what extent the aging brain is still able to exhibit such structural plasticity. We built on our original study, now focusing on healthy senior citizens. We observed that elderly persons were able to learn three-ball cascade juggling, but with less proficiency compared with 20-year-old adolescents. Similar to the young group, gray-matter changes in the older brain related to skill acquisition were observed in area hMT/V5 (middle temporal area of the visual cortex). In addition, elderly volunteers who learned to juggle showed transient increases in gray matter in the hippocampus on the left side and in the nucleus accumbens bilaterally.

http://www.jneurosci.org/content/28/28/7031.full



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Navigating the Auditory Scene: An Expert Role for the Hippocampus

Abstract

Over a typical career piano tuners spend tens of thousands of hours exploring a specialized acoustic environment. Tuning requires accurate perception and adjustment of beats in two-note chords that serve as a navigational device to move between points in previously learned acoustic scenes. It is a two-stage process that depends on the following: first, selective listening to beats within frequency windows, and, second, the subsequent use of those beats to navigate through a complex soundscape. The neuroanatomical substrates underlying brain specialization for such fundamental organization of sound scenes are unknown. Here, we demonstrate that professional piano tuners are significantly better than controls matched for age and musical ability on a psychophysical task simulating active listening to beats within frequency windows that is based on amplitude modulation rate discrimination. Tuners show a categorical increase in gray matter volume in the right frontal operculum and right superior temporal lobe. Tuners also show a striking enhancement of gray matter volume in the anterior hippocampus, parahippocampal gyrus, and superior temporal gyrus, and an increase in white matter volume in the posterior hippocampus as a function of years of tuning experience. The relationship with gray matter volume is sensitive to years of tuning experience and starting age but not actual age or level of musicality. Our findings support a role for a core set of regions in the hippocampus and superior temporal cortex in skilled exploration of complex sound scenes in which precise sound “templates” are encoded and consolidated into memory over time in an experience-dependent manner.


http://www.jneurosci.org/content/32/35/12251.short


Offline Gorducho

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #564 Online: 14 de Julho de 2017, 18:00:55 »
Por isso mesmo que devem ser feitos experimentos.
A compreensão do real deve ser baseada na experimentação e não em ideologias "úteis" (na opinião do ideólogo ou do hierofante que as concebe).
E, sim, foi o que os cientistas disseram: os hormônios influem. 

Offline AlienígenA

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #565 Online: 14 de Julho de 2017, 18:04:44 »
Quando digo que é digno de pena essa imaturidade psicoemocional é sincero, sem arrogância. Perder tempo procurando sentido para a vida em vez de dar sentido ao tempo de vida. Quanto desperdício! Enfim...
Caro Aliezim, a isto chamo raciocínio reducionista, que simplifica em poucas palavras a complexidade de uma ideia.

Por acaso não se pode usar o tempo para ambas as coisas? Não se pode definir prioridades na distribuição do tempo?

Você usou uma expressão importante, sim: dar sentido ao tempo de vida. :ok:

Mas nossa capacidade mental pode perfeitamente trabalhar num sentido sem desfazer do outro, mesmo porque acredito que exista profunda ligação entre uma coisa e outra: procurar o sentido da vida e dar sentido à própria vida. :ok:

Não se trata de reducionismo, mas de um resumo, numa frase, do que já foi debatido anteriormente.

Não há ligação, mas distanciamento entre as duas coisas. Dar sentido à vida é quase o oposto de procurar o sentido dela. Preste atenção no sentido de cada uma. No primeiro caso você assume a autoria da própria história, um papel ativo, não tem opção, conta apenas consigo mesmo, precisa ir à luta se quiser ter sucesso, seja lá o que signifique sucesso para você, porque não há tempo a perder. É agora ou nunca. No segundo, assume o papel de personagem, um papel passivo. Já experimentei ambas as formas de encarar a realidade, falo com conhecimento de causa. Olhe à sua volta e seja honesto, não comigo, mas consigo mesmo - a grande maioria das pessoas nutre alguma fé mística. Que papel você diria, sinceramente, que elas estão assumindo na vida? Frequentar um culto semanal, seja qual for, rezar por alguns minutos diariamente, seja como for, doar uns trapos velhos jogados no fundo do armário, um quilo de alimento, participar de um evento beneficente eventualmente, atribuir a cada um a culpa por sua própria sorte para se sentir melhor em vez de fazer algo a respeito é muito menos do que as pessoas poderiam fazer, não apenas pelos outros, mas por si mesmas. A fé grande parte das vezes torna as pessoas acomodadas, na primeira dificuldade, deixam na mão de deus, da sorte, do destino. É triste isso! Um desperdício sem fim de energia, tempo e dinheiro. O retorno não compensa.   

Offline Spencer

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #566 Online: 14 de Julho de 2017, 19:09:00 »
Cá ponho a matéria que lhe falei acima Sr. Spencer (é legendada).
Não é diretamente relacionada ao nosso tema pero asimismo es: querer moldar o real às teses e à Fé. É o mesmo tipo de mente daquela Criacionista cuja S/Pessoa lembrou ontem: querer ajustar o real ao que eu acho que deva ser. Ou ao que eu acho que seja melhor pra sociedade, e então criemos Crenças "socialmente úteis" à la Platão, ignorando o real externo.
E S/Pessoa me parece ter essa tendência, por isso tomo a liberdade de lhe alertar...

Não são crenças socialmente úteis, apenas.
Eu dizia que "uma assepsia mental" ou um "spa emocional", com outras palavras será exatamente o que seu cardiologista indicará ante seu colesterol alto, sua pressão irregular, etc.
Apenas acrescentei, ao lado destes sintomas de stress e descaso pela saúde, aquele comportamento atrabiliário, ou exageradamente competitivo, etc.

Offline Spencer

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #567 Online: 14 de Julho de 2017, 19:21:08 »
Citação de: Alienígena
Não se trata de reducionismo, mas de um resumo, numa frase, do que já foi debatido anteriormente.

Não há ligação, mas distanciamento entre as duas coisas. Dar sentido à vida é quase o oposto de procurar o sentido dela. Preste atenção no sentido de cada uma. No primeiro caso você assume a autoria da própria história, um papel ativo, não tem opção, conta apenas consigo mesmo, precisa ir à luta se quiser ter sucesso, seja lá o que signifique sucesso para você, porque não há tempo a perder. É agora ou nunca. No segundo, assume o papel de personagem, um papel passivo. Já experimentei ambas as formas de encarar a realidade, falo com conhecimento de causa. Olhe à sua volta e seja honesto, não comigo, mas consigo mesmo - a grande maioria das pessoas nutre alguma fé mística. Que papel você diria, sinceramente, que elas estão assumindo na vida? Frequentar um culto semanal, seja qual for, rezar por alguns minutos diariamente, seja como for, doar uns trapos velhos jogados no fundo do armário, um quilo de alimento, participar de um evento beneficente eventualmente, atribuir a cada um a culpa por sua própria sorte para se sentir melhor em vez de fazer algo a respeito é muito menos do que as pessoas poderiam fazer, não apenas pelos outros, mas por si mesmas. A fé grande parte das vezes torna as pessoas acomodadas, na primeira dificuldade, deixam na mão de deus, da sorte, do destino. É triste isso! Um desperdício sem fim de energia, tempo e dinheiro. O retorno não compensa.     

Vamos ver se chegamos a um lugar comum: habitualmente quando se diz "procurar, ou compreender, ou descobrir, o sentido da vída" é como se buscasse conhecer sua origem, destino, e papel dentro da vida... é uma abordagem macro, filosófica, digamos assim.
Dar sentido à própria vida é ação prática, adotada a cada dia, a cada momento e tem significado particular pois o vizinho pode buscar o mesmo, por vias diferentes.
Penso que qualquer dos dois, buscado com seriedade e método jamais será perda de tempo ou/e dinheiro.
« Última modificação: 14 de Julho de 2017, 19:23:43 por Spencer »

Offline Spencer

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #568 Online: 14 de Julho de 2017, 19:36:19 »
Por isso mesmo que devem ser feitos experimentos.
A compreensão do real deve ser baseada na experimentação e não em ideologias "úteis" (na opinião do ideólogo ou do hierofante que as concebe).
E, sim, foi o que os cientistas disseram: os hormônios influem.
Embora você tenha razão, que os hormônios influem; tem mais razão que imagina. Criaturas há para as quais os hormônios ditam o comportamento em amplo sentido. Costumam não ser nenhum exemplo a ser seguido.
A compreensão do real é diferente para cada pessoa pois depende da capacidade de crítica, de análise e experiência. Nem todos temos isto na mesma proporção, logo as percepções serão diferentes.
Ideologia tem pouco a ver, embora ajude.

Offline AlienígenA

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #569 Online: 14 de Julho de 2017, 21:24:20 »
Citação de: Alienígena
Não se trata de reducionismo, mas de um resumo, numa frase, do que já foi debatido anteriormente.

Não há ligação, mas distanciamento entre as duas coisas. Dar sentido à vida é quase o oposto de procurar o sentido dela. Preste atenção no sentido de cada uma. No primeiro caso você assume a autoria da própria história, um papel ativo, não tem opção, conta apenas consigo mesmo, precisa ir à luta se quiser ter sucesso, seja lá o que signifique sucesso para você, porque não há tempo a perder. É agora ou nunca. No segundo, assume o papel de personagem, um papel passivo. Já experimentei ambas as formas de encarar a realidade, falo com conhecimento de causa. Olhe à sua volta e seja honesto, não comigo, mas consigo mesmo - a grande maioria das pessoas nutre alguma fé mística. Que papel você diria, sinceramente, que elas estão assumindo na vida? Frequentar um culto semanal, seja qual for, rezar por alguns minutos diariamente, seja como for, doar uns trapos velhos jogados no fundo do armário, um quilo de alimento, participar de um evento beneficente eventualmente, atribuir a cada um a culpa por sua própria sorte para se sentir melhor em vez de fazer algo a respeito é muito menos do que as pessoas poderiam fazer, não apenas pelos outros, mas por si mesmas. A fé grande parte das vezes torna as pessoas acomodadas, na primeira dificuldade, deixam na mão de deus, da sorte, do destino. É triste isso! Um desperdício sem fim de energia, tempo e dinheiro. O retorno não compensa.     

Vamos ver se chegamos a um lugar comum: habitualmente quando se diz "procurar, ou compreender, ou descobrir, o sentido da vída" é como se buscasse conhecer sua origem, destino, e papel dentro da vida... é uma abordagem macro, filosófica, digamos assim.
Dar sentido à própria vida é ação prática, adotada a cada dia, a cada momento e tem significado particular pois o vizinho pode buscar o mesmo, por vias diferentes.
Penso que qualquer dos dois, buscado com seriedade e método jamais será perda de tempo ou/e dinheiro.

A filosofia de vida interfere, com frequência, determina o estilo de vida. Veja, não estou dizendo que seja impossível, apenas que, diferente do que acreditam e pregam as pessoas místicas, buscar o sentido da vida não é a melhor forma de dar sentido a vida, longe disso. É, com frequência, um dificultador, pelo que se observa. As pessoas consomem um tempo precioso, muitas vezes, uma vida inteira, buscando em como gostariam que as coisas fossem o conforto para como elas realmente são. Vivem em conflito com a realidade porque ela simplesmente não se adéqua às suas expectativas. Um peso extra que serve apenas para consumir energia inutilmente. 

Offline Spencer

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #570 Online: 15 de Julho de 2017, 01:23:53 »
Citação de: Alienígena
Não se trata de reducionismo, mas de um resumo, numa frase, do que já foi debatido anteriormente.

Não há ligação, mas distanciamento entre as duas coisas. Dar sentido à vida é quase o oposto de procurar o sentido dela. Preste atenção no sentido de cada uma. No primeiro caso você assume a autoria da própria história, um papel ativo, não tem opção, conta apenas consigo mesmo, precisa ir à luta se quiser ter sucesso, seja lá o que signifique sucesso para você, porque não há tempo a perder. É agora ou nunca. No segundo, assume o papel de personagem, um papel passivo. Já experimentei ambas as formas de encarar a realidade, falo com conhecimento de causa. Olhe à sua volta e seja honesto, não comigo, mas consigo mesmo - a grande maioria das pessoas nutre alguma fé mística. Que papel você diria, sinceramente, que elas estão assumindo na vida? Frequentar um culto semanal, seja qual for, rezar por alguns minutos diariamente, seja como for, doar uns trapos velhos jogados no fundo do armário, um quilo de alimento, participar de um evento beneficente eventualmente, atribuir a cada um a culpa por sua própria sorte para se sentir melhor em vez de fazer algo a respeito é muito menos do que as pessoas poderiam fazer, não apenas pelos outros, mas por si mesmas. A fé grande parte das vezes torna as pessoas acomodadas, na primeira dificuldade, deixam na mão de deus, da sorte, do destino. É triste isso! Um desperdício sem fim de energia, tempo e dinheiro. O retorno não compensa.     

Vamos ver se chegamos a um lugar comum: habitualmente quando se diz "procurar, ou compreender, ou descobrir, o sentido da vída" é como se buscasse conhecer sua origem, destino, e papel dentro da vida... é uma abordagem macro, filosófica, digamos assim.
Dar sentido à própria vida é ação prática, adotada a cada dia, a cada momento e tem significado particular pois o vizinho pode buscar o mesmo, por vias diferentes.
Penso que qualquer dos dois, buscado com seriedade e método jamais será perda de tempo ou/e dinheiro.

A filosofia de vida interfere, com frequência, determina o estilo de vida. Veja, não estou dizendo que seja impossível, apenas que, diferente do que acreditam e pregam as pessoas místicas, buscar o sentido da vida não é a melhor forma de dar sentido a vida, longe disso. É, com frequência, um dificultador, pelo que se observa. As pessoas consomem um tempo precioso, muitas vezes, uma vida inteira, buscando em como gostariam que as coisas fossem o conforto para como elas realmente são. Vivem em conflito com a realidade porque ela simplesmente não se adéqua às suas expectativas. Um peso extra que serve apenas para consumir energia inutilmente.
Não sei. Acho que temos entendimento diferente do que seja buscar o sentido da vida. O personagem que vc cria, às vezes, para comparação é extremado, tipo, "passa  a vida a fazer isso ou aquilo". Este tipo existe, mas não é comum.

Offline Gorducho

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #571 Online: 15 de Julho de 2017, 09:32:18 »
Embora você tenha razão, que os hormônios influem; tem mais razão que imagina.
Vê a diferença de posturas que justo ando querendo lhe mostrar :?:
Não sou eu - MechEng e por hobby PP capisci :?: - quem “tem razão” nem “imagina”. É o cara pesquisador do Trinity  (Simon Baron-Cohen aos 23:00).
Só que o ideólogo tem mesmo essa postura: ele “imagina” o que ele acha seja o melhor pra sociedade, e depois sai transpondo a imaginação utilitária (do ponto de vista dele, claro) pro real. Quer moldar a realidade aos devaneios da mente dele (ideólogo).
Citar
A compreensão do real é diferente para cada pessoa pois depende da capacidade de crítica, de análise e experiência. Nem todos temos isto na mesma proporção, logo as percepções serão diferentes.
Ideologia tem pouco a ver, embora ajude.
Ideologia – aí se inclui as religiões, claro – tem tudo a ver neste nosso contexto. Aquelas pessoas QUEREM porque QUEREM –  simples assim – que os cérebros - palavra usada pelo cara se bem me lembro; ou talvez seja melhor dizer as mentes :?: - de mulheres e homens sejam 100% iguais. Então ficam completamente cegas pra todo real externo que falseie a ideologia (interna à mente) delas.
Idem no caso do Kardec pois a reencarnação romântica (i.e.: a reencarnação kardecista com todos dogmas a ela afixados) tinha por finalidade propiciar justiça social e as fontes dele tinham sido justo esses socialistas religiosos (depois ridicularizados como "utópicos" pelo Marx). 
Meu objetivo é fazer S/Pessoa perceber isso.
« Última modificação: 15 de Julho de 2017, 11:21:59 por Gorducho »

Offline AlienígenA

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #572 Online: 15 de Julho de 2017, 12:03:34 »
Citação de: Alienígena
Não se trata de reducionismo, mas de um resumo, numa frase, do que já foi debatido anteriormente.

Não há ligação, mas distanciamento entre as duas coisas. Dar sentido à vida é quase o oposto de procurar o sentido dela. Preste atenção no sentido de cada uma. No primeiro caso você assume a autoria da própria história, um papel ativo, não tem opção, conta apenas consigo mesmo, precisa ir à luta se quiser ter sucesso, seja lá o que signifique sucesso para você, porque não há tempo a perder. É agora ou nunca. No segundo, assume o papel de personagem, um papel passivo. Já experimentei ambas as formas de encarar a realidade, falo com conhecimento de causa. Olhe à sua volta e seja honesto, não comigo, mas consigo mesmo - a grande maioria das pessoas nutre alguma fé mística. Que papel você diria, sinceramente, que elas estão assumindo na vida? Frequentar um culto semanal, seja qual for, rezar por alguns minutos diariamente, seja como for, doar uns trapos velhos jogados no fundo do armário, um quilo de alimento, participar de um evento beneficente eventualmente, atribuir a cada um a culpa por sua própria sorte para se sentir melhor em vez de fazer algo a respeito é muito menos do que as pessoas poderiam fazer, não apenas pelos outros, mas por si mesmas. A fé grande parte das vezes torna as pessoas acomodadas, na primeira dificuldade, deixam na mão de deus, da sorte, do destino. É triste isso! Um desperdício sem fim de energia, tempo e dinheiro. O retorno não compensa.     

Vamos ver se chegamos a um lugar comum: habitualmente quando se diz "procurar, ou compreender, ou descobrir, o sentido da vída" é como se buscasse conhecer sua origem, destino, e papel dentro da vida... é uma abordagem macro, filosófica, digamos assim.
Dar sentido à própria vida é ação prática, adotada a cada dia, a cada momento e tem significado particular pois o vizinho pode buscar o mesmo, por vias diferentes.
Penso que qualquer dos dois, buscado com seriedade e método jamais será perda de tempo ou/e dinheiro.

A filosofia de vida interfere, com frequência, determina o estilo de vida. Veja, não estou dizendo que seja impossível, apenas que, diferente do que acreditam e pregam as pessoas místicas, buscar o sentido da vida não é a melhor forma de dar sentido a vida, longe disso. É, com frequência, um dificultador, pelo que se observa. As pessoas consomem um tempo precioso, muitas vezes, uma vida inteira, buscando em como gostariam que as coisas fossem o conforto para como elas realmente são. Vivem em conflito com a realidade porque ela simplesmente não se adéqua às suas expectativas. Um peso extra que serve apenas para consumir energia inutilmente.
Não sei. Acho que temos entendimento diferente do que seja buscar o sentido da vida. O personagem que vc cria, às vezes, para comparação é extremado, tipo, "passa  a vida a fazer isso ou aquilo". Este tipo existe, mas não é comum.

Não, não me refiro aos extremados. Tenho pouco contato com esses tipos. Falo de gente comum. Católicos praticantes ou não com um viés espírita ou espíritas com um viés católico são os que mais conheço. Não é que as pessoas "passem a vida toda a fazer algo" mas a crença mística, qualquer que seja, vem carregada de superstições, ideias pré concebidas que interferem no dia a dia, no comportamento, nas relações, no julgamento. Não é como se a crença fosse uma parte isolada da vida do sujeito, ela permeia a vida, a filosofia de vida, sua forma de interpretar a realidade, os fatos e eventos quotidianos, suas ações. Para dar um exemplo que você citou em outro tópico - quando eu olho para o negrinho, pele e osso, da Namíbia, nem de longe me passa pela mente que a culpa pela própria sorte é dele, porque numa vida passada deve ter sido um nazista, um comunista ou sei lá quê. Isso, do meu ponto de vista, não transparece compaixão nem generosidade, é uma forma meio cruel até de interpretar a realidade, quando não há o menor indício disso. Pode até trazer algum conforto psicológico, não nego. Se pensasse dessa forma talvez eu fosse, não insensível porque tenho empatia, mas menos sensível às mazelas do mundo, não sei. Não me parece que seja algo compensador, de qualquer forma. 

Offline AlienígenA

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #573 Online: 15 de Julho de 2017, 12:25:39 »
Embora você tenha razão, que os hormônios influem; tem mais razão que imagina.
Vê a diferença de posturas que justo ando querendo lhe mostrar :?:
Não sou eu - MechEng e por hobby PP capisci :?: - quem “tem razão” nem “imagina”. É o cara pesquisador do Trinity  (Simon Baron-Cohen aos 23:00).
Só que o ideólogo tem mesmo essa postura: ele “imagina” o que ele acha seja o melhor pra sociedade, e depois sai transpondo a imaginação utilitária (do ponto de vista dele, claro) pro real. Quer moldar a realidade aos devaneios da mente dele (ideólogo).

Todos nós, de certa forma, em maior ou menor grau, queremos moldar a sociedade ao que consideramos melhor, mais seguro, mais justo. Quando concordamos, discordamos, questionamos, criticamos hábitos, costumes, leis é o que estamos fazendo. Só vejo problemas quando se pretende fazer o uso da força para impor ideias. No mais, qualquer bobagem é válida, desde que pelo convencimento. Cabe ao outro lado fazer o contraponto. Na boa, trocava nossos problemas pelos dos noruegueses fácil, fácil! Ainda devolvia troco. Ôh! :/

Offline Spencer

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Re:Que Deus abençoe o Ceticismo
« Resposta #574 Online: 15 de Julho de 2017, 13:17:14 »
Citação de: Spencer
Não sei. Acho que temos entendimento diferente do que seja buscar o sentido da vida. O personagem que vc cria, às vezes, para comparação é extremado, tipo, "passa  a vida a fazer isso ou aquilo". Este tipo existe, mas não é comum.

Citação de: AlienígenaA
   mas a crença mística, qualquer que seja, vem carregada de superstições, ideias pré concebidas que interferem no dia a dia, no comportamento, nas relações, no julgamento. Não é como se a crença fosse uma parte isolada da vida do sujeito, ela permeia a vida, a filosofia de vida, sua forma de interpretar a realidade, os fatos e eventos quotidianos, suas ações.
Grande Alien, tomei a liberdade de excluir parcialmente uma parte desta sua consideração acima. Isto porque, afora aquilo sua consideração é perfeita.
É verdade que as pessoas que têm, sinceramente, um tipo de fé qualquer vai impregnar todos os seus atos e pensamentos com aquela crença.
Se conseguirmos excluir do meio destas pessoas os radicais e fanáticos, abençoadas sejam elas.
Por que? Fazem a diferença em muitos ambientes, seja moderando e apaziguando, quanto promovendo a promoção social e a integração.
Mas fique claro que não é somente este tipo de pessoa, pois sempre se escandalizam os céticos e ateus por se verem excluídos no tocante à pratica do Bem. Nada disto, pois essas coisas têm muito a ver com o caráter, bondade e sensibilidade, e não exclusivamente com a religiosidade., 

Citação de: AlienígenaA
Para dar um exemplo que você citou em outro tópico - quando eu olho para o negrinho, pele e osso, da Namíbia, nem de longe me passa pela mente que a culpa pela própria sorte é dele, porque numa vida passada deve ter sido um nazista, um comunista ou sei lá quê. Isso, do meu ponto de vista, não transparece compaixão nem generosidade, é uma forma meio cruel até de interpretar a realidade, quando não há o menor indício disso. Pode até trazer algum conforto psicológico, não nego. Se pensasse dessa forma talvez eu fosse, não insensível porque tenho empatia, mas menos sensível às mazelas do mundo, não sei. Não me parece que seja algo compensador, de qualquer forma. 
Este seu modo de ver é um erro comum entre os que conhecem apenas superficialmente a tese reencarnacionista da Doutrina dos Espíritos.

Mesmo perante a lei de causa e efeito, a compaixão é essencial, independente de qual seja a razão do sofrimento alheio.
Isto porque os que não estão debaixo das dores mais intensas agora, já estiveram no passado ou terão pela frente.
Ninguém em sã consciência tem o direito de julgar o semelhante pois sabemos, pela DE, que o vício, o crime e as paixões doentias fizeram parte de nossa caminhada no passado. Assim, somos todos, grandes devedores perante a humanidade.
Claro, segundo o entendimento espiritista.

 

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